Terça-feira, 9 de julho de 2019 - 06h05
CRISE NO MDB: CONFÚCIO DÁ CHIBATADA GRAMATICAL NO SEU PARTIDO E JÁ ESTÁ COM UM PÉ FORA
Confúcio Moura é sutil. Não tem a agressividade troglodita de alguns políticos, mas bate firme com elegância e palavreado dos mais rebuscados. Até quando critica, parece que o está fazendo poeticamente. Mas, que ninguém se engane! A chibatada gramatical dói do mesmo jeito! Em seu blog, no domingo, o ex governador e agora senador por oito anos, criticou seu próprio partido. Não só em nível nacional (“dias atrás, em Goiás, expulsou dois queridos prefeitos, o de Rio Verde e o de Catalão. Porque eles, de boa fé, não mais quiserem seguir trincas passadistas, nas eleições pretéritas”). Ou seja bateu firme contra a expulsão de prefeitos que não toparam o jeito de fazer política do ainda maior partido do país. Criticou muito, também, mesmo com a seleção a dedo das palavras, a situação do partido em Rondônia. Vejam só: “por aqui, nosso Estado, vem vindo cansado, na mesma toada. Que nem fosse um carro-de-boi, com três juntas pareadas, encangadas. Carregado de antiguidades, como algumas brotações de mudas vegetando, espremidas aqui e ali”. Traduzindo: está insatisfeito e com um pé fora do partido, onde militou a vida toda. Confúcio Moura foi mais longe: “Saudades dos outros tempos. Confesso, só saudades. Saudades! Foram saindo: Thiago Flores e agora, Armando (Seringueiras), Chiquinho da Emater, Rosângela Donadon, Ezequiel Neiva. Os três últimos precisavam ganhar as eleições para Deputado. Ganharam. Mas, em outros times. Salvaram-se”. Mais adiante, aconselhou, do alto da sua enorme experiência política: “poderia puxar o seu jeito velho, para ser moderno, para ser Século XXI, abrindo suas porteiras para as novas gerações, para quem quiser entrar. Se deixar fluir, instruir, para, pelo menos, dar exemplo de ser menos cartorial, paroquial, feudal, patrimonial, coloquial, confessional”.
A crise no MDB rondoniense, que essa coluna antecipou há várias semanas, se acentua. O atual grupo dirigente tem ainda mais dois anos e meio no poder. E o grupo dos que estão com Confúcio está alijado do comando. Foi por isso, também, que o ex chefe da Casa Civil, Emerson Castro, (será acaso, apenas?) no mesmo dia publicou um desabafo, pedindo que Confúcio saia do MDB. “Dr. Confúcio: saia desse partido!”. E acrescentou: “é insuportável viver em um ambiente cujo apego ao controle das castas que administram esse partido, é maior que o ego dos donos”. Emerson lembra da agressão que sofreu na convenção do partido que escolheu os candidatos para 2018: “o tapa que recebi, por defender o “D” da Democracia, foi, para mim, o rompimento da nesga de bem querer e motivação que eu ainda tinha por esse partido. Saia, Dr, Confúcio Moura. Esse partido não lhe merece!”. A atual direção, que oficialmente tem na presidência o ex prefeito de Porto Velho Tomás Corrêa, afirma que não há crise no partido. Obviamente que há. Confúcio está com um pé fora e, se sair, leva consigo dezenas de lideranças. Será que ainda tem espaço para uma tentativa de conciliação entre os emedebistas?
OS MADEIREIROS E OS ASSASSINOS
Por falar nisso, até agora não há pistas sobre quem realmente incendiou o caminhão do Ibama que levava combustível para o helicóptero do órgão e da Polícia Federal, que fiscalizavam a ação de invasores numa área indígena, próximo à Reserva Roosevelt, em Espigão do Oeste, na semana passada. Embora sem qualquer prova, a PF e o Ibama teriam informado que foram madeireiros os responsáveis pelo incêndio, inclusive numa versão que foi divulgada por toda a mídia local e nacional. O que há de concreto de que foram os denunciados, os autores do crime? A Associação dos Madeireiros inclusive emitiu nota oficial, repudiando as acusações, protestando contra elas e contra as represálias que, sem qualquer fundamento, já foram tomadas contra empresas da região. Ou seja, mais uma vez, em ações ambientais, a Polícia Federal e o Ibama decidiram, acusaram e condenaram, sem sequer dar direito à defesa dos acusados. É a antítese, por exemplo, do caso da morte terrível de 29 garimpeiros, assassinados brutalmente a tiros e golpes de tacape dentro da Reserva Roosevelt, em 2004 e que, nesse caso, mesmo os matadores sendo conhecidos, nenhum foi sequer denunciado. Daí não há pressa de achar culpados. Já quando os suspeitos são madeireiros, mesmo em crimes menores, o tratamento é outro. Deu pra entender?
CADÊ O DIAMANTE QUE ESTAVA AQUI?
Aliás, falando na Reserva Roosevelt, aquela mesma área indígena onde existe uma das maiores minas de diamantes do mundo, lembram-se que todas as autoridades, dos governos federal e estadual à Polícia Federal e a todos os órgãos de controle, garantem que de lá não sai nenhuma peça contrabandeada? Lá mesmo, onde todos garantem que é uma área fechada ao acesso de criminosos, de garimpeiros de ladrões que possam extrair diamantes ilegalmente? Pois foi nessa área “inexpugnável”, segundo alardeiam nossas queridas autoridades, que foram retiradas, numa tacada só, quase 500 pedras de diamantes, num valor financeiro enorme. Na verdade, são 470 pedras. Todas saíram de Roosevelt na maior moleza, até porque nenhum outro local teria tantas pedras preciosas. Estavam com dois homens, um ex servidor da Assembleia Legislativa do Mato Grosso e outro parceiro dele, que também levava dezenas de pedras. É impressionante que autoridades de todos os níveis continuem garantindo que não há contrabandistas agindo na área, porque a região está muito bem vigiada. E eles não ficam nem ruborizados, dizendo essa aberração. Então, para se recompor a verdade: os garimpeiros ilegais, os ladrões e os contrabandistas estão sim agindo na Roosevelt. O resto é conversa pra boi dormir.
