Domingo, 22 de março de 2020 - 06h00
UM RESPIRADOR PARA 40 MIL HABITANTES: RETRATO DA SAÚDE E DA NECESSIDADE
DO DECRETO DE CALAMIDADE PÚBLICA
Duríssimo o decreto de calamidade pública, assinado pelo governador
Marcos Rocha e aprovado pela Assembleia, numa decisão rápida e em tempo
recorde, na busca de proteger a população. Há quem ainda ache que o
problema não merece providências dramáticas. Certamente são os que vivem uma
vida de brincadeira, desrespeitando a si e aos outros. Vamos dar apenas um
exemplo sobre a situação de Rondônia, para que se sinta a gravidade da
situação. Arismar Araújo de Lima é um personagem ainda pouco conhecido em todo
o Estado. Eleito prefeito de Pimenta Bueno, em eleição suplementar, em 2018,
ele assumiu o comando de uma cidade que beira hoje os 40 mil habitantes. No
hospital de Pimenta, existem apenas quatro respiradores, equipamento vital para
atender a portadores do corona vírus. Caso a doença se alastrasse pela cidade,
o que obviamente não vai acontecer, mas é apenas um exemplo, apenas um em cada
10 mil cidadãos poderia ser salvo. O exemplo de Pimenta serve para todos os
municípios de Rondônia e a maioria deles no Brasil todo. Não há estrutura de
saúde, nem pública e nem privada, para atender sequer grande número de casos de
corona vírus, caso eles fossem confirmados. Então, quando o Governo pressiona
para tirar as pessoas da rua, não o está fazendo por exagero ou por masoquismo.
O faz para preservar vidas.
Já tivemos o primeiro caso positivo em Rondônia, em Ji-Paraná, embora o
contaminado seja de São Paulo e lá esteja em quarentena. Neste sábado, mais
dois casos confirmados, ambos em Porto Velho. Mas, vindo de fora ou não,
o vírus pode se espalhar com uma rapidez impressionante, ao ponto do Ministério
da Saúde avisar que, se não forem cumpridas todas as medidas preventivas, o
sistema de saúde do país entra em colapso no final de abril. Estamos de luto
pelos mortos na China, na Itália (pobres italianos, que perderam, até o final
de semana, mais de 4 mil idosos), na Espanha, no Irã e em outros países.
Estamos de luto pelos 18 brasileiros que já morreram com essa horrível e
destrutiva doença. Não podemos brincar com ela. Não podemos considerá-la
apenas uma nuvem passageira. Não temos o direito de mantê-la entre nós.
Por isso as medidas federais, dos Estados (e principalmente da nossa Rondônia),
devem ser respeitadas e seguidas. Deixemos para discutir se foram boas ou más
quando a crise passar e tivermos conseguido salvar milhares e milhares de
vidas. Por enquanto, que cada um cumpra seu papel, se proteja e proteja aos
outros, ficando o máximo possível dentro de casa, com todos os sacrifícios que
isso possa significar. Não há outro caminho!
TRÊS CASOS POSITIVOS. DOIS SÃO DE PORTO VELHO
Na tarde deste sábado, entre em torno de 50 novos exames feitos, todos
aqui mesmo em Porto Velho, no Lacen, desde quinta-feira, mais dois casos
positivos do corona vírus foram confirmados. Há, no total, perto de 135 casos
ainda suspeitos. Os dois contaminados são da Capital, mas retornaram
recentemente de viagem. Um tem 35 anos e outro 45 anos, ambos homens. Os dois
já estavam em quarentena em suas casas, mas ainda não foi anunciado se são
casos graves, que exigem internação ou não. O Governo do Estado confirma também
que pelo menos mais 45 respiradores estão a disposição dos municípios, mas
mesmo assim, numa eventual epidemia, não haverá como atender a grande parte dos
doentes, caso exijam internação e aparelhos de respiração. Na coletiva da tarde
deste sábado, o secretário de saúde do Estado, Fernando Máximo, apelou
novamente aos cuidados da população e quase implorou para que se fique em casa,
para que não haja risco da doença se espalhar. Há ainda grande número de casos
suspeitos, entre eles, 21 exames que foram mandados para laboratórios federais
e cujos resultados ainda não chegaram. No país inteiro, até a noite deste
sábado, haviam 1.128 casos confirmados de corona vírus e 18 pessoas mortas.
ASSEMBLEIA TAMBÉM DISPENSA SERVIDORES
A Assembleia Legislativa entrou com tudo nas medidas de prevenção
do corona vírus. Além de aprovar de imediato o decreto de calamidade pública do
Governo, o Parlamento também mudou toda a sua estrutura de funcionanmento.
Decreto Legislativo assinado pelo presidente Laerte Gomes e toda a Mesa
Diretora, dispensa do trabalho diário, por período determinado, servidores com
mais de 60 anos; hipertensos, os com doença renal crônica; com doença
respiratória crônica e com doenças cardiovasculares. Também está proibido o
acesso ao prédio da ALE quem não seja funcionário. Ficaram suspensas também as
comissões permanentes e a CPI da Energisa. Os servidores poderão trabalhar em
casa. O Legislativo já vinha mantendo várias medidas preventivas contra
os riscos do corona vírus, mas a partir de agora elas foram radicalizadas. O
decreto determina também que os servidores dispensados não têm direito a
viagens ou de participar de concentrações de pessoas, como shoppings e outros
locais públicos.
