Terça-feira, 14 de abril de 2020 - 06h02
FESTA TRANSMITIU O CORONA VÍRUS PARA 30 PESSOAS E PODE CONTAMINAR
MILHARES EM PORTO VELHO
O número de contaminados pelo corona vírus deu um salto, apenas em Porto
Velho, nesta segunda. Até a noite de domingo, eram apenas 42 os casos que haviam
sido detectados com a doença, incluindo os do interior do Estado. No início da
noite da segunda, esse número já estava beirando os 80 e caminhando para 100,
deixando de cabelos em pé os responsáveis pela saúde pública. E ao menos 30
destas pessoas, com casos já confirmados, participaram de uma grande festa,
realizada no centro da cidade, no sábado, dia 4 de abril, onde um ou mais de um
dos participantes estavam com o vírus e passaram para dezenas. Podem haver
ainda muito mais casos, a partir dessa festa, feita já quando os cuidados
contra a doença exigiam o isolamento. As más notícias não param por aí. Uma pessoa
presente ao evento confidenciou à coluna que muitos dos participantes à
comemoração, infelizmente, eram médicos, enfermeiros e outros profissionais da
área da saúde, exatamente os que têm as maiores informações sobre os riscos de
transmissão da doença. Reuniões, agrupamentos, festas, comemorações e até
velórios são ocorrência onde há enorme risco de transmissão do vírus. A festa
realizada no sábado, dia 4 passado, reuniu um grande numero de amigos, muitos
trocando apertos de mão, abraços e confraternizando, numa aglomeração que é um
verdadeiro centro de enorme risco para que o perigoso vírus. Ali, ele encontrou
o local e o grupamento certo para se disseminar.
Nesta segunda-feira, noite adentro, equipes da saúde estavam tentando
levantar maiores informações sobre a reunião festiva e, ao mesmo tempo, com
alto risco. Pelo menos 30 pessoas que estiveram no encontro já tiveram seus
exames confirmados como positivos. Agora, a batalha é descobrir todos os
presentes, saber quais dentre eles, ainda não examinados, podem estar com o
vírus e os contatos familiares e pessoais de cada um. Como cada pessoa
contaminado pode, potencialmente, passar o vírus para outras 18 pessoas, apenas
entre as 30 já haveria preocupação, principalmente, com 540 porto velhenses passíveis
de ter a doença. E se cada um doa 540 a passarem para outros 18, seriam 9.720
os atingidos. Ou seja, uma festa feita numa hora errada, contra todas as
orientações sobre proibição de aglomerações e ainda com a presença de
gente da área da saúde, pode desencadear uma cadeia de contágio que pode
atingir milhares de pessoas. Exatamente numa cidade onde o corona vírus estava
sob controle e o número de casos era o menor do país. Agora, não se sabe o que
pode acontecer nos próximos dias. Lamentável!
UM ANO DA PAU OCO: DANIEL AINDA PROTESTA
O ex governador Daniel Pereira não se cala, quando se trata da Operação
Pau Oco. Ela aconteceu em 12 de abril do ano passado e o envolveu, como acusado
num pretenso esquema de corrupção durante seu mandato como governador, no final
de 2018. Desde o primeiro momento, Daniel contestou a ação, a prisão de algumas
pessoas que atuavam na Sedam à época (pessoas inclusive da confiança e amizade
dele) e se dizia vítima de um complô. Nestes doze meses, sempre que instado a
falar sobre o assunto, ele contestou a ação e a forma como foi tratado, ele e
sua família, em sua própria casa, durante a ação policial autorizada pela
Justiça. Meses depois da Pau Oco, começaram a aparecer na mídia algumas
gravações de delegados e pelo menos um membro do Ministério Público, colocando
sob suspeita todo o procedimento. Daniel lembra, aliás, que tanto os delegados
envolvidos na operação como o representante do Ministério Público foram
afastados do caso. Jamais o seriam, sublinha, se tudo nela tivesse sido feito
corretamente. Também protestou contra o fato do processo ter sido mandado ao
STJ, através de uma legislação já cancelada pelo STF há longo tempo. Diz que
quem deveria estar dando explicações agora são membros da polícia, do
Ministério Público e do Judiciário e reafirmou que foi vítima de uma armação,
praticada “por uma organização criminosa” que, segundo ele, “agia dentro da
polícia”. O caso, tanto tempo depois, ainda ferve.
