Quarta-feira, 30 de outubro de 2024 - 07h26
Foi um show de votos,
nas urnas. Nas cerca da 15 atualizações que os boletins do TSE/TRE apresentaram
até o final da votação, antes das 17 horas, em nenhum momento houve qualquer
risco de que o eleito pudesse ser alcançado. Na primeira urna computada, a
diferença já era de cerca de 12 por cento. Ela se manteve até que o último voto
fosse contado. Foi uma vitória incrível de Léo Moraes. Ele não só buscou os 47
mil votos a mais que Mariana o superou no primeiro turno, como ainda conquistou
outros 30 mil, que acabou sendo a diferença, em números absolutos. Traduzindo:
em três semanas, Moraes conquistou 77 mil votos a mais do que no primeiro
turno. Um fenômeno.
Já com Mariana, mesmo com todo o poderio político, com o apoio de quase uma dezena e meia de partidos, de lideranças, de trabalho nas ruas de pelo menos 18 dos 23 vereadores eleitos pelo grupo dela (pelo cinco se bandearam para o lado de Léo, logo que terminou o primeiro turno) não deu certo. Mesmo bem votada (mais de 105 mil votos), ela teve perto de seis mil a menos do que no primeiro turno da disputa. Por que? Não houve, na campanha dela, algum evento de monta que pudesse fazer com que o eleitor mudasse de lado em tão pouco tempo. Léo fez uma boa campanha, com um bom marketing, com discurso forte e boas ideias. Mariana também. Mas foi Léo quem tocou o coração de mais de 56 por cento dos 252 mil porto-velhenses que compareceram às urnas.
Sem dinheiro, sem estrutura, sem partidos aliados, Léo Moraes fez uma campanha de pé no chão, de sola de sapato, de ocupação de espaços na mídia, de discurso populista e popular, criticando a atual administração, aliada à Mariana e defendendo mudanças. Tinha apenas 50 formiguinhas, trabalhando para ele. Tinha poucos aliados, mas gente que trabalhou duro e ajudou a coordenar e manter a campanha, como Edgar do Boi, inimigo público do prefeito Hildon Chaves, de quem foi vice no primeiro mandato de Hildon; o empresário e ex-presidente da Assembleia, Noedi Oliveira e o empresário e ex-vereador Jaime Gazola. O ex-secretário de Agricultura de Porto Velho, Leonel Bertolin, teve também atuação importante, principalmente na busca de apoios e votos na zona rural.
O pequeno grupo envolvido diretamente na campanha ajudou muito, sem dúvida. Mas o que deu certo mesmo foi o pacto que Léo Moraes fez com o eleitor, com o povão, com a massa. E é essa gente que tira ou põe um Prefeito na sua cadeira.
O PODER TROCA DE MÃOS E TEM MUITA GENTE JÁ SALTANDO DE UM
LADO PARA O OUTRO. É A POLÍTICA
E agora, José? O grande grupo político que apostou suas
fichas em Mariana Carvalho, recheado de grandes lideranças, algumas delas muito
boas de voto, como ficará agora? A tendência é que ele, caso não chegue a
implodir totalmente, diminua significativamente de tamanho. Os comandantes dos
partidos vão buscar alternativas de espaço e de alianças, com os olhos voltados
para 2026. Os vereadores eleitos, todos os 23 da coligação de Mariana Carvalho,
já começaram a buscar acordos com o futuro governo municipal. Até o final do
domingo, quando os aliados de Léo Moraes ainda comemoravam a vitória pelas ruas
da Capital, não só os cinco que trocaram de lado ainda em 6 de outubro, como pelo
menos outros cinco, já estavam conversando com aliados do Prefeito eleito.
No Palácio do Relógio, o clima era de tristeza e derrota. No Palácio Rio Madeira/CPA, não havia tantos lamentos e se via, aqui e ali, até algumas comemorações muito reservadas. O poder está trocando de mãos e, com ele, muita gente que estava de um lado, está pronta para saltar para o outro. É assim a política.