ALEMÃES ENTRAM POR GUAJARÁ
Na manhã da
sexta-feira, agentes da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal, além
de policiais civis da força de fronteira, começaram a fiscalização na região de
Guajará Mirim. Estão cumprindo decreto do governo federal, que fechou as
fronteiras de pelo menos nove países, durante a crise do corona vírus. O
acesso estará restrito nas fronteiras pelo período de 15 dias, podendo ser
prorrogado, seguindo orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
Anvisa. ivéssemos começado a fiscalização no dia
anterior, os policiais poderiam ter pego em flagrante um grupo de turistas
alemães, que chegou do lado boliviano e entrou no Brasil, por Guajará, sem
qualquer problema ou controle. Conseguiram passar para o lado brasileiro, mesmo
depois da presidente Jeanine Añez ter proibido qualquer trânsito de fronteira,
pelo menos uma semana antes do governo brasileiro ter tomado a mesma medida.
Como os bolivianos foram mais precavidos e começaram a atuar fortemente contra
a doença, bem antes que nós, a Bolívia registrou, até sexta, apenas 13
casos. Nenhuma morte.
EMPRESAS APRESENTAM PROPOSTAS AO GOVERNO
Federação das Indústrias de Rondônia, a Fiero; Instituto Empresarial;
Fecomércio; Câmara de Dirigentes Lojistas; Sindicato do Comércio Atacadista;
Sindicato das Escolas Particulares e pelo menos mais uma dezena e meia de
entidades representantes do setor produtivo do Estado, reuniram-se com
representantes do governo rondoniense, nessa sexta, discutindo saídas para a
crise causada pelo corona vírus. Entre os temas debatidos, novas datas para
pagamento de tributos; férias coletivas para trabalhadores, a serem
descontadas no futuro e investimentos na ordem de 500 milhões de reais dos
fundos de reserva, para não causar o fechamento de empresas e acabar com
milhares de empregos. A decretação do estado de calamidade pública, proposto
pelo governador Marcos Rocha e aprovado pela Assembleia, é mais um motivo para
que o empresariado peça socorro. Reunião sobre o tema ocorreu no Palácio Rio Madeira,
na manhã da sexta, coordenado pelo chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, com
participação de vários secretários. As cenas mostram a preocupação com o corona
vírus: todos os participantes do encontro usavam máscaras de proteção.
INJUSTIÇA NO DNIT?
Tem novidade sobre aquela operação da Polícia Federal, contra um grupo
de servidores do órgão, em Rondônia, que foram expostos à execração pública e
que, até hoje, estão afastados de suas funções. Uma investigação independente,
feita por empresa especializada e que presta serviços ao Dnit desde 2011 (ou
seja, há nove anos), realizou um profundo levantamento de todas as obras
realizadas e sob suspeita de superfaturamento, entre outras ilegalidades. Não
encontrou um só fio de cabelo, que pudesse colocar sob tão drásticas suspeitas,
o trabalho dos engenheiros e técnicos do Dnit, afastados e denunciados, como se
fossem criminosos. O resultado da perícia é pública. Quem o leu, certamente
ficou pasmo com as acusações feitas e com o aval técnico de uma empresa especializada,
dizendo que não houve nada de irregular ou ilegal. A tal ponto que sugeriu que
outras obras na BR 364 sejam feitas do mesmo modo como o foram aquelas que a PF
denunciou como crimes. Espera-se, agora, é claro, novos detalhes, e que, no
final de tudo, que se faça a verdadeira Justiça.
ABUSO DE AUTORIDADE SE MANTÉM
Até que o caso seja votado pelo pleno do Supremo, a Lei de Abuso de
Autoridade continua valendo, já que o ministro Alexandre de Moraes, relator da
ação direta de inconstitucionalidade, movida por diversas associações de
magistrados e do ministério público, não concedeu a liminar requerida. A lei
continua valendo, com todos os seus detalhes e pormenores, até que a matéria
seja julgada pelo plenário do STF, quando haverá a decisão definitiva. Vitória,
ao menos por enquanto, do Conselho Federal da OAB, que defendeu
constitucionalidade da lei, especialmente dos dispositivos que tipificam como
crime, a violação das prerrogativas dos advogados. Válida desde o início do
ano, a Lei de Abuso de Autoridade tem recebido duras críticas, principalmente
de representantes do Judiciário e do MP. Não foi anunciado ainda quando a
votação ocorrerá no pleno do Supremo.
ÔNIBUS: NOVELA SEM FIM
Operação do Ministério Público e da Polícia Civil nesta sexta, foi à
busca de informações e possíveis provas de que teria havido irregularidades na
licitação para o transporte coletivo de Porto Velho. Basicamente, uma empresa
que ficou fora da concorrência, por uma série de procedimentos que não
teriam se adequado ao edital, teria feito pesadas denúncias sobre a forma como
foi feita a escolha da empresa vencedora, o que causou a denúncia do MP e a
decisão judicial de autorizar a operação que investiga o caso. O secretário
Thiago Tezzari, que ocupava interinamente o cargo de responsável pela
licitação, se disse tranquilo, afirmando que a decisão que tomou, a favor da
única empresa que participou da concorrência, a tomaria novamente. Afirmou que
ao final das investigações, ficará claro que não houve qualquer irregularidade.
A verdade é que, desde que o ex prefeito Mauro Nazif implodiu o sistema
anterior, que não era nenhuma Brastemp, mas ao menos funcionava, o sistema na
Capital sucumbiu. Aguarda-se agora novos capítulos dessa novela que parece não
ter fim.
PERGUNTINHA
Você continua saindo de casa, mesmo com todas as recomendações das
autoridades e sabendo que, se for contaminado, não haverá respirador suficiente
nos hospitais para salvar sua vida?
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