Segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 - 18h17
Por William Haverly Martins
Estou chegando de férias, perambulei por algumas cidades do Rio Grande do Sul, estive na zona da soja, visitando Santa Rosa, cidade da Xuxa, na rota das Missões, passei por Santo Ângelo e São Miguel. Conheci a cidade de Cruz Alta, berço natal de Érico Veríssimo, experimentei o clima da Serra Gaúcha e a beleza de Torres, no litoral. Encantou-me a veemência com que os gaúchos defendem as suas raízes, seus valores culturais e suas figuras históricas, ao contrário dos governantes rondonienses que tratam a história de nossa terra e seus personagens como a Gol a seus clientes: na base de rosquinhas e bolachinhas acompanhadas de refrigerantes da Pepsi.
A revolta da cronista e acadêmica Sandra Castiel ganha vulto, quando relata, em sua crônica desta semana, o descaso das autoridades para com nossas raízes, nossas personagens, nossas publicações literárias e históricas. A professora Marise Castiel merece um Memorial no bairro Caiari, mas não nos moldes do que dedicaram ao ex Governador Jorge Teixeira de Oliveira, que está abandonado e entregue às traças, prova da desconsideração, do desleixo para com a memória das pessoas importantes da nossa região.
Na cidade de Santa Rosa (RS), ao entrar na rua onde nasceu a Xuxa, nos deparamos com um enorme painel, chamando a atenção dos visitantes, sua casa virou um Memorial. Tudo muito bem cuidado com recursos da Prefeitura da cidade.
Mesmo diante do absurdo da comparação, não acreditamos que a Xuxa seja mais importante para Santa Rosa do que a professora Marise Castiel foi para Porto Velho e Rondônia. Além da homenagem a Xuxa, existe um museu aos pioneiros italianos, museu da soja, casa do artesanato, museu da antiga estrada de ferro e, no centro da cidade, uma escultura do goleiro Taffarel, também oriundo de Santa Rosa.
Em São Miguel das Missões (RS), cidade fronteiriça, no Sítio Arqueológico, patrimônio da humanidade declarado pela UNESCO, há um verdadeiro museu a céu aberto com iluminação especial e outro fechado - O Museu das Missões - projeto de Lúcio Costa, com o maior acervo do Brasil de esculturas de santos feitos pelos índios, ou trazidas da Europa. A gente ouve relatos advindos de alto falantes, participa de filmes pelas ruínas (bem preservadas) e acompanha a saga dos jesuítas da Companhia de Jesus pela conquista daquela região dos guaranis, os Sete Povos das Missões, envolvendo três países: Brasil, Argentina e Paraguai. Uma verdadeira aula de história narrada para visitantes, estudantes e moradores da cidade. Que tal fazerem o mesmo na EFMM!!! Tomar como exemplo o que deu certo, não diminui ninguém.
Em Cruz Alta (RS), o museu com os pertences e, notadamente, as obras do escritor gaúcho Érico Veríssimo, além de um auditório para 50 pessoas onde podem ser assistidos filmes e vídeos sobre o escritor, é um exemplo de como se deve preservar a memória dos ilustres de uma cidade. Nos finais de semana, a fundação Érico Veríssimo promove shows musicais, valorizando ainda mais o ambiente. Tudo e todos recebem seu grau de importância, qualquer escolar sabe enumerar na ponta da língua as obras do escritor e a história de cada livro.
A pujante Caxias do Sul, a 2ª maior cidade do estado, se impõe pela limpeza de suas ruas e pelas festas espetaculares, com desfiles de lindas mulheres, evidenciando a cultura da uva e do vinho. Porto Alegre, seu centro histórico e o Museu Júlio de Castilhos é um capítulo à parte, fica para outra oportunidade, assim como as belas cidades do litoral.
As cidades de Canela e Gramado sobrevivem do turismo, dos inúmeros museus e parques ecológicos dos municípios. Uma verdadeira festa para os olhos! Destaque para o parque da cachoeira do Caracol. Sabemos de parques ecológicos privados, no interior de Rondônia, mas não conheço nenhum em Porto Velho, o que existia, na Avenida Rio Madeira e funcionava como um Jardim Zoológico, está abandonado.
O Palácio do Governo de Rondônia, com a criação do Centro Administrativo Estadual, deveria se transformar no Palácio da Cultura, abrigando todas as entidades culturais do Estado, inclusive o Museu do Estado. Agora já estão falando que lá será, apenas, o Museu do Estado, ou seja, mais um elefante branco destinado ao abandono precoce: o espaço para o Café com Letras, idealizado pela ACRM, a sede da ACLER e da ACRM também em negociação com a SECEL estão virando páginas passadas, mas nós vamos brigar e cobrar a palavra dada pelo Secretário e pelo Governador, no programa televisivo do acadêmico e médico Viriato Moura. Chega de aceitarmos tudo de cima pra baixo. As sedes das entidades culturais contribuirão, e muito, na revitalização do espaço e maior visibilidade do Museu do Estado.
E por falar de Rio Grande do Sul, que saudades da VARIG, lembro-me de uma viagem que fiz num Boeing 747 de Manaus para o Rio de Janeiro: o vôo proveniente de Miami, passava de madrugada por Manaus. Quando o dia amanheceu, nos forneceram toalhas úmidas e cheirosas para a higienização do rosto, o café da manhã era a La Carte, com direito a ovos mexidos com bacon e outras iguarias. Um luxo memorável. As poltronas, mais largas e mais confortáveis, inclinavam-se o suficiente a um bom descanso. Nos vôos domésticos, durante o almoço ou janta serviam medalhões de filé mignon, peito de peru com arroz e saladas especiais, acompanhados de vinhos finos, sucos e outras bebidas, como conhaque Cointreau, por exemplo. A VASP, a Cruzeiro do Sul e a Transbrasil, para não perderem a freguesia tentavam acompanhar a VARIG: a rivalidade no atendimento privilegiava o passageiro. As poltronas de agora são um convite ao desconforto e o cardápio, cardápio?...
Hoje, a rivalidade é nivelada por baixo, o capital tripudia de nossos sabores, conforto e memória, mas as rosquinhas da Mabel, fornecidas pela Gol, em todos os vôos por este Brasil afora, são uma afronta ao nosso precioso dinheirinho, melhor não servirem nada, assim, voltaríamos ao caseiro frango assado com farofa, presente em todas as viagens de ônibus de um passado não muito distante, ahahahahah.
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da ACLER – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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