Sábado, 10 de novembro de 2012 - 06h12
William Haverly Martins
No Brasil assombrado pelo petismo social, qualquer movimento vira uma sigla, não é nosso caso, não pretendemos iniciar o MMST, Movimento dos Mortos Sem Teto, mesmo por que, vivos, estamos nesta caminhada contínua que inexoravelmente nos leva a morte. Entretanto, nosso movimento pode ser compreendido pelo prefeito eleito, como sugestão de revitalização das instalações do Cemitério dos Inocentes, do Cemitério de Santo Antonio, do Cemitério da Candelária e construção de um novo, já que o cemitério de Santo Antonio não suporta mais sepultamentos.
Neste recente feriado de finados pudemos constatar in loco a improvisação, as gambiarras, a limpeza de última hora que foram feitas no Cemitério dos Inocentes e de Santo Antonio para receber o público que costuma, nesta época, visitar os entes queridos que já partiram.
Transforme, Senhor Prefeito, o cemitério dos Inocentes em um ambiente que se assemelhe mais a uma praça do que a uma prisão. Derrube aquelas muralhas horrorosas. Durante nossa visita, nos acompanhou um arquiteto da ACRM (Associação Cultural Rio Madeira), que sugeriu fosse construído, no entorno do cemitério, no local das muralhas, um caminho pavimentado, de cerca de dois metros, com escadas largas nos locais com declive, tudo muito bem iluminado, com bancos de granito e canteiros de plantas, ao longo da passarela. Com um pouco de sensibilidade dá até para visualizar o novo ambiente, que nos reacenderia o orgulho de sermos portovelhenses. Clique AQUI e assista vídeo do Programa Viva Porto Velho.
E onde hoje se encontra o estacionamento, poder-se-ia construir uma capela ecumênica ampla, com jardins bem cuidados e muitas esculturas de artistas de nossa terra, com motivos religiosos, de tal forma que fôssemos visitados por turistas, como um museu a céu aberto. Placas indicariam a localização dos túmulos de nossos mortos ilustres e das famílias pioneiras. Sugerimos, ainda, que seja instalado, depois da reforma das instalações, um posto 24h da guarda municipal, ou polícia militar, com câmeras espalhadas pelos quatro cantos do ambiente, para evitar a ação de vândalos. Uma reforma bem feita faria daquelas tenebrosas instalações de horror, um local, não só de tristeza, mas de prazer pelo belo visual de plantas decorativas, túmulos bem cuidados, caminhos limpos e bem delimitados, valorizando o coração de nossa querida cidade.
Veja o que diz o pesquisador Harry Bellomo no seu livro “Cemitérios do Rio Grande do Sul”: os cemitérios podem nos fornecer valiosas informações:fonte de estudo das crenças religiosas; forma de expressão do gosto artístico; forma de expressão da ideologia política; forma de preservação do patrimônio histórico; fonte para conhecer a formação étnica; fonte para o estudo da genealogia; fonte reveladora da perspectiva de vida.
O Cemitério de Santo Antonio também poderia passar por uma reforma, nos mesmos moldes, com a vantagem de ser mais amplo, o que facilitaria a pavimentação das ruas e ainda há a possibilidade de ser incluído nas contrapartidas do Consórcio Santo Antonio Energia. Também precisa de uma capela ecumênica, manutenção e vigilância constante.
Entrementes, mais sério do que as reformas dos cemitérios é o problema dos mortos sem teto, poucos são os vivos que sabem do novo problema criado pela Prefeitura. Procurem entender: a Prefeitura, por falta de planejamento, deixou de construir um novo cemitério. A título de “solução” fechou contrato de cinco anos com um cemitério particular, contrato este defendido com unhas e dentes pelo secretário responsável. Esta história de falta de área pra construir um cemitério municipal é pura balela.
Este tal contrato de arrendamento, compra, aluguel, sei lá o quê, precisa de urgente fiscalização dos órgãos de controle do município, Ministério Público, Tribunal de Contas para se saber quanto custou, ou custará, aos bolsos dos munícipes, esta irresponsabilidade administrativa, por total falta de planejamento. Nós até somos a favor de certas privatizações, mas nos preocupa o quesito corrupção nestas transações feitas às pressas.
Como o atual prefeito está limpando as gavetas, tomamos a liberdade de sugerir ao eleito que, se quiser, pode fazer um cemitério ecológico: prédios de nichos/gavetões
hermeticamente fechados: milhares de pessoas poderiam ser sepultadas numa área pequena e com total higiene. A construção seria muito rápida, pois tudo começa com a fundação: a necrópole vai crescendo, conforme forem aparecendo mortos a serem sepultados. Os nichos são de concreto, onde são depositados os caixões, depois fechados com uma tampa de concreto, tudo muito rápido, higiênico, ecológico e bonito. No entorno caberia a construção de um bosque de frondosas árvores amazônicas.
Deixamos para o fim o Lendário Cemitério da Candelária: um belo parque/praça/jardim poderia ser construído no local, premiando os moradores dos bairros daquela região, com um aprazível local para encontros e lazer. Não esqueça, senhor prefeito, que os jazigos que resistiram ao tempo, seriam transformados em sepulcros suntuosos e no centro da praça seria erguido um monumento (obelisco, por exemplo) ao trabalhador anônimo, que deu sua vida pela construção da EFMM.
Concluo adaptando as palavras de Ernest Renan ao nosso caso: um estado, uma cidade, compõe-se dos mortos que a fundaram, assim como dos vivos que a continuam.
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da ACLER – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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