A PARCELA DE HILDON E O FATO DE QUE, POR APENAS SEIS MIL
VOTOS, MARIANA NÃO GANHOU NO PRIMEIRO TURNO
Não há dúvida que o prefeito Hildon
Chaves também perdeu a eleição do domingo. Aliado de primeira hora de Mariana
Carvalho, era o sucesso da sua administração e a continuidade dela, o grande
mote do discurso da candidata do União Brasil. No primeiro turno, por muito
pouco Mariana não levou a eleição. Faltaram-lhe algo em torno de seis mil votos
para isso. Quando se confirmou o segundo turno, a situação começou a se
complicar.
Ficava aparente que a médica e
ex-deputada federal atingira uma votação expressiva, mas que também poderia ter
chegado ao seu limite eleitoral, com seus 111 mil votos. Léo, oposição, somara
64 mil. Mas para onde iriam os votos de Célio Lopes, Euma Tourinho, Benedito
Alves, Ricardo Frota e Samuel Costa? Ora, por raciocínio lógico, iriam para a
oposição, ao menos na imensa maioria. O eleitor destes candidatos, tinha dito,
através do voto, que não estava ao lado da candidata da situação.
Some-se a isso o efeito surpreendente
do apoio inesperado de muito mais gente à candidatura de Léo e se terá uma
explicação, ao menos em parte, dos motivos da derrota do Prefeito e sua
candidata.
FERNANDO MÁXIMO FOI UM DOS GRANDES VENCEDORES. AGORA, DEVE ANUNCIAR CANDIDATURA AO SENADO
Um dos grandes vencedores da eleição do domingo, não foi candidato e não teve um só voto. Mas sai fortalecido, pronto para anunciar, em breve, sua candidatura a uma das duas vagas ao Senado, em 2026. Trata-se do deputado federal Fernando Máximo, que se prepara para novos voos na política, depois de ter sido o parlamentar mais votado na última eleição à Câmara Federal, há dois anos. Máximo pretendia ser candidato à Prefeitura de Porto Velho. Seu nome estava à frente de várias pesquisas. Não se sabe ainda os motivos reais, mas se saberá no futuro, ele foi preterido pelo União Brasil, por Mariana Carvalho, que era então do Republicanos e ingressou no União para ser indicada a candidata pelas forças palacianas do governo estadual.
Fernando Máximo chegou à vida pública pelas
mãos do governador Marcos Rocha, seu maior mentor na época. Foi secretário de
saúde durante toda a pandemia e, graças ao seu trabalho e ao seu instinto
midiático, alcançou 80 mil votos para a Câmara Federal. Certamente mudará de
partido, quando der a janela e será o nome provavelmente do Podemos de Léo
Moraes na disputa ao Senado. Por ironia, disputará uma das vagas contra Marcos
Rocha, que o trouxe para a política.
MARIANA TEVE RECORDE DE VOTOS E NÃO SE PODE CREDITAR A ELA A DERROTA NA DISPUTA DO DOMINGO
Mariana Carvalho perdeu a eleição? Na
verdade, a perda ocorreu por vários motivos, menos por ela. Foi uma candidata
batalhadora, correta, abraçada por onde andava em sua cidade, festejada,
distribuindo beijos, abraços, sorrisos e deixando claro sua enorme
popularidade. O recorde de votação individual de um candidato à Prefeitura de
Porto Velho, 111 mil votos, não foi de graça. Foi uma conquista pessoal.
A eleição foi perdida por um pacote
de razões, que incluíram parcerias que o eleitor não gostou; decisões de
marketing contestada, como a de não participar dos debates do primeiro turno e
nem da sabatina da SICTV (ela queria ir, mas seus marqueteiros a orientaram no
sentido contrário; o exagero de
lideranças ao seu lado, o que poderia indicar um fatiamento de uma futura
administração e, por fim, um adversário duro e competente, tudo isso e mais um
pouco, acabaram decretando a irada do segundo turno.
Mariana não perdeu. Ela saiu
vitoriosa pela expressiva votação que fez, com um futuro sólido na política. Terá
que curar as feridas, agora, realinhar projetos e definir parcerias novas.
Competência, crédito e amor de milhares de milhares de porto-velhenses ela já
tem. O futuro, agora, dependerá de suas novas escolhas.
