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Carlos Sperança

Os sacrifícios dos comerciantes e aqui se faz, aqui, lá e acolá se paga


Os sacrifícios dos comerciantes e aqui se faz, aqui, lá e acolá se paga - Gente de Opinião

Todos pagam

“Eu sou você amanhã”, slogan da vodca Orloff, cabe para a alternância de situações climáticas entre o Norte e o Sul do país. Quando o Norte sofria inundações, o Sul amargava a seca. Hoje, o rigor da seca ao Norte contrasta com as Cataratas do Iguaçu destruindo as sólidas passarelas nas quais os turistas presenciavam os saltos, interditados ao público por conta de uma elevação das águas 14 metros acima do normal.

A alternância entre seca e cheias não é tudo. As queimadas e incêndios, com suas fumaças e cinzas, não empesteiam os ares somente das regiões em que ocorrem: há rios voadores que levam do Norte para o Sul tanto águas quanto os venenos espalhados no ar. Nesta primavera, a mesma fumaça que levou muitos nortistas aos postos de saúde com os mais diversos problemas pulmonares transita sobre os céus sulistas, chegando até o RS e Uruguai.

Não se trata de um fenômeno novo: as fumaças das queimadas e incêndios sempre vão para o Sul via rios voadores, mas a situação de lá piorou porque se multiplicaram os incêndios florestais também no Centro-Oeste, Paraguai e Bolívia. Uma consequência disso é a primavera mais quente que os verões antigos, com temperaturas semelhantes às do Norte. O conceito moral “aqui se faz, aqui se paga” mudou. Os crimes ambientais aqui se pagam em rigores climáticos, mas os moradores do Sul também pagam. Ou seja: aqui se faz, aqui, lá e acolá se paga.

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 A pirataria

Não bastasse o narcotráfico que tomou conta de Rondônia e as facções criminosas instaladas com seus escritórios do crime nos principais conjuntos populares de Porto Velho, eis que a capital rondoniense enfrenta também a crescente pirataria com assaltos nas balsas e embarcações de passageiros no trajeto da hidrovia do madeira, entre Porto Velho e Manaus. Como no Amazonas os piratas estão sendo repelidos com patrulhas nos rios, os meliantes mudam para ares mais favoráveis, e neste momento Rondônia está mais desguarnecida e menos equipada para enfrentar esta modalidade criminosa.

Perdendo força

O fanatismo bolsonarista, que foi capaz de rejeitar a vacina covid na pandemia e orquestrar um ato terrorista no aeroporto de Brasília com explosão de um caminhão, aos poucos vai perdendo força, pelo menos em Porto Velho. Na capital, os extremistas  sempre tiveram dificuldades , caso do último pleito municipal em 2020, o bolsonarista Eyder Brasil sequer chegou ao segundo turno. A bem da verdade, Porto Velho não elege políticos da esquerda, desde Roberto Sobrinho, um petista de grande aprovação popular, eleito e reeleito. A maioria dos alcaides eleitos foram de orientação de centro-direita e de centro esquerda.

Força no interior

No entanto, no interior rondoniense, onde se concentra dois terços dos eleitores do estado, a tendência conservadora é uma realidade e o bolsonarismo ainda prospera e deverá manter grande influência nas eleições municipais de 2024 e gerais de 2026 ao governo do estado e na eleição de dois senadores. Nos principais polos regionais do estado, os postulantes aos Paços Municipais favoritos são conservadores, alguns um tanto mais, outros um tanto menos. Nem no auge de Lula em décadas passadas a esquerda se vitaminou no estado, e municípios importantes como Ariquemes e Vilhena o PT nunca elegeram um prefeito.

Acordo andando

Nos círculos políticos está rolando a informação de que os beligerantes senadores do PL Marcos Rogério (Ji-Paraná) e Jaime Bagatoli (Vilhena) estão finalmente chegando a um acordo com as bênçãos dos irmãos bolsonaros. Bagatoli assegurando a legenda para disputar o governo do estado em 2026 e Marcos Rogério com seu projeto de reeleição. Ninguém expulsa ninguém, todo mundo se une. Fica no prejuízo a deputada federal Silvia Cristina que já estava de asas crescidas para disputar uma cadeira ao Senado pelo Partido Liberal, caso Rogério fosse “degolado”.

Os sacrifícios

O aumento do ICMS em Rondônia vai impor alguns sacrifícios aos comerciantes e as rondonienses. Mesmo caindo de 21 para 19,5 por cento (a luta era para ser mantido no atual patamar de 18 por cento estabelecido na era Bolsonaro), o tributo deve impactar no comércio no ano que vem, mas não tenho dúvidas que era uma necessidade, diante da reforma tributária que está causando o mesmo transtorno para outros estados. O governador Marcos Rocha viu esta necessidade para poder manter pagamento em dia do funcionalismo e dos fornecedores e seu projeto de infraestrutura. Tem desgaste político? Tem, mas pode ser absorvido com o tempo.  

Via Direta

*** Nunca na história amazonense Manaus foi tão atingida pelas queimadas e suas grossas camadas de fumaça em toda sua região metropolitana *** As mudanças climáticas atingem de rijo grande número de municípios do vizinho estado que dependem do abastecimento através dos rios, todos prejudicados pela estiagem, incluindo os do porte do Solimões e do Madeira *** A caravana Pró- BR 369 foi a Brasília para defender a imediata restauração da rodovia, que dos 900 quilômetros de Porto Velho a Manaus tem cerca de 450 sem pavimentação *** Trocando de saco para mala: Para se manter, pequenos restaurantes na Zona Leste de Porto Velho estão vendendo o marmitex a R$ 10,00. É uma situação aflitiva, muitos migraram para a venda de espetinhos.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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