Quem lê a reportagem da revista Época, assinada pela “jornalista” Eliane Brum, sob o título “A cidade que não estava lá”, chega a triste conclusão de que essa mulher que vive em constante TPM é uma daquelas pessoas que considera Porto Velho a capital de Roraima, tal é o seu desconhecimento da nossa cidade, chegando ao ridículo de comparar Porto Velho com cidades como São Paulo, e outras com mais de 300 anos de criação.
Comenta-se que a sua reportagem foi feita em cima de informações colhidas através de ligações telefônicas feitas as dondocas que vindas de Cuiabá, tem o desplante de reclamarem do calor da nossa terrinha.
Tudo leva a crer que essa afirmativa é verdadeira. Basta observarmos as fotos inseridas na matéria para chegarmos à conclusão de que elas foram colhidas na internet, como é o caso do palácio do Governo que, atualmente, não está pintado naquela cor.
A senhora Andrea e a jornalista em questão não estão bem informadas com relação à saúde, educação, segurança pública e um monte de coisas que estão acontecendo no nosso país, falam como se apenas Porto Velho padecesse dessas mazelas. Sugiro que acompanhem o noticiário nacional para saberem que as pessoas morrem em todas as capitais do Brasil, por falta de atendimento nos hospitais públicos ou por erros médicos nas inúmeras clínicas particulares dos grandes centros urbanos, onde o seu “plano de saúde” abriria as portas para atendê-las.
Lembre-se, já que a senhora falou na enfermidade do seu filho, que a dengue não é coisa “nossa”, ela, a dengue, invadiu o Brasil de Sul para o Norte e, se a senhora não sabe, quem está na berlinda, este ano, é a Bahia substituído o Rio de Janeiro, que no ano passado, contou com os nossos profissionais para ajudar no combate a epidemia que lá aconteceu.
A Amazônia, senhoras e senhores que acabam de chegar, não tem lugar para pessoas de espírito pequeno. Porto Velho sempre manteve abertas as suas portas, aqui só fica quem quer.
Em qual capital do Brasil existe 100% de água tratada, não existe ruas sem asfalto ou calçadas esburacadas?
Será que Eliane Brum desconhece que, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, quando desaba 10% do volume de uma das nossas chuvinhas, a cidade vira uma miséria total com as pessoas perdendo todos os seus pertences, e a triste verdade de que algumas morrem afogadas porque o sistema de esgoto é deficiente e conta com a má educação dos habitantes que continuam jogando lixo no lugar errado.
Isso para não falar que ela, a jornalista, parece não conhecer as águas límpidas e serenas dos rios Tietê e Pinheiros que cortam a capital paulista.
Mas, podemos dizer que São Paulo é isso, somente isso?
Podemos afirmar que o Rio de Janeiro, por isso, deixa de ser a cidade Maravilhosa?
Cheguei a Porto Velho no dia 10 de maio de 1945, com 3 anos de idade, vindo de um seringal perdido nos cafundós de Humaitá, filho e neto de seringueiros, coisa que a jornalista nunca ouviu falar. E isso aconteceu não por falta de informação, mas porque possui como os burros de carroça, antolhos que não lhe permitem ampliar o horizonte. O seu campo de visão, jornalista Eliane, não possui os recursos de uma grande angular.
Como disse, estou completando 64 anos de vivência com esta cidade, isso me dá o direito de falar dos governantes, do que está errado e do que precisa ser feito, porque escolhi viver aqui, sou e faço parte da história deste povo e desta cidade que ajudei a construir com o meu trabalho e a minha competência. Você, jornalista Aline, não tem esse direito porque perdeu a oportunidade de conhecer o outro lado de Porto Velho e sua gente, por isso, o seu trabalho é péssimo o que demonstra, também, que lhe falta competência.
A jornalista Aline e seu infeliz companheiro de viagem Claudiney Ferreira, em nome do povo de onde vieram, deviam chegar aqui nos agradecendo porque vamos ser a salvação energética do Sul e Sudeste do País, através de uma linha de transmissão “alternada” que não poderá beneficiar as comunidades por onde vai passar.
Teremos algum retorno com isso? Claro. Ficaremos com o aumento da população desempregada, dos casos de malária, dos problemas respiratórios que serão causados pela fábrica de cimento que estão construindo a 14 quilômetros de Porto Velho, tudo porque em vez de se dar prioridade para a saúde pública, se decidiu que mais importante é a construção das hidrelétricas. Não sei de nada que esteja sendo construído, agora, para minimizar os problemas que já começaram a acontecer. Porto Velho e seu povo que se dane.
Jornalista Aline Brum, juro que tentei concordar com alguma coisa que você tenha dito, mas a tônica jornalística superficial e os flagrantes erros de concordância transformaram seu texto em lixo, o mesmo em que você tropeçou pelas ruas de Porto Velho.
Fonte:Antônio Cândido da Silva
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)