Quinta-feira, 4 de maio de 2023 - 12h00
Desde o
inicio desse ano de 2023 tenho buscado estudar os preços de referencia para o
pagamento do litro do leite “in natura” pago pela indústria aos produtores
rurais de Rondônia, e, aparentemente essa atividade tipicamente da agricultura
familiar, trabalha para apenas fazer o giro nas suas propriedades, não
perfazendo uma margem eficiente de receita.
Tomando
como base os valores indicados pelo CONSELEITE DE RONDÔNIA, que edita sempre no
início de todo mês o Valor de Referência do Leite Padrão para um litro de
leite, sempre tirado 30 dias antes, e pago as vezes mais 10 ou mais 15 dias
adiante; podemos concluir que essa margem de “lucro” na atividade da produção
do leite é próxima mesmo de zero. O que permite em termos acadêmicos e
comerciais, promover a necessidade de um estudo mais amplo e eficiente das
causas desse fenômeno.
Outras
informações que tomei como base são o preço médio no Brasil do mercado de
compra do litro de leite que o CEPEA – centro de Estudos Avançados em Econômica
Aplicada realiza há tantos anos, contribuindo em muito para as correções
normais da competição de mercados.
Vamos aos
dados, portanto.
No ano de
2021 temos os seguintes referenciais aqui no estado de RO para o pagamento de
um litro de leite aos produtores locais: no mês de janeiro R$ 1,7844 e nos
meses de fevereiro e março o mesmo valor de R$ 1,2524 e n mês de abril R$
1,2560 mais adiante no mês de JULHO R$ 1,6809 e setembro R$ 1,6667 e no final
do ano, dezembro o produtor rural tirador de leite recebeu apenas R$ 1,4903:
enquanto que nesse mesmo período (2021) o mercado nacional de compras do
produto pagou em média R$ 2,43.
Em
Rondônia ao longo dos meses do ano de 2022 o pagamento de um litro de leite
classificado pelos laticínios como de média qualidade oscilou entre R$ 1,4719
em janeiro, R$ 1,6697 em abril, R$ 2,2418 em julho e R$ 1,7844 em dezembro. E
na media nacional esse mesmo ano industrias em vários municípios e estados com
produção leiteira pagou em média R$ 2,52 por litro entregue.
Mais uma
informação importante para os nossos leitores da coluna.
O
CONSELEITE é um organismo paritário criado por lei estadual e que se reúne
mensalmente para deliberação em cima de dados socio econômicos e de mercado,
aplicando equações de equilíbrio entre os preços dos insumos dentro da
propriedade na produção e entrega do leite e que também considera o mix de
produtos da indústria e seus custos para a industrialização e comercialização de
seus produtos, sendo uma contribuição importante como preço de referencia e
mediador entre os produtores e os compradores, mas é importante analisar também
aspectos relacionados com o mercado regional e as forças externas de competição
nesse mercado que, por exemplo teima a vinte anos em pagar pelo leite apenas 40
ou 50 dias após a sua entrega e fazer em muitas ocasiões uma certa distinção
entre a “qualidade” do litro de leite adquirido, dependendo da época do ano e
de outros fatores menos ortodoxos.
O fato é
que ao analisarmos os números mês a mês desse preço de referência, há milhares
de proprietários rurais de pequenas e medias propriedades que muitas vezes
pagam para trabalhar.
Uma
simples analise do preço médio pago em 2021 e 2022 no estado de RO e o preço
médio pago no Brasil a outros tiradores de leite, percebemos que há distorções
que carecem de um olhar mais efetivo do governo do estado, da assembleia
legislativa e outros órgãos de Estado para promover na cadeia do leite, uma
forma mais justa de pagar o trabalho e o empreendedorismo rural.
Anote por
favor na sua caderneta: em 2020 a média nacional de pagamento pelo litro de
leite foi de R$ 2,04 em 2021 foi de R$ 2,43 e em 2022 ficou na
casa dos R$ 2,52.
Rondônia
pagou em media no ano de 2022 R$ 1,9075 e no ano de 2021 o valor de R$ 1,4742.
Bom, se
você considerar que ao longo do ano de 2.020, isso mesmo, ano da pandemia
mundial, o Brasil pagou em media R$ 2.04/litro de leite aos produtores
rurais, estamos aqui em Rondônia no mínimo 24 meses no túnel do tempo;
posto que em 24 meses houve inflação e acréscimos de preços nos diversos
insumos que a produção rural de leite precisa para fazer as suas entregas
diárias. Não é mesmo à toa que desde 2019 muita gente está deixando essa
atividade.
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