Sexta-feira, 17 de abril de 2020 - 06h00
DE NOVO, FOI A JUSTIÇA QUEM DECIDIU O QUE É MELHOR PARA A POPULAÇÃO. PREFEITURA RECORRE PARA MANTER DECRETO
Não deu outra! Durou
menos de 12 horas (uma noite e até o amanhecer da quinta-feira), o decreto
assinado pelo prefeito Hildon Chaves, que dava uma grande flexibilizada na
quarentena e no isolamento causados pelo corona vírus. A determinação municipal
autorizava a abertura, a partir desta quinta, de parte de empresas e já na
próxima semana, sempre com espaço de tempo, ou seja, lentamente, de
praticamente todo o comércio lojista porto velhense. Autorizava, por exemplo, a reabertura do Porto Velho Shopping e de
outros centros de compras a partir do próximo dia 27. A volta gradativa do
sistema econômico da cidade, mesmo que o decreto tenha preservado os cuidados
de proteção contra o corona vírus, caíram porque o juiz de plantão acatou
pedido nesse sentido da Defensoria Pública do Estado. A verdade é que quem está
mandando no país, nesse momento, é o Judiciário. Os Executivos ficam no fogo
cruzado entre decisões judiciais, algumas delas contraditórias. Mas no caso
específico, o magistrado, Audarzean Santana da Silva, mesmo lamentando ter que
tomar a decisão, segundo deixou claro na sentença, deferiu o pedido da
Defensoria e determinou que o decreto municipal de reabertura do comércio fosse
invalidado. “Se eu pudesse decidir com base no que acho, olhava só para esses
que estão sendo duramente afetados economicamente e a liminar seria negada.
Entretanto, a decisão que será dada é com base no que a Constituição e leis
orientam. Não será meu desejo pessoal, não será o desejo da opinião pública,
mas o desejo da lei”, destacou o juiz plantonista. O magistrado também sentiu
ter que tomar a decisão, em trecho final
da sentença: “passei a noite em claro, só encerrando agora “ (referindo-se ao
amanhecer da quinta-feira), “extremamente exausto e lamentando por frustrar o
sonho de tantos trabalhadores e empresários”. A Procuradoria Geral da
Prefeitura, contudo, já ingressou com recurso legal contra a decisão judicial.
Nesse vem e vai, a
população fica num verdadeiro fogo cruzado, nesse momento em que as autoridades
e o Judiciário têm que fazer a Escolha de Sofia. Ou mantém o isolamento e o
fechamento total das atividades econômicas, podendo causar uma tragédia social
nunca antes vista ou libera e corre o risco da contaminação de milhares de
pessoas, além de um número infindável de mortes. O que não se compreende, ao
menos para quem é leigo nas coisas do Direito, é que o STF tomou a decisão de
que prefeitos e governadores podem tomar decisões em relação às questões da
Covid 19, mas a decisão não é acatada em primeira instância. Com alguma ironia,
pode-se imaginar que o STF acatou a participação de prefeitos e governadores
apenas se eles decidissem por manter o isolamento social e a quarenta. A
decisão, então, não vale para quem decidir o contrário?
DECISÕES DOS GOVERNOS MUDARAM DE MÃOS
A coluna já tratou do
assunto, mas volta a ele. Há sim uma clara interferência de poderes,
principalmente nesses tempos de pandemia. Não têm valor decisões emanadas do
Executivo, em todos os níveis. As decisões dos representantes escolhidos
democraticamente pelo povo, aqueles a quem a população delegou o direito de
governar, são agora medidas secundárias, porque tanto o Ministério Público
quanto o Judiciário assumiram, em suas posições, aqueles direitos que as urnas
dão aos eleitos. É um grande risco que estamos vivendo, na medida em que ficará
apenas sob a visão das forças do MP e do Judiciário, as decisões que norteiam a
vida do país e de sua população. O STF decidiu que as medidas tomadas por
governadores e prefeitos têm valor. Mas essa decisão não chegou a todos os
meandros do sistema judicial, porque as interpretações são diferentes em cada
instância e em cada decisão. É sim um risco. Até quando isso vai durar, ainda
não se sabe. Tomara que seja apenas um momento passageiro da nossa História,
para esquecermos logo.