GOVERNADOR HOMENAGEIA TODOS OS PARTICIPANTES DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS E PARABENIZA OS ELEITOS
O governador Marcos Rocha saudou os eleitos e os participantes das eleições municipais. Destacou a disputa em Porto Velho, num texto e em vídeos divulgados nas redes sociais. Começou afirmando que “finalmente temos a decisão de quem serão todos os prefeitos e prefeitas de Rondônia. Quero parabenizar a todos os candidatos aos cargos majoritários e proporcionais do primeiro turno em todos os municípios do nosso Estado. No domingo, foi a vez da população de Porto Velho decidir no segundo turno quem assumiria a Prefeitura da Capital. Também parabenizo a todos os rondonienses que foram às urnas para escolher seus candidatos, seja qual tenha sido: Mariana Carvalho ou Leo Moraes”.
Sobre a eleição de Leo Moraes, Marcos
Rocha destacou sua eleição e lembrou do período em que ele foi diretor geral do
Detran. “Como Governador do Estado, quero parabenizá-lo e desejar que ele faça
um trabalho voltado para o desenvolvimento da nossa população, sabendo que pode
contar com meu apoio. Confiei ao Leo Moraes o Detran de Rondônia até que ele
decidiu ser candidato à Prefeito. Naquele local conheci sua dedicação”.
ROCHA DESTACA VOTAÇÃO DE MARIANA E O RECONHECIMENTO DA POPULAÇÃO A LÉO MORAES
Rocha prosseguiu: “desde 2020, quando
reorganizei as finanças do Estado, invisto muitos recursos nos municípios,
dentro das condições e das Leis, em todas as áreas: assistência social,
asfalto, educação, iluminação, praças e demais necessidades. E tudo isso fiz
independentemente dos partidos das Prefeitas e Prefeitos, pois penso
primordialmente nas pessoas e por isso sou conhecido como o Governador
municipalista. Vou continuar atuando para contribuir com o desenvolvimento dos
nossos municípios e com a qualidade de vida das pessoas que vivem no nosso
Estado”.
Sublinhou ainda: “mais uma vez
parabéns a todos os eleitos e que a democracia seja o pilar de uma sociedade em
constante desenvolvimento. Mais uma vez parabéns à Mariana Carvalho pelos
milhares de eleitores que te confiaram seus votos. Parabéns pela firme
campanha. Parabéns a Leo Moraes pela vitória na eleição de Porto Velho.
Parabéns pelo reconhecimento de que Deus e a população te deram essa oportunidade.
Eu sempre falo para todos que Deus é tudo em nossas vidas”.
LÉO JÁ CONFIRMOU PELO MENOS DOIS NOMES NA EQUIPE DE TRANSIÇÃO, QUE COMEÇA EM MENOS DE 20 DIAS
O prefeito Hildon
Chaves foi elegante, destacou que a eleição já é passado e que agora, com o novo
Prefeito eleito, é pensar com prioridade em Porto Velho, ao anunciar que o
governo de transição começa, em no máximo, 20 dias. Léo Moraes ainda não falou
em todos os nomes, em relação vai compor aqueles que vão liderar a transição,
mas confirmou pelo menos dois deles: o do empresário e ex-vereador Jaime Gazola
e do advogado Nelson Canedo. Nelson Canedoaliás, venceu todas as ações que
apresentou a Justiça, retirando do ar textos agressivos e Fake News contra Léo
Moraes, na reta final da eleição. Já Gazola foi parceiro de primeira hora e,
pode-se supor, que ele estará também na equipe de governo. Outros membros do
grupo serão anunciados nos próximos dias.
O prefeito Hildon
Chaves destacou que a transição será pacífica e que todas as portas da
Prefeitura e informações da administração municipal serão liberadas, dentro do
que solicitar a equipe de Léo Moraes. O eleito, aliás, ontem ao meio-dia,
participou do programa Câmara Mais, na SICTV. Lamentou os muitos ataques que sofreu na campanha, mas finalizou com
elegância, cumprimentando a sua adversária, Mariana Carvalho, desejando sucesso
a ela e destacou; “Mariana ama Porto Velho”!
PERGUNTINHA
O que você achou do Centrão, via PSD, ter se tornado um dos
partidos mais fortes do país, elegendo mais prefeitos nas grandes e médias
cidades; com o PL de Bolsonaro em segundo e o PT ter perdido o comando da
grande maioria dos municípios brasileiros?
Os números, claro, são aproximados e só envolvem valores pagos pelos cofres públicos ao funcionalismo estadual e municipal. Caso se coloq
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