ECONOMIA NA UTI, SEM RESPIRADOR
Nessa semana, em Rondônia, alguns prefeitos começam a afrouxar algumas
medidas de isolamento, desde que dentro do que determina o decreto de
calamidade pública do governo. Ariquemes tentou, mas a Justiça não permitiu.
Decisão do TJ considerou que as decisões da saúde mundial estão acima das
decisões locais, como as do governo de Rondônia. Ji-Paraná e Vilhena também
cancelaram vários itens dos decretos anteriores, permitindo a abertura de parte
do comércio. Claro que os dois casos também vão bater nos tribunais, porque,
nesse momento, quem está mandando no país é o Judiciário, que tem impedido
medidas tomadas tanto em nível federal, quanto estadual e municipal, para
afrouxar um pouco a calamidade pública e permitir que parte das pessoas voltem
a trabalhar, para poderem comer. Não se sabe, no correr do caso, quem realmente
está certo. Só o futuro dirá se os que defendem o isolamento total estavam
corretos, mesmo que o Pais quebre ou se os que pensam o contrário é quem
estavam com a razão. Em breve saberemos também se a decisão de afrouxar os decretos
de calamidade, em algumas cidades (se a Justiça deixar) foi um risco corrido em
vão ou se foi feito o mais certo, para que a economia brasileira não morra na
UTI, sem respirador!
ESCOLA DO LEGISLATIVO E AS CESTAS BÁSICAS
Um dos muitos exemplos de solidariedade e amor ao próximo está sendo
dado pela Escola do Legislativo. Trabalhadores do mercado informal, receberão
apoio enquanto durar a crise do corona vírus, para terem o que comer. A Escola
do Legislativo vai realizar uma grande campanha de coleta de cestas básicas,
para serem distribuídas exatamente entre as famílias mais necessitadas. O
diretor da Escola, Fábio Ribeiro, diz que a arrecadação começa logo e que todas
as cestas básicas recolhidas serão distribuídas àquelas pessoas que, sem ter qualquer
renda, estão prestes a passarem fome. A iniciativa tem apoio do presidente
Laerte Gomes, da Mesa Diretora e de todos os parlamentares. A Escola já tem uma
relação de famílias cadastradas, que passarão a receber os alimentos o mais
urgente possível.
EMPRESAS: A TEORIA SE ENCONTRA COM A REALIDADE
Vai começar a bater o desespero. Nos próximos dias, quando as empresas
tiverem que começar a fazer os pagamentos das suas contas (algumas não
conseguiram ainda honrar o salário dos funcionários, parados há cerca de um
mês), a teoria vai se encontrar com a prática. Ou seja, o isolamento exigido
pelas autoridades sanitárias vai começar, claramente, a mostrar sua outra
faceta, em direção ao quebra-quebra de empresas, principalmente se a crise do
corona vírus continuar por mais algumas semanas ou meses. Duas entidades
patronais – a Fecomércio, cujo nome já resume quem representa e o Singaro, o
sindicato dos atacadistas - entraram na Justiça, com pedido de liminar, para
que seus associados não paguem tributos estaduais
durante seis meses. Está incluído no pedido, o não cumprimento de acordos de
parcelamento de dívidas para com os cofres da Sefin. Caso atendidas essas duas
entidades, certamente abrirão as portas para dezenas de outras, correndo-se o
risco de esvaziamento dos cofres do Estado. As empresas e seus empregados da
iniciativa privada estão pagando a conta pelo corona. Sem arrecadação de
impostos, o Estado terá como cumprir seus compromissos, incluindo aí o
pagamento em dia do salários do funcionalismo? Essas e muitas outras perguntas
ainda não têm respostas. Mas as terão em breve.
ELEIÇÃO: SAI? NÃO SAI? QUANDO SAI?
