Sábado, 7 de julho de 2007 - 08h26
O título é nome do novo livro do meu pai, Antônio Cândido, que será lançado no próximo mês graças a Universidade Federal de Rondônia onde se formou em letras, aos 60 anos. A obra trata de erros e lendas que alguns insistem em transformar em fatos históricos para simplesmente concatenar o pouco que sabem com o que ouviram dizer.
Convenhamos, é muito mais fácil se deixar embrenhar pelo que alguém disse do que fuçar uma nova informação, uma verdade camuflada, como fazem os que enveredam pelo caminho da pesquisa. Esses se lançam em uma busca insaciável e a cada dia descobrem novas verdades.
A data do nascimento de Porto Velho e a origem de seu nome, dois principais temas enfocados no livro e motivos da polêmica que se acalora, precisam ser discutidos urgentemente. Já passou a hora de o governo tomar a iniciativa de promover um debate com os historiadores locais para consolidar informações consistentes. É inaceitável que se permita a publicação de material pedagógico como ocorreu (a hilária cartilha da vitaminada), sem a aprovação de um Conselho de Cultura e o aval da Academia de Letras de Rondônia. Se há controvérsias sobre fatos históricos vamos juntar todo mundo e discutir até chegar a um consenso. Como disse o Léo Ladeia, é o DNA de Porto Velho que está em discussão.
Quando meu pai resolveu escrever “Enganos da Nossa História”, de cara disse a ele que iria se indispor com muita gente. Ao ver o livro pronto, o recebo como mais uma lição de vida do meu velho. Após ele ser confrontado num programa de rádio por outro pesquisador, o Francisco Mathias, me deprimi com a forma como algumas pessoas estão tratando os questionamentos por ele levantados. Passou, logo vi que estava errada.
Lembrei de um estudo que fiz no colegial sobre o astrônomo Johannes Kepler que enfrentou o diabo para discernir ciência e superstição. A determinação o levou a confrontar as teorias de Ptolomeu, posteriormente sustentadas por Nicolau Copérnico. Ambos afirmavam que os planetas se moviam em órbitas circulares e Kepler provou que se movem em ondas elípticas. Quando Isaac Newton concluiu sua teoria da gravitação universal 50 anos mais tarde, amparada nos estudos de Kepler, declarou: "se enxerguei longe, foi por que me apoiei nos ombros de gigantes".
O astrônomo chamado de “doido” e forçado a exilar-se por pressão da igreja católica defendeu o que acreditava e a humanidade agradece.
Após “viajar” nessa comparação entendi melhor a obsessão do meu pai em defender sua tese e valorizo também cada opinião contrária. O que não devemos permitir é que a polêmica encalhe entre os historiadores e fique por isso mesmo.
É inaceitável que seja ensinado nas escolas que existiu um velho chamado Pimentel que deu origem ao nome da nossa cidade, sendo que não há qualquer registro de que ele sequer tenha existido. E olha que eu adoro lendas. Educo meus filhos (e funciona) contando estórias sobre figuras folclóricas associadas a conselhos de mãe. Já almocei com a mula sem cabeça, já salvei várias crianças do Mapinguari, atirei no Saci-pererê e passei uma semana hospedada na casa da Matinta Pereira. Invento tudo isso para alertar meus filhos sobre perigos e atitudes que não devem tomar. “Um pouco de medo todo mundo tem que ter”, dizia minha vó, quando a criticavam por contar estórias de assombração a mim e meus irmãos.
Agora, lenda é lenda, história é história. Logo que a gente vai pra escola aprende a diferenciar. É esse discernimento que o livro “Enganos da Nossa História” propõe. Só isso.
lucianadepvh@yahoo.com.br
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