Terça-feira, 4 de março de 2025 - 11h55
“— Não nos diga o que
vamos sentir. Você não está em posição de ditar o que vamos sentir. Você se
permitiu estar em uma posição muito ruim. Você não tem as cartas certas agora
conosco — ameaçou Trump. — Você está apostando com as vidas de milhões, você
está jogando com a Terceira Guerra Mundial. E o que você está fazendo é muito
desrespeitoso com este país”.
Com essas palavras,
Donald Trump, o 47º presidente dos Estados Unidos finalizou uma série de
ataques arrogantes iniciados por seu vice-presidente, J.D Vance ao presidente
da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em 28/02/2025, data em que o mundo esperava a
assinatura de um acordo histórico que acabaria a guerra do representante do
país visitante com a Rússia.
Quem assistiu ao vivo,
como eu, ficou surpreso com a postura de Zelensky em não se deixar intimidar
pelas feições debochadas e sempre arrogante de Trump, enquanto J.D Vance
começava a agredir verbalmente o presidente ucraniano. Parecia um teste de
forças, e Zelensky apenas se posicionava com muita dignidade, sem alterar a voz
ou gesticular em defesa, o que seria normal. Talvez, a experiência de ator
tenha sido essencial para ele não se perder, mesmo estando em uma posição
constrangedora como líder de uma nação e principalmente ser humano.
Não sou especialista em
política alguma, nem a nacional, quem dirá a internacional – apesar de ter
feito um curso de Relações Internacionais pelo Instituto Legislativo Brasileiro,
do Senado Federal, entretanto, entendo e consigo explicar por que o
posicionamento do presidente da Ucrânia foi digna, não orgulhosa! E, ela
deveria servir de exemplo até para o nosso dia a dia, profissional e pessoal
quando somos confrontados em discussões públicas e principalmente hoje, nos
meios digitais! Permanecer firme em seus valores morais e autoconfiança não é
para os fracos – mesmo que tenha parecido para alguns que ele foi humilhado...
Começo da Rixa
O caso teve início
quando, em 2019, Trump congelou o envio de US$ 391 milhões em ajuda militar
para a Ucrânia para pressionar Zelensky a relevar segredos sobre negócios da
família Biden no Leste Europeu. Uma conversa gravada – como todas realizadas
dentro da Casa Branca, que foi vazada por funcionários do alto escalão para
imprensa.
Trump também
condicionou a isso uma visita oficial de Zelensky à Casa Branca – ou seja, se o
presidente ucraniano não colaborasse, não receberia a ajuda militar que já
havia sido aprovada pelo Congresso americano e que já naquele momento era vital
para rechaçar o assédio militar russo sobre a Crimeia e o Donbass; e não seria
recebido no Salão Oval, o que representaria uma perda de prestígio para um
líder ucraniano que precisava se afirmar num momento de grave instabilidade e
crise interna.
Depois que o telefonema
com Zelensky veio a público, Trump tomou uma série de medidas para coagir
testemunhas do caso e dificultar o trabalho de apuração do Congresso. As duas
atitudes renderam ao presidente americano as acusações de abuso de poder. Por
isso, o episódio do último dia 28 de fevereiro foi uma clara represália de
Trump à Zelensky e a frase: “Você não tem as cartas na mesa” foram uma cutucada
pessoal, nada diplomática!
Ucrânia, a dona da mesa
Trump, o empresário,
não o político, sabe há décadas, que o solo ucraniano detém 80% dos minerais
mais importantes do mundo! Em 2019, data da primeira rixa com Zelensky, a
Ucrânia era o 7º maior produtor mundial de minério de ferro, o 8º maior
produtor mundial de manganês, o 6º maior produtor mundial de titânio, e o 7º
maior produtor mundial de grafite e havia sido o 9º maior produtor do mundo de
urânio em 2018.
O interesse dos EUA em
controlar a produção de terras raras, onde esses minerais estão e,
possivelmente, minerais críticos, deve-se em grande parte à competição com
a China, que atualmente domina o fornecimento global.