ASSEMBLEIA, SESAU, AMBULÂNCIAS...
Depois de um bom período
de convivência pacífica, Assembleia e alguns setores do governo andam se
confrontando. O último evento resultou num comentário bastante duro do presidente do Parlamento, deputado
Laerte Gomes, colocando sob suspeita contratos que estão sendo feitos pela
Secretaria da Saúde. Laerte considerou absurdo o preço que está sendo pago pelo
aluguel de ambulâncias, algo em torno de 178 mil reais e criticou também o fato
da empresa vencedora da licitação ter uma sede que ele chamou de “pouco mais de
um galpão”. O caso caiu como uma bomba nos meios políticos, porque até agora
não havia surgido nenhum caso nesse nível de denúncia. O secretário Fernando
Máximo foi à Assembleia, explicando que só com o pessoal que atua numa das
ambulâncias (cinco médicos, cinco enfermeiros, cinco auxiliares de enfermagem e
motoristas), o custo alcança cerca de 150 mil reais. Os deputados reclamam
também que não têm recebido informações pedidas à Sesau. Nas últimas semanas,
essa critica aumentou e as explicações de parte do governo estão sendo dadas. É
um momento complexo, com todos os nervos
a flor da pele e cada um defendendo o que acha correto. Veremos os próximos
capítulos...
PREFEITO DEFENDE DECRETO E FALA EM RISCOS
O prefeito Hildon Chaves
participou, nesta quinta, do programa de maior audiência do rádio rondoniense,
o Papo de Redação, com os Dinossauros Everton Leoni, Domingues Júnior, Beni
Andrade, Jorge Peixoto e Sérgio Pires. Direto da sua casa, via Skype, Hildon
falou sobre o decreto, que considerou “muito bem feito”, com abertura paulatina
e segura de setores da economia e confirmou que a Prefeitura vai recorrer da
decisão que o impediu a decisão de ser posta em prática. Hildon lembrou que o
isolamento em Rondônia já tem mais de um mês; que o número de casos confirmados
é pequeno, até porque começamos antes a nos preparar para prevenir e combater a
doença, em relação a outras regiões. São 92 casos até agora. Disse ainda que,
caso tudo continue fechado, haverá graves riscos para a sociedade como um todo.
Afirmou que a Prefeitura ainda tem como garantir o pagamento dos salários do
servidores pelos próximos dois meses, mas se continuar a paralisação total, não
haverá recursos para cumprir esses e outros compromissos. O Prefeito comentou
que já houve uma queda acentuada de arrecadação e que, caso as coisas não
comecem a funcionar, mesmo que aos poucos e lentamente, como prevê o decreto
assinado por ele, a crise pode ter dimensões que, ainda, não se tem como
avaliar. Na conversa, ainda lembrou que o decreto também foi baseado em decisão
do STF de que as medidas tomadas por governadores e prefeitos devem ser
consideradas legais.
FIM DA NOVELA: TEICH NA SAÚDE...
