Segunda-feira, 17 de outubro de 2011 - 13h46
Por William Haverly Martins
Que o Brasil precisa ampliar o acesso à Universidade Federal ninguém questiona, mas que se utilize de um programa caolho – REUNI – que prioriza a quantidade em detrimento da qualidade, uma expansão quantitativa e não qualificativa, não aceitamos porque acreditamos que a universidade não pode deixar de ser um referencial de qualidade. É bem a cara deste país, sempre às voltas com o complexo de vira lata em relação às nações desenvolvidas do universo, a tentativa de aparecer diante dos índices internacionais da quantidade de cidadãos com acesso garantido á universidade, mas quando se promove um teste para detectar a qualidade do ensino brasileiro, em comparação com universidades de países desenvolvidos, é uma tristeza, uma vergonha.
Para quem não sabe o REUNI é mais uma pirâmide do MEC, além da pretensão grandiosa: aumento de vagas; redução de taxas de evasão; ocupação de vagas ociosas; reestruturação acadêmico-curricular; renovação pedagógica da educação superior; mobilidade intra e interinstitucional; suporte da pós graduação ao desenvolvimento e aperfeiçoamento qualitativo dos cursos de graduação; aumento substancial do investimento, algo em torno de alguns bilhões de reais; é realmente um túmulo do ensino de qualidade, deixando muito a desejar. O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, que deveria ter como principais objetivos a ampliação do acesso a universidade e uma profunda e ampla reestruturação da educação superior, não vem colhendo bons frutos nas IFES que aderiram, em Rondônia, por exemplo, tem sido um desastre. A gênese do imbróglio é um decreto de 2007 (nº6. 096/2007) com ações plurianuais previstas para a conclusão em 2012.
O próprio MEC, ao apostar suas fichas no Reuni, reconhece que o sistema de educação superior brasileiro ainda conserva modelos de formação acadêmica e profissional superados e que, lamentavelmente, ainda continuam emperrados, apesar dos esforços federais. Na verdade prevalece no sistema nacional uma concepção fragmentada do conhecimento, resultante de reformas universitárias parciais e limitadas. As reformas estabelecidas não modificaram a estrutura curricular de formação profissional e acadêmica, colocando o país em risco de isolamento nas esferas científica, tecnológica e intelectual de um mundo cada dia mais globalizado e inter-relacionado.
Desde 2008 que os discentes e docentes, da maioria das IFES que aderiram ao programa, questionam o Reuni, demonstrando com argumentos e números o fracasso das pretensões impostas à comunidade universitária sem uma prévia e ampla discussão. Implementaram novos cursos, os chamados Bacharelados Interdisciplinares com a pretensa idéia de uma formação mais generalizada, destruindo os diplomas profissionais, uma vez que o estudante sairia da universidade como bacharel em saúde, em humanas, em exatas, o que quer dizer formado em nada, no popular, formado em porra nenhuma, dificultando a inserção deste profissional no mercado de trabalho.
Em Rondônia, a situação é mais delicada porque aqui nós temos um complicador a mais, em nome da adesão ao REUNI, sua excelência o reitor, de conchavo com um Conselho Superior sem legitimidade e com o apoio de lideranças políticas, conseguiu recursos federais para obras de construção de laboratórios e de novas salas de aula ao longo do Estado de Rondônia, pretensamente em nome do aumento de vagas na universidade. Acontece que muitas destas obras sequer foram feitas, acrescentando à inoperância prática do programa, um adjutório a mais: a CORRUPÇÃO.
Neste instante de tomada de posição da sociedade em relação aos absurdos cometidos pelo senhor Reitor da UNIR e asseclas da Fundação Riomar, em nome da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira, entidade que presidimos e, particularmente, em nome da cadeira que ocupamos na ACLER- Academia de Letras de Rondônia, já que o presidente não se pronunciou, com o fim de defender a nossa universidade, nos posicionamos favoráveis aos professores e estudantes da UNIR, no intuito de exigir a renúncia do reitor da instituição, ao tempo em que declaramos a nossa indignação pela forma de administração autoritária, centralizadora, mais comprometida com o banquete de Baco do que com os princípios iluministas de avanço e desenvolvimento do pensamento intelectual, formador de jovens para o crescimento da nossa região.
Segundo o Livro Cinza do Reuni, elaborado por vários grupos universitários do Brasil, o Reuni não é um projeto cujo objetivo visa desenvolver a universidade brasileira a serviço da nação. Sua principal idéia, baseada na “Universidade para Todos”, trouxe para a universidade uma expansão feita às pressas, ocasionando um boom de estudantes dentro de uma instituição despreparada. Seu propósito é desregular/quebrar os diplomas profissionais com a flexibilização das modalidades de graduação prevista no inciso IV do 2º parágrafo do programa: “diversificação das modalidades de graduação, preferencialmente não voltadas à profissionalização precoce e especializada”. Aumentar a “produtividade” à custa do aumento drástico do número de matrículas. Na prática, só tem verbas quem adere, desrespeitando a autonomia das universidades, forçando uma adesão ao programa.
A sociedade rondoniense precisa acordar e exigir a renúncia e conseqüente apuração das denúncias de corrupção e trapalhadas na administração da RIOMAR e da UNIR, por conta de uma política interna centrada no compadrismo e na incompetência. Chega de indignação, precisamos de atitudes concretas!
Pela revogação do decreto que criou o Reuni e uma nova discussão por uma urgente, profunda e ampla reestruturação da educação superior no Brasil;
Pela continuação da greve na UNIR até uma conclusão satisfatória.
Pela possibilidade do trabalho de outros, verdadeiramente compromissados com o desenvolvimento da classe universitária e a modificação dos índices internacionais de comparação vergonhosos;
Pela defesa da universidade pública e o direito de todo jovem de ter acesso a um diploma de verdade;
williamhaverly@gmail.com witahaverly@hotmail.com
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e ocupa a cadeira 31 da ACLER – Academia de Letras de Rondônia.
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