Nas últimas décadas, a
China se tornou líder tanto na mineração quanto no processamento de minerais
raros, respondendo por 60% a 70% da produção mundial e quase 90% da capacidade
de processamento.
A dependência dos EUA
em relação à China nesse aspecto provavelmente é preocupante para a
administração Trump – tanto em termos de segurança nacional quanto
economicamente.
Esses materiais são
necessários para tecnologias altamente sofisticadas – desde os carros elétricos
de Elon Musk até equipamentos militares para as forças armadas americanas e mais
importante ainda – centros de dados de inteligência artificial (IA). Trump
anunciou uma grande iniciativa para expandir a infraestrutura de IA em seu país,
a última campanha. Isso exigirá um enorme fornecimento de minerais críticos –
principalmente cobre, silício, paládio e elementos de terras raras. O
fornecimento desses minerais já começou a declinar, tornando-se uma das
principais causas do desaceleramento do crescimento global das energias limpas.
Após décadas
aperfeiçoando tecnologias de processamento e expertise, a China atualmente
controla 100% do fornecimento refinado de grafite natural e disprósio, 70% de cobalto
e quase 60% de todo o lítio e manganês processados, de acordo com a Agência
Internacional de Energia Renovável. Confira mais no link pesquisado abaixo:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp8leg4yk3po
Dignidade à prova
Como todo líder
político, Zelensky está longe de ser perfeito, pois a perfeição não é desse
mundo, nem de político algum que precisa fazer acordos e conchavos por vezes
imorais, mas no aspecto da dignidade, com seu significado de decência, de merecedor
de admiração, ele deveria ser referenciado. Quem nunca passou pela situação – em muito
menor escala, lógico – de ser acuado em frente a um grupo de amigos, colega de
trabalho, familiares sobre um assunto em que sua opinião diverge dos demais –
sem gritar ou causar com caras e boca à la Trump, - por saber em seu íntimo a
verdade dos fatos?!
Em nenhum momento da
vergonhosa reunião, Zelensky disse: “Nós temos 80% dos principais minerais
raros do planeta. Os EUA precisam da Ucrânia para vencer comercialmente a
China... Os bilhões de dólares que vocês (EUA) enviaram para lutar contra a
Rússia estão atrelados a contrapartida da preferência na exploração de nossas
Terras Raras”...
Com um detalhe bem
divulgado nos últimos dois anos, todos as cidades invadidas pela Rússia estão
em áreas de menor relevância dessas Terras Raras, ou seja, Trump não está
fazendo favor algum para Zelensky, ao contrário é bem claro sua predileção ao
presidente da Rússia, Putin, um comportamento mal visto por qualquer cidadão do
mundo! Trump, sim está flertando com a terceira guerra mundial e a Europa já se
posiciona sobre isso...
Voltemos os olhos para
a postura digna de Zelensky que está disposto a negociar dentro dos limites
favoráveis à sua nação, não apenas para agradar Trump e principalmente sem
tentativas de humilhações públicas em represálias a questões pessoais mal
resolvidas!
Dignidade urgente para
todos!
20 anos registrando a história e a opinião rondoniense: Gente de Opinião
Começaremos com algumas das centenas de opiniões compartilhadas no portal de notícias nas últimas duas décadas! Para não ficar “pesada” a leitura va
Estimado político ou político de estimação?!
A política não é um fim em si mesmo. Trata-se de um sistema - meio para administrar as necessidades do povo. Sendo assim, é uma missão, não uma prof
Para falar do presente preciso voltar ao passado. Eu tinha uns oito anos quando assisti a uma reportagem do Globo Repórter mostrando um bairro tomad
Retrospectiva dos artigos de 2012 a 2024: Viviane V A Paes
Quem é da “minha época”, como costumam dizer por aí, nascido ou criado em Rondônia, lembra dos cadernos especiais de Retrospectiva dos jornais locai