Até que enfim, o último capítulo da novela! Por discordar publicamente do presidente da República, que é seu chefe, sobre as formas de combate ao corona vírus e as medidas de isolamento social, o ministro Luis Henrique Mandetta foi demitido. Favorito entre os ministros de Bolsonaro pela grande mídia que é, claramente, contrária ao atual governo, Mandetta acabou tomando posições que, a cada dia, mais desagradavam o Planalto. No meio da tarde, foi anunciado o novo titular do cargo, outro médico reconhecido no país, Nelson Luiz Teich. O novo titular do Ministério, ao contrário de notícias de algumas das principais redes de TV, pensa como Bolsonaro em relação à abertura lenta e gradual da economia. Teich é um dos mais famosos oncologistas do país. É carioca e formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele chegou a ser cotado para a pasta da Saúde antes da posse de Bolsonaro na Presidência. Com a troca na saúde, o governo se afasta ainda mais do DEM, o partido de Mandetta e, principalmente, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
ENERGISA
DISTRIBUI MILHARES DE MÁSCARAS
Não é só de críticas que se vive. Há que
elogiar também, quando existe o merecimento. Por isso, merece aplausos a
decisão do Grupo Energisa, que atua em vários Estados brasileiros, que está
fazendo a doação de milhares de máscaras de proteção individual a hospitais que
são referência no tratamento e combate ao corona vírus. A decisão apoia as instituições, que dependem muito deste tipo de
equipamento de proteção para seus profissionais e defende a orientação do
Ministério da Saúde que orienta sobre o uso de máscara também para toda a
população. Mais de 6.700 máscaras foram distribuídas em onze Estados, onde a
empresa atua na distribuição de energia e que estão no foco do Movimento
Energia do Bem. A distribuição está sendo realizada em função da quantidade que
cada concessionária tinha em estoque. “As máscaras
N95, estão sendo bastante necessárias nos hospitais que tratam os pacientes com
Covid-19. Decidimos ajudar a suprir essa carência que se repete em todo o
Brasil”, afirma Daniele Salomão, Vice-Presidente do Grupo Energisa.
SERÁ MESMO O
FIM DOS PENDURICALHOS ?
Será que dessa vez vai? Será que no meio da
tragédia do corona vírus, teremos, enfim, uma boa notícia vinda do Congresso
Nacional, que interessa a cada um dos brasileiros? Pode entrar na pauta de
votação da Câmara dos Deputados (até que enfim!), projeto de lei que acaba com
os supersalários no país. A decisão valeria para o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário. Os supersalários são aquele pacote de benefícios
extras, também chamados penduricalhos".
É essa excrescência que permite que
existam servidores recebendo valores mensais de até 1 milhão e 200 mil reais.
Isso mesmo. Não é exagero. Quem achar que o é, que pesquise nos sites de
transparência dos poderes e vai encontrar mais de um caso desses, embora sejam
exceções, principalmente no Judiciário. Pela Constituição, ninguém pode receber
um salário maior do que o do Presidente da República, que é de 39 mil e 200
reais. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, os líderes dos partidos estão
conversando sobre colocar na pauta o parecer do relator da matéria, deputado
Rubens Bueno, do Paraná. A votação do projeto pode acontecer na próxima
semana.
SÃO APENAS 92 CASOS EM TODO O ESTADO
Mais nove casos de pessoas infectadas pela Covid 19, foram registrados
em 24 horas em Rondônia. A princípio, nenhum caso grave. A pior notícia,
contudo, veio de Ji-Paraná, onde foi registrada mais uma morte. Afora, segundo os números da Secretaaria de
Saúde do Estado, são três os registros de óbitos pela doença. Todos os casos
são de pessoas idosas. Dos 92 registros, destaca-se, por outro lado, que 16
pacientes já estão totalmente curados. Quatro pacientes estão internados, um na
UTI do Cemetron. Ainda existem 31 casos suspeitos da doença, dependendo de
resultado de resultados de exames do Lacen. O lado bom é que 947 casos
suspeitos foram descartados. Do total de 92 registros, seis novos são de Porto Velho, que agora tem 58 casos
confirmados. No interior, Ariquemes continua em primeiro lugar, com 16 casos.
Alto Paraíso registrou o primeiro doente. Outras cidades de Rondônia onde a
doença já foi detectada: Ji-Paraná e Ouro Preto, com seis cada; três em Rolim
de Moura. Jaru e Vilhena continuam com apenas um caso. A grande maioria dos
doentes apresenta, no geral, um quadro pouco agressivo da doença.
PERGUNTINHA
Você preferia que ficasse no Ministério da Saúde o agora ex ministro
Mandetta, que defende o isolamento como única forma de impedir a disseminação
do corona vírus ou acha que o novo ministro Nelson Teich, que deve começar a
afrouxar as medidas drásticas que paralisaram a economia?
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