Sábado, 2 de fevereiro de 2013 - 22h19
William Haverly Martins
Esta história de “Quem é quem” começou com os ingleses em 1849, depois se espalhou pelo mundo. Originariamente, eram registradas, numa espécie de catálogo, as biografias dos famosos: pessoas de proeminente vida pública, ou que se destacavam em alguma atividade profissional, eram dissecadas para o povão. Uma vez incluídos, permaneciam, com raríssimas exceções, para sempre, no referido catálogo. Esta ideia de imortalizar a pessoa com o registro dos seus feitos, ou das suas conquistas, primeiro foi voltada para o mundo político e, depois, para outras atividades humanas.
No Brasil ainda não temos uma publicação deste naipe, que certamente funcionaria como uma Vitrine de Celebridades do Horror: basta imaginar as figuras que obrigatoriamente fariam parte deste ninho de cobras, de águias, de aves de rapina, ou de meros pardais que, de pulo em pulo, estão sempre ciscando o lixo da república, em busca de destaque.
Renan Calheiros mereceria ter a sua biografia detalhada e fichada no nosso Who’s Who, assim mesmo, em inglês, é mais chique. Como se trataria de uma publicação nacional, o povo teria acesso, via internet, de detalhes da vida do nosso Presidente do Senado, aquele que foi considerado por Valdir Raupp, senador por Rondônia, como líder nato. Semana passada, assistimos, pela TV Senado, a defesa “brilhante” do senador Collor de Melo às pretensões do colega: ainda bem que TV não transmite cheiro!
Todos os nomes citados acima seriam bem vindos a nossa sugestão de Who’s Who, acrescentaríamos ainda figurinhas carimbadas como Paulo Maluf, José Sarney, Dias Tofolli, Ricardo Lewandovsky, Marcos Valério, Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu, Genoíno e tantos outros. O povo, com essa publicação varando os anos, não esqueceria os feitos destes vultos da República. E só estou falando das últimas décadas do século XX e das primeiras do XXI, e nem estou escalonando as figuras por Estado, ou por Região, ou por coloração partidária: o tempo é curto, o espaço é exíguo e o Who’s Who ainda está na imaginação.
Deixo aos meus amigos historiadores a tarefa de redigir as biografias destas personalidades, para a concretização da “obra”. Até sugiro um título da moda: guia politicamente incorreto da política brasileira. Na política estadual, o amigo Anísio Gorayeb, historiador de escol, se encarregaria da biografia dos escolhidos: a lista é grande - dos Donadons aos Raupps, dos Cassol (ois) aos Pianas, dos Carlões aos Sobrinhos, dos Mouras aos Capixabas, dos Mendes aos Soares, dos Araujos aos Coelhos, dos Fulanos aos Sicranos.
A gente sabe que a exceção é condição obrigatória na regra geral, muitos políticos poderiam ser incluídos no “Quem é Quem” pela honestidade, pela dedicação às causas públicas. Muitos empresários lá estariam porque fizeram fortuna mediante trabalho e escolhas acertadas, não se renderam às propinas, tão comuns ao mundo da corrupção: O empresário Miguel Morheb, de Porto Velho, chegou ao cúmulo de dizer, em gravação efetuada pela Policia Federal, que “propina é investimento”.
A esperança, apesar de sentimento sórdido (Nietzsche), não nos abandona: registramos com prazer duas audiências públicas realizadas esta semana no plenário da Câmara Municipal. Terça feira (29/01) foi discutido o problema do lixo com uma afluência de público impressionante, 59 oradores, entre deputados, vereadores, representantes de várias entidades classistas, de ONGs, o povo esteve representado. Nunca se viu a cidadania sendo exercida com tanta ênfase, o recinto da Câmara Municipal se transformou numa verdadeira ÁGORA moderna. Foi pedida a instalação de uma CPI.
Nesta quinta (31/01), foi a vez de se discutir o trânsito caótico, de se colocar em xeque as empresas que exploram o transporte coletivo na cidade, com destaque para o pedido popular de freio à ânsia desenfreada de lucro: as empresas queriam aumentar as passagens de ônibus, sem antes prometer melhorias na qualidade dos serviços. Outra CPI está em curso, novas empresas poderão aumentar a concorrência, diminuir os preços cobrados e oferecer ônibus modernos.
Na sexta feira (01/02), o Presidente da Câmara Municipal, Allan Queiroz, foi chamado à Prefeitura para uma reunião com o Prefeito, Ministério Público, DNIT e vários interessados na solução da situação degradante das encostas dos acessos aos viadutos e da calamidade da Rua da Beira. Nem tudo está perdido, uma reforma política melhoraria muito, o voto distrital, por exemplo, seria bem vindo.
Para finalizar vou ser redundante: a corrupção e a permanência dos maus políticos na vida pública não combinam com braços cruzados. Não basta se indignar. Faço minhas as palavras do poeta Manoel de Barros: “Sou o anticandidato, o que perderá. Não sou especial. Não tenho qualidades que cada cidadão brasileiro, trabalhador e honesto, não tenha também. A ética que proclamo é aquela que quase todos os brasileiros se orgulham de cultivar. Eu não temo o próprio passado e, portanto, não tenho medo do futuro”.
Quem sabe um dia, no futuro, possamos comemorar o lançamento de um Quem é Quem recheado de bons políticos, de empresários exemplares, de cientistas, de intelectuais, enfim, biografias de membros da elite da sociedade em todos os segmentos. Sonhar é preciso.
Detalhes biográficos: baiano de nascimento, mas rondoniense de paixão, cursou Direito na UFBA e licenciou-se em Letras pela UNIR, é professor, escritor, presidente da ACRM – Associação Cultural Rio Madeira e vice-presidente da ACLER – Academia de Letras de Rondônia, onde ocupa a cadeira 31.
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