Domingo, 31 de janeiro de 2021 - 10h07
Em janeiro eu fiz uma enquete
em vários grupos do whatsapp que participo, perguntando às pessoas de todas as
classes sociais e atividades, inclusive servidores públicos e empresários,
sobre, dentro de uma possibilidade de unificação do valor bruto do salário
mínimo nacional, qual seria um justo valor que atendesse às necessidades de uma
família de 04 (quatro) pessoas na atualidade.
Uma
questão simples que causou debates em pelo menos três dos grupos onde rolou essa
enquete.
Antes de continuar, gostaria
de informar aos leitores dessa coluna que o Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos- DIEESE, com sede em São Paulo, faz
pesquisas socioeconômicas há mais de 40 anos, sendo a mais conhecida aquela
pesquisa do acompanhamento mensal dos preços relacionados com o custo da cesta
básica alimentar em todo o país.
De acordo com essa agência o
salário mínimo ideal para que uma família de quatro pessoas pudesse se
sustentar deveria ter sido de R$
5.304,90 em dezembro de 2020.
Pois bem, na enquete realizada
por mim, vi alguns mencionar que seria muito bom unificar os salários em um
mínimo nacional, mas que não fosse superior a 2.000 (dois mil reais), outros declararam
que o aumento dado, em janeiro, pelo governo federal para os R$ 1.100,00 é
aquilo que o trabalhador brasileiro pode receber dado ao momento de crise,
outros ponderaram sobre os custos embutidos pelo governo que prejudica as
empresas; vi alguns poucos defender um
salário mínimo unificado nacional de 3 mil ou 4 mil para as despesas de uma
família de quatro pessoas.
Na verdade muita discussão,
mas em dois dias de minha insistência na pesquisa informal, recolhi de apenas
27 pessoas os dados que precisava.
E, olha, como é um tema
realmente que demanda muita discussão, o valor apontado pela maioria desse
pequeno universo pesquisado chegou ao valor de R$ 1.640,00 (Um mil, seiscentos e quarenta reais) para contratos de
carteira assinada para 30 dias e 200 horas de venda do tempo de trabalho.
Isso nos diz muito sobre o
conceito que temos de valor para o trabalho dos outros.
Traz à baila várias questões
que precisam ser debatidas no Brasil como o valor unificado mínimo da hora de
trabalho que, certamente poderá, com legislação própria, ser detalhada para as
diversas categorias de serviços especializados e aqueles ditos operacionais
como na indústria da construção civil ou na indústria naval. Mas é certo que
precisamos melhorar esse valor e mais ainda, melhorar as perspectivas.
No Brasil de hoje, um casal de
trabalhadores que estejam com carteira assinada recebendo o salário mínimo, e, onde
tenham apenas dois (02) filhos e nenhum agregado, é certeza que fazem milagres
com R$ 2.200,00 em um mês.
Não precisa muito para ter
essa certeza, basta somar as contas de água, energia elétrica, despesas com
transporte, saúde, alimentação, gás, educação, diversão e muitas vezes aluguel
e comunicação (celulares e internet).
Sobra
ansiedade e aumenta a pressão. Não é mesmo?
Muitas pessoas realmente hoje
estão adormecidas em seus próprios problemas e não conseguem ver as
dificuldades e as dores do outro.
Há também, por parte da classe
politica e dos governos; e incluo aqui ainda os célebres e falantes idealistas
da justiça e os defensores de uma república forte, com ordem e progresso, que
recebem salários mensais superiores a 40 ou 50 mil reais que possam descer de
suas escadas sociais ao menos para observar a bomba relógio que é suprimir o
direito de consumo de uma massa de quase 28 milhões de trabalhadores do meio
rural e da vida da cidade.
A década que passou foi
marcada por uma elevação nominal dos ganhos do salário mínimo no Brasil por
apenas 04 anos, sendo que as relações internacionais e as mudanças de cenários
deu força ao dólar e com esse referencial, o poder de compra das classes
sociais da base da pirâmide caiu.
Entre 2017 e 2020 muitos
perderam não só percentuais desse poder de compra, mas o próprio emprego, mesmo
que o governo e suas agencias possam de vez em quando modificar as formulas de
calcular o chamado emprego flutuante, entre outras denominações acadêmicas, a realidade nos diz simplesmente que é
preciso cuidar melhor do poder de compra e consumo dos trabalhadores.
Precisamos de uma economia que
defina claramente os conceitos do jogo econômico e onde o Estado reduza sua
presença em atividades não estatais e que realmente promova reformas em sua
plataforma fiscal; precisamos que a União foque seus esforços em quatro ou cinco
politicas públicas efetivas que tragam resultados para o seu povo, caso
contrário, viveremos sempre do irresponsável marketing politico, empurrando
soluções para os próximos 48 meses.
Graça e Paz.
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