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Carlos Sperança

A trapalhada, os predadores e grandes rachas


A trapalhada, os predadores e grandes rachas - Gente de Opinião

Errando o alvo

Nos saloons de faroeste era comum o aviso “não mate o pianista” aos pistoleiros e xerifes. No tiroteio trocado entre os responsáveis pelos assuntos dos povos amazônicos do governo anterior e do atual, por enquanto está sobrando para o pianista, ou seja, a imprensa, que nada mais fez e faz do que reportar os fatos, ouvindo sempre que possível os dois lados da questão.

Atirar no pianista era sinal de incapacidade dos pistoleiros de acertar seus verdadeiros alvos. Também no caso do tiroteio contra os mensageiros, que reportaram ações ou prevaricações cometidos em sucessivos governos, é mais fácil acusar a imprensa que reconhecer erros ou pelo menos apresentar versões consistentes. Atribuir problemas a deuses, demônios, ETs, adversários e imprensa é prática infantil, por evidente falta de argumentos.

Se na reunião do Conselhão da Amazônia de 30 de agosto de 2022 o então vice-presidente Hamilton Mourão, atualmente senador, disse que os garimpeiros continuavam invadindo a área Yanomami e sugeriu a necessidade de uma operação de grande envergadura na região, que nunca ocorreu, só há duas opções: ou disse ou não disse. Nove meses antes, em novembro de 2021, Mourão atirou na imprensa, afirmando que as notícias sobre o drama do povo Yanomami eram “inverídicas”. Seria mais fácil reconhecer que estava mal informado na primeira vez e mais municiado de dados na segunda. Pouparia muita confusão.

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A trapalhada

Até a grande trapalhada – a maior de todos os tempos –no reajuste do IPTU em Porto Velho, ninguém tinha dúvidas que a aliança entre o governador Marcos Rocha e o prefeito Hildon Chaves emplacaria a ex-deputada federal Mariana Carvalho na prefeitura da capital no pleito de 2024. Era a grande favorita, a campeã de recursos destinados ao município de Porto Velho no Congresso, a rainha da cocada preta com tantos votos obtidos ao Senado, etc e tal. Das eleições para cá alguma coisa mudou: no âmbito do governo Marcos Rocha, emergiu o deputado federal mais votado no estado, Fernando Máximo como candidato. Na esfera municipal, o grande desgaste de Hildon Chaves com o IPTU.

os predadores

Uma coisa era disputar o prédio do relógio, sede do governo municipal, meio desanimado, contra a larga vantagem de Mariana. Era algo até desanimador. O racha da aliança situacionista, mais a revolta contra o prefeito por conta do IPTU – que ainda persiste nos grotões das regiões mais populosas, como Zona Leste e Zona Sul mesmo com as mudanças anunciadas – fizeram com que os predadores com as garras de fora intensificar seus esforços. Com isto, Leo Moraes (Podemos), Fernando Máximo (União Brasil) aceleraram o passo visando a conquista da prefeitura da capital no pleito do ano que vem.

Grandes rachas

Grandes rachas em Rondônia significam derrotas nas urnas. Vejam alguns exemplos. Racha da aliança de Chiquilito no segundo turno em 94, racha da aliança de Valdir Raupp em 98, racha da aliança Cassol/Expedito, racha dos petistas em seguida, e por aí vai. O caminho para a união de Rocha e Hildon naufragar no ano que vem na sucessão municipal é a divisão de forças da coalizão, não manter a palavra nos acordos no pleito 2022, o bolsonarismo rachado, etc, etc. Como um vírus oportunista, os predadores vão surgindo, provocando uma antecipação da corrida eleitoral 2024.

Água abaixo

A criação da federação de partidos unindo o PP de Ciro Nogueira e o União Brasil de Luciano Bittar rolou água abaixo. As diferenças regionais nos estados, não permitiram a junção das agremiações que tornariam o “União Progressista”, a maior legenda no Congresso Nacional e em condições de negociar mais ministérios com o governo Lula. O maior problema verificado entre os dirigentes seria a formação dos diretórios estaduais do novo partido. Ninguém se entendia neste balaio de gatos e com isto a melhor solução foi cada legenda seguir seu próprio caminho.

Da conveniência

Não é da conveniência dos prefeitos rondonienses que vão concorrer a reeleição, como Esaú Fonseca em Ji-Paraná, Fúria em Cacoal, com a popularidade em alta antecipar a corrida sucessória. Tampouco é conveniente para o prefeito Hildon Chaves em Porto Velho, que apoia Mariana, e tem intenção de disputar o governo estadual em 2026.Antecipar a campanha significa desgaste, os oposicionistas atentos para largar o cacete nos alcaides, conspirar nas câmaras de vereadores atrapalhando as ações dos prefeitos. A antecipação prejudica a própria população que depende da agilidade do Executivo para atender as demandas sociais.

As consequências

O desgaste político dos atuais prefeitos tem consequências. Vereadores até então obedientes, se comportando como avestruzes na aprovação de projetos do Executivo, pensam em salvar a pele, se voltando contra os prefeitos depois de terem recebido tantas benesses, como atendimento de reivindicações, nomeação de apadrinhados, como aconteceu em Porto Velho. A liderança dos prefeitos fica abalada e edis que até então eram submissos ao ponto de nem ler os projetos emanados do Executivo com aprovação a toque de caixa, se manifestam agora mais atentos até as virgulas das matérias governistas.

 

Via Direta

*** Para atender a demanda de tantas indicações de cargos comissionados ligados a deputados estaduais e aliados políticos regionais o governador de Rondônia Marcos Rocha (União Brasil) criou mais secretarias estaduais em sua gestão *** Parece parente do  presidente Luís Inácio Lula da Silva que quase dobrou o número de ministérios para atender em seu governo  as necessidades da sua base aliada no Congresso Nacional *** A desculpa é sempre a mesma, atender melhor a população *** O inverno amazônico segue implacável atingindo duramente alguns municípios rondonienses *** Felizmente o Madeirão está comportado nesta temporada, longe de provocar enchentes nos bairros adjacentes.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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