RESPEITE-SE A OPÇÃO DE CANDEIAS
Há que se respeitar o resultado de qualquer eleição, concorde-se ou não com ele. O que se pode cobrar eventualmente, é que o eleitor tenha tido oportunidade de escolher um nome melhor preparado para a função e não o fez, arcando ele e toda a coletividade com uma eventual opção errada. Por isso, não há como concordar, plenamente, mas apenas em parte, com os críticos que consideraram a eleição na pequena Candeias do Jamari vizinha a Porto Velho, como um desses erros. É verdade que havia na disputa o nome do ex deputado Ribamar Araújo, um ficha limpíssima e uma vida pública ilibada. Mas o eleitor achou que isso não era suficiente e optou por manter no cargo o então presidente da Câmara Municipal e prefeito interino, Lucivaldo Fabrício, para completar o mandato que ainda resta de Luiz Ikineuchi, que foi cassado. Fabricio ganhou fácil a eleição, deixando Valteir Queiroz em segundo e Ribamar em terceiro. A torcida é que o novo Prefeito consiga unir todas as forças políticas de Candeias, sempre em conflito e que realize um bom governo. A cidade, pequena e problemática, há muito tempo vive muito mais dos confrontos da política do que das realizações em benefício de todos. Está na hora de mudar esse quadro.
EM DEFESA DO MINISTRO
Gente da pesada, do alto da política local e nacional, não concordou com as duras críticas feitas por um servidor de órgão ambiental do Governo do Estado, contra o ministro Ricardo Salles, publicado aqui nesse espaço, no último domingo, com o aval do titular dessas mal traçadas. Importante personagem do PSL regional, afirmou que “o ministro Ricardo Sales é um homem totalmente alinhado com os interesses do Presidente Bolsonaro. Ocorre que nos governos passados, o PT invadiu o Ministério do Meio Ambiente e hoje existem muitos esquerdistas de carreira no Ibama. Precisamos dar tempo ao Ministro, para que ele instaure os devidos processos e resolva os problemas”. Há, dentro do Ibama, um grande grupo que determina os rumos do órgão, que decide e que inclusive ignora ordens superiores, como se o governo continuasse sendo o do PT e seus aliados da esquerda. Sales já poderia ter tomado medidas mais duras, para acabar com essa esculhambação dentro do importante órgão, mas até agora praticamente não fez nada. Isso tem gerado muito descontentamento entre os que querem uma mudança profunda nos atos do Ibama, tirando-o das mãos da esquerda e da parceria umbilical com as ONGs internacionais, que mandam e desmandam na Amazônia, por exemplo. Vamos ver quanto tempo o Ministro vai demorar para fazer a depuração necessária no Ibama, tanto em nível nacional quanto o de Rondônia.
TRANSPOSIÇÃO: MAIS DOIS MESES
Conforme a coluna divulgou em primeira mão, no final de semana, os servidores do Estado, que ainda quiserem optar pela transposição, terão um prazo bem mais amplo para poderem fazer seus cadastros. O Dia D era a sexta-feira passada, dia 28 de junho. Em Porto Velho, dezenas e dezenas de funcionários que ainda tentavam fazer a opção, passaram a noite em enormes filas, com muitos deles deixando de ser atendidos, porque não havia estrutura para se registrar tanta gente em tão pouco tempo. Na nesta sexta, uma ação do governador Marcos Rocha resolveu o problema. Em Brasília, ele conseguiu falar com o presidente Jair Bolsonaro e com o chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, na tentativa de encontrar uma solução para o caso. O comandante geral do governo topou na hora. Bolsonaro pediu que Lorenzoni e outros assessores se envolvessem na busca de uma alternativa que permitisse a extensão do período em que os servidores poderiam optar pela transposição para os quadros da União. Ainda no final de semana, Marcos Rocha pode anunciar que foi autorizado um prazo de mais dois meses para que todos possam ser atendidos com tranquilidade. Com o aval do Planalto.
PREÇO DO GÁS: MENOS 40 POR CENTO
Uma grande noticia para o consumidor brasileiro, que vai certamente também chegar em Rondônia em pouco tempo. Foi dado um passo decisivo para o fim do monopólio da produção de gás no país, abrindo a perspectiva de que, com a futura concorrência, poderá cair muito o preço do combustível consumido em milhões e milhões de casas em todo o Brasil. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) homologou, por unanimidade, acordo com a Petrobras para estimular a concorrência no mercado de gás natural e, consequentemente, promover uma abertura no setor. O presidente do Cade e relator do processo, Alexandre Barreto de Souza, disse que o acordo vai ampliar o mercado de gás natural "a novos agentes econômicos e a investimentos nacionais e internacionais, em vários níveis da cadeira produtiva". A meta é que o novo sistema esteja funcionando a partir de 2021. A decisão do Cade oficializa um acordo que é considerado pelo governo federal como um ponto essencial para a abertura do mercado de gás e para a redução dos preços. Com a quebra do monopólio, o preço da botija pode cair até 40 por cento, segundo estudos iniciais. Uma botija que hoje custa em torno de 80 reais, passaria a custar algo em torno de 48 reais.
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