Quinta-feira, 29 de dezembro de 2022 - 08h30
Chico
Mendes repetiu muitas vezes que a floresta em pé é mais vantajosa. Para os
nazistas, repetir a mentira mil vezes a faz parecer verdade, por isso os
extremistas insistem tanto em fake news. Repetir a verdade mil vezes, ao
contrário, faz com que ela pareça trivial. E assim Mendes tanto insistiu na
verdade de que a floresta pode ser melhor aproveitada que o conceito virou um
truísmo, algo que nem se discute de tão óbvio e banal que é.
A
floresta em pé é a base da bioeconomia, evidente caminho brasileiro para o
desenvolvimento em todos os campos. Com o esforço promovido pelo futuro governo
federal para estourar o teto de gastos, outra ideia banal e muito repetida
também ficou clara: o cobertor do orçamento é curto. Por isso cada setor
corporativo busca influir junto ao governo para não perder o chão conquistado.
Militares, federações e grupos de pressão da sociedade usam sua influência para
perder menos na hora do corte.
O
universo da bioeconomia também precisaria dar sua puxadinha no cobertor, pois
requer investimentos que não caem do céu. Há pouco, o diretor do Instituto Butantan,
Dimas Covas, disse que a biotecnologia é o calcanhar de Aquiles do Brasil. A
desindustrialização, as desigualdades, a energia e o atraso relativo também são
debilidades cruciais. Nesta hora, de onde quer que se olhe, o Brasil é um
imenso calcanhar de Aquiles. Mas sem união, cada qual puxando o cobertor para
si, o país continuará travado.
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As reviravoltas
Desde
os primórdios do estado o cenário político rondoniense tem se alterado através
de alianças e cooptações. Lembro que na eleição ao Senado em 1982 (ainda não
tinha eleição ao governo do estado), o então deputado federal Jeronimo Santana
(MDB) era cantado em prosa e verso para ser o senador mais votado. Mas perdeu
toda sua base no cone sul rondoniense através de cooptações governistas. E deu
Odacir Soares na cabeça, o mais votado e os outros dois candidatos do PDS foram
levados juntos ao Senado com apoio do poderoso governador Jorge Teixeira, que
foram Claudionor Roriz (Ji-Paraná), Reynaldo Galvão Modesto (Ouro Preto do Oeste).
Dupla ajustada
Na
primeira eleição ao governo de Rondônia, em 1986, o PDS lançou o que tinha de
melhor de seus quadros para eleger o primeiro governador do estado. A governador
foi lançado o senador Odacir Soares (Porto Velho) o mais votado em 1982, ao
Senado o deputado estadual José de Abreu Bianco (Ji-Paraná), o mais votado a
estadual e que já tinha sido presidente da Assembleia Legislativa. No entanto, beneficiado
pela onda Tancredo Neves, deu Jeronimo Santana (PMDB) nas urnas, dando troco
aos governistas na derrota sofrida em 1982. Uma reviravolta em cima da forte estrutura
do PDS em Rondônia.
Cabeça para baixo
No
pleito ao governo do estado em 1990 tudo virou de cabeça para baixo com o
assassinato do senador Olavo Pires (PTB-Porto Velho). Tudo se encaminhava para
um segundo turno entre o senador Olavo e uma jovem liderança emergente em
Rondônia, o ex-prefeito de Rolim de Moura Valdir Raupp de Matos. Com a morte de
Olavo, entrou na disputa o terceiro colocado no primeiro turno Oswaldo Piana
Filho (Porto Velho), aplicando uma baita virada sobre o favorito da temporada
Valdir Raupp no segundo turno. Piana, Piana. Na onda Collor de Melo, com apoio do
prefeito de Porto Velho Chiquilito Erse e do prefeito e Ji-Paraná José Bianco,
virou o jogo.
Baita reabilitação
Em
1994, o MDB voltaria ao poder com Valdir Raupp (vice Aparício Carvalho) se reabilitando.
Derrotou o maior favorito de todos os tempos ao governo estadual, o ex-prefeito
de Porto Velho Chiquilito Erse, numa virada sensacional. Com tamanha vitória,
Raupp se tornaria o nome mais expressivo para 1994 e era mais do que certa
considerada sua reeleição. Mas quem seria eleito seria o ex-prefeito de
Ji-Paraná, senador José Bianco que até poucas semanas da eleição figurava em
quarto lugar. Mais um grande favorito tombando. Bianco não obteria a reeleição
depois por causa do episódio das demissões, cedendo a cadeira para um afilhado
político que tinha se rebelado, Ivo Cassol no pleito de 2002.
Favoritismo e brisa
E
assim tem sido as eleições rondonienses, exceto na reeleição de Ivo Cassol em
2006, o restante foi tudo em cima de viradas. Confúcio eleito em 2006 e
reeleito em 2010 não era favorito em nenhuma das duas jornadas. O que dizer do
atual governador Marcos Rocha? Uma zebraça em 2018 e reeleito no pleito de
outubro contra um favoritíssimo no segundo turno do senador Marcos Rogério
(PL-Ji-Paraná). Se vê pelos retrospectos que favoritismo vira brisa em
Rondônia. Efeitos manadas devastam as projeções de pesquisas e dos articulistas
políticos de plantão. É coisa de louco!
Via Direta
*** A grande diferença dos políticos
abonados que perderam as eleições em 2022 com relação aos políticos menos
favorecidos pela sorte monetária é que os primeiros vão lamber as feridas da
derrota em magníficos resorts americanos, mexicanos e baianos *** Já, os derrotados,
com pouca grana, vão lamber as feridas em modestas pousadas nas areias de
Fortaleza do Abunã. Lá também é local predileto dos políticos acreanos que se
lascaram no pleito de outubro *** Será
uma baita confraternização dos acreanos e rondonienses ferrados, amaldiçoando a
má sorte em 2022 *** Chegando a virada do ano e quem escapou dos assaltos e
arrombamentos na capital rondoniense terão muito o que comemorar. Poucos conseguiram
se safar dos criminosos que tomaram conta da capital.
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