O tempo avança e os preparativos da eleição programada para outubro, nos
1.570 municípios brasileiros, continuam dentro dos prazos projetados pela
legislação eleitoral. Mas tudo pode mudar, como o Brasil e o Mundo mudaram, por
causa do corona vírus. A ministra Rosa Weber já avisou que a eleição sai sim e
que não será suspensa, como pedem vários setores da sociedade. O próximo
presidente do TST, ministro Luis Roberto Barroso, que assume em maio, também
tem repetido que a eleição sai. Nessa semana, contudo, o tom otimista começou a
dar lugar a frases mais conservadoras. O próprio Barroso disse, em entrevista à
rede de TV CNN, que há sim a possibilidade de mudanças no calendário eleitoral de 2020,
devido à pandemia do corona, mas deixou claro que é muito resistente a essa
possibilidade. Caso seja necessária alguma mudança, o futuro presidente do TSE
afiançou que “defendo é que, se houver necessidade de se postergarem as eleições, que
seja pelo prazo mínimo indispensável, para que elas possam se realizar com
segurança para a população", disse o ministro. Ele diz que
não realizar as eleições municipais seria “um grande risco à democracia”. Ou
seja, por enquanto, não se sabe se sai, se não sai e se sai, quando sai a
disputa municipal deste ano.
VIOLÊNCIA EXACERBADA DOMINA NOSSA CAPITAL
Enquanto só se fala em corona vírus, a violência campeia nas cidades
brasileiras. Em Porto Velho, só nesse final de semana, os criminosos tiraram
quatro vezes e meia mais vidas do que as duas, lamentavelmente perdidas
pela Covid 19. Foram nove vítimas, a maioria jovens. Entre elas, o jovem
Beto Andreoli, filho do casal Paulo Andreoli, ele um dos empresários mais importantes
das comunicações do Estado, dono do site Rondoniaovivo. A família Andreoli foi
apenas uma das que choraram seus mortos, de forma abrupta, selvagem, covarde.
Também voltaram, com toda a força, as gangues dos anos 80 e meados de 90, que
se rivalizavam nos bairros. Guerreavam entre si, num verdadeiro banho de
sangue, até que policiais duros, com carta branca para agirem, acabaram com
essa vagabundagem, que tomava conta de várias regiões da Porto Velho daqueles
tempos. Agora muito mais organizadas, com o pomposo nome de facções, com muito
dinheiro de roubos, assaltos e assassinatos praticados aqui fora, mas
planejados de dentro das cadeias, os grupos criminosos se confrontam pelo
domínio do poder e pelo tráfico de drogas, nos bairros mais distantes e pobres,
principalmente e em conjuntos habitacionais de famílias entre as mais carentes,
para imporem-se pelo medo.
À MERCÊ DA CRUELDADE E DA MORTE
Quando os interesses das facções são contrariados pelos rivais, a guerra
começa. E ai de quem estiver no meio do fogo cruzado. Três menores de 17 anos,
um quarto de 18 e outro de 19 estão entre os mortos. É simbólico: parte da
nossa juventude está sendo exterminada aos poucos. Os maiores problemas se
concentram exatamente onde são obrigados a viverem os mais pobres. Quando não
atirados em áreas sujas, putrefatas de esgoto ou outras sujeiras e que, além
disso ainda alagam, destruindo o pouco que eles têm, são os que se amontoam em
conjuntos habitacionais mal planejados, mal cuidados, muito mal policiados, as
maiores vítimas. O caso do Orgulho do Madeira é o melhor dos piores exemplos.
Os moradores foram jogados num verdadeiro novo e gigante bairro da Capital, com
uma infraestrutura sofrível. Deixaram uma vida de miséria e sub habitações,
para morar num lugar melhor, mas onde quem manda são os criminosos. De vez em
quando, como nesta segunda, a polícia vai lá e faz uma limpa na bandidagem.
Dias depois, eles estão de volta. A Covid 19, mais dia menos dia vai passar.
Mas o pesadelo dos pobres de Porto Velho e tantas outras capitais brasileiras
será eterno, enquanto durarem tantas leis e tanta gente protegendo bandidos,
mas deixando o cidadão comum refém do martírio, da crueldade, da morte.
PERGUNTINHA
Não dá uma grande tristeza, quando se vai um gênio da música popular
brasileira como Moraes Moreira, deixando o país jogado nas mãos de
excrescências culturais como sertanejo universitário e outros tipos deprimentes
de música?
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Os números, claro, são aproximados e só envolvem valores pagos pelos cofres públicos ao funcionalismo estadual e municipal. Caso se coloq
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