Sexta-feira, 28 de setembro de 2012 - 19h52
William Haverly Martins
O dilema da opção que obriga uma decisão, talvez seja das horas mais difíceis de um ser humano. A vida de uma pessoa depende basicamente das suas escolhas, de pitadas de sorte e de muita transpiração, mas quando este dilema se apresenta como pequena parte de uma decisão grupal, o peso da escolha se divide e não transfere à consciência do indivíduo, a necessária e fundamental significação: no caso em tela, a escolha de um governante deveria ser tão criteriosa, como a opção de um proveitoso atalho na estrada da vida. Uma vez eleito, ele irá influir na educação, na saúde, no trânsito, no transporte e em vários outros setores importantes da vida do cidadão: a decisão é coletiva e por maioria simples, mas o resultado, de certa forma, nos atinge individualmente. Além disso, nada acontece no município que não envolva todas as camadas sociais:
[....] os indivíduos, por mais diferentes que seja seu modo de vida, suas ocupações ou seu caráter, estão dotados de uma alma coletiva que lhes faz comportar-se de maneira completamente diferente de como se comportaria cada indivíduo isoladamente. (MARTIN-BARBERO, 2009, p. 56-57)
O problema maior deste dilema são os partidos políticos, que no Brasil sofrem da falta de uma ideologia consistente, a maioria deles vive na órbita do poder, como os planetas em torno do sol, circunavegando em busca de tetas. Somos obrigados a conviver com fisiologistas. Até bem pouco tempo o Deputado Federal Moreira Mendes pertencia ao PPS de Freire, agora está no PSD de Kassab, dois partidos completamente diferentes no capítulo da orientação ideológica. David Chiquilito que era do PC do B, foi para o PMDB e apareceu no horário político, pedindo votos para o PV: significa dizer que o político brasileiro não possui um mínimo de coerência aceitável. As regras mudaram pouco, entretanto, recentemente, mudava-se de partido como quem muda de roupa, sem escrúpulos e sem pudor. E sem consultar o eleitor!
A reforma política continua sendo apenas projeto, o voto distrital, que poderia melhorar a qualidade do voto do brasileiro, já foi discutido em várias instâncias, mas nunca ultrapassou a barreira da discussão, porque existe um grupo de políticos satisfeito com a bandalheira e as facilidades do sistema atual que emudece e turva a memória do eleitor.
Na alcova municipal, povo e prefeito se relacionam de forma assexuada, mas descomprometidos com os bons costumes: são cinquenta tons de amarelo, a cor do ouro, porém o matiz que nos interessa é o da atenção aos semáforos da vida. Se não escolhermos convenientemente um entre os tons que se nos apresentam, em tempos de Cinquenta Tons de Cinza, correremos o risco de mais um Marquês de Sade, chega de passividade na alcova, chega de masoquismo, nós temos a força.
O povo, quando quer, assume o desejo e vai ao mundo da imaginação dar o troco, invertendo as posições: quem não se lembra de ter algemado um prefeito, nu, na cadeira de decisões do gabinete, por práticas de corrupção, pelo sádico prazer de vê-lo suplicar pelo seu terno azul. Quem não se lembra de ter chicoteado as nádegas de um prefeito, como castigo pela condução errada do trânsito caótico, pela falta de investimento na educação, pelas inúmeras obras inacabadas, por um parente que morreu na fila do posto de saúde, por uma multa mal aplicada. Embora na imaginação, o mundo das atrofias desperta prazeres mútuos. Na prática o prefeito sempre sai ganhando, pois é dele o poder decisório de manuseio das verbas, as chaves do carro e do motel. Ao povo resta o critério na hora da escolha, a confiança nos órgãos de controle e o conceito de poder social.
As atitudes sadomasoquistas tão em voga na literatura ficcional estimulam o cronista que se sabe agente dos meios de comunicação, responsáveis pelas maneiras de fazer e mudar o mundo. Na alcova com o prefeito, ou cinquenta tons de amarelo é um estímulo e um alerta aos pretendentes a Odorico: “em política os finalmentes justificam os não-obstantes”. O prefeito poderá ser “O Bem Amado” do povo, basta acabar com a prática da insolência e com a mania de achar que o povo se deixa usar em todas as posições. O chicote dói no lombo do povo, mas as algemas decoram melhor os pulsos do transgressor.
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da Acler – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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