Segunda-feira, 28 de janeiro de 2013 - 06h52
William Haverly Martins
Só os poetas são donos do privilégio inominável de ser ele mesmo e o outro ao mesmo tempo, só eles conseguem ingressar o íntimo do ser e alojar nele um ponto de vista universal, como se traduzindo em versos uma língua humana, escrita na abstração da sensibilidade, da dor, da solidariedade, da compaixão e do amor.
Quando o poeta inglês John Donne disse que - “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti” – estava expressando em versos ecumênicos o sentimento da humanidade, principalmente diante de tragédias, como o incêndio da boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul, ocorrido na madrugada desse domingo, onde morreram mais de duas centenas de pessoas.
Não há como não se emocionar, não há como não se solidarizar com o sofrimento dos irmãos gaúchos, somos partes desse gênero humano de que nos fala o poeta, por outro lado não há como não se indignar diante de tragédias que poderiam ser evitadas. Em várias partes do mundo já ocorreram incêndios provocados por sinalizadores, ou por artefatos de shows pirotécnicos, usados por bandas. Não basta se indignar, precisamos de ações que ponham fim a insensatez humana, ancorada no lucro a qualquer custo.
Um destes incêndios, provocados pela irresponsabilidade, ocorreu em Rhode Island, nos EUA, em 2003, e matou mais de cem pessoas, provocando revolta, prisão dos responsáveis e mudança nas leis de segurança que regulamentam o uso de artefatos pirotécnicos em palcos, ou em locais com riscos de qualquer natureza. No Brasil, lamentavelmente, ainda estamos sujeitos ao jeitinho brasileiro, à propina e outros argumentos que permitem excesso de público em clubes, ou boates, que permitem funcionamento sem a atualização do alvará, ou sem a revisão nos extintores de incêndio. Revisão? Aqui “eles” se limitam a um rápido olhar na data de validade do lacre.
Segundo o depoimento de um dos membros da banda que tocava no referido show de horrores de Santa Maria, logo que percebeu que as faíscas do sinalizador haviam atingido o teto e provocado uma pequena labareda, ele imediatamente procurou e encontrou um extintor de incêndio, mas quando tentou usar, o extintor não funcionou, estava vazio, e o incêndio se alastrou pela espuma do revestimento acústico, provocando uma fumaça preta terrivelmente tóxica, que envenenou os jovens que a inalaram, forçosamente. Não houve mortes por carbonização.
Aí cabe a pergunta às autoridades deste nosso Brasil: algum elemento do corpo de bombeiros, ou da vigilância pública de qualquer natureza, já se preocupou em testar os extintores antes da realização de shows para grande público, ou em exigir uma saída de emergência eficiente, em casas de shows desta natureza?
Tomara que em Porto Velho, como no resto do país, as autoridades brasileiras se conscientizem da necessidade de se levar a sério o item fiscalização e de acabar de vez com esta história de propina, de vista grossa. Não se trata simplesmente de punir os culpados por tragédias como essa, mas de exigir, de cobrar o cumprimento rigoroso da legislação, ou de melhora-la, evitando a repetição de fatos considerados intoleráveis pela sociedade.
Em meu nome e em nome da ACRM (Associação Cultural Rio Madeira) apresentamos nossos sinceros sentimentos ao povo gaúcho, tão fortemente atrelado ao desenvolvimento e ao destino do estado de Rondônia, nas pessoas do professor Adelírio Bianchi, do arquiteto do IPHAN e professor Giovani Barcelos e de minha nora, a universitária Fernanda Sliwinski.
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por todos nós e nos livre da repetição de tragédias que colocam em evidência a estupidez humana.
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da ACLER – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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