Domingo, 4 de novembro de 2007 - 22h10
O seminário "Porto Velho Um Século de História" cujo tema já nasceu errado porque, em verdade, somente em 2008 isso acontecerá, trouxe ao debate velhas questões que se não fosse a teimosia dos criadores de fantasias como "Velho Pimentel, Porto do Velho, Porto dos Lenhadores" e outras alegações que nem podem ser classificadas como "lendas", já teríamos chegado a um consenso sem maiores problemas.
Defendo o ponto de vista de que a origem do nome de Porto Velho advém do "Ponto Militar de Santo Antônio" porque, entre outras coisas, encontramos citação do "Ponto Militar" desde 1883, no relatório da Comissão Morssing, feito por Ernesto Matoso Maia Forte, secretário da Comissão.
Dizem os defensores da teimosia que Ernesto Matoso teria falado em seu relatório no "Porto dos Lenhadores". Duvido que alguém comprove essa afirmação. No entanto, em todo o relatório, Ernesto Matoso grafa sete vezes as palavras "Ponto Velho."
Citam uma gama de historiadores tupiniquins que seus antepassados teriam tomado cafezinho com o tal Pimentel. No entanto somente a partir de 1950, (quando foi criada essa história por Antônio Cantanhede) é que começaram a lembrar de que seus avós o haviam conhecido.
O mais interessante disso tudo é que Antônio Cantanhede o descreve como um pequeno agricultor; Abnael Machado de Lima como um lenhador; Esron de Menezes como um sitiante e, ainda que a sua humilde barraca era serventia para marcar ponto de caçadas, o que deveria ser feito em outro local já que lá era o ponto de caçadas e ninguém vai a um local para dizer aos outros que vai lá.
É interessante como os defensores dessa fantasia histórica vêm nos escritos apenas o que lhes interessa e ao citarem Antônio Cantanhede, por exemplo, não leram a notícia toda ou teriam visto que, taxativamente ele declara nas páginas 34/35 de "Achegas para a história de Porto Velho", Manaus. 1950:
"Antes dos melhoramentos trazidos pela Madeira-Mamoré, isso depois de 1907, não se pode acreditar que aqui tivesse estado, quer aquartelada tropa, quer morado alguém, sabido como é que as terras desta cidade e de suas circunvizinhanças não ofereciam vantagem para qualquer gênero de cultura agrícola"
E para os defensores de que o povoado de Porto Velho começou no ano de 1907, observem o que ele disse acima: "...isso depois de 1907..."
Mas, não fiquem tristes porque na página 30 do citado livro, Cantanhede declara que:
"Em 1908, dava-se início aos trabalhos para a ligação de Porto Velho a Santo Antônio e dali, aproveitando-se o traçado e trechos da estrada já feitos, seguir para adiante até o seu término: GUAJARÁ-MIRIM."
Vitor Hugo, em "Desbravadores", primeiro Volume, 2ª edição, 1991, nos conta a "história" do Velho Pimentel que lhe teria sido contada por Manoel Gomes de Oliveira, que exercia a profissão de prático no rio Madeira desde 1893, e o autor declara na página 225, nota 13:
"Para honra da verdade: Não encontramos ninguém que tenha conhecido pessoalmente o tal Pimentel. E se trata de uma história que não tem cincoenta anos"...
Vale lembrar que Cantanhede e Vitor Hugo, falam dos militares que aqui acamparam por ocasião da guerra do Paraguai, versão também confirmada por Abnael Machado Lima, que assumiu em um jornal local, a paternidade histórica do Velho Pimentel, (tio do Zé Katraca).
Com certeza o nobre historiador não leu o artigo feito por Silva Campos, publicado na edição nº 1, do jornal "Alto Madeira", de 15 de abril de 1917, intitulado "Porto Velho Origem do seu nome", pois se o tivesse feito teria certeza de que a história do "seu filho historicamente adotado" só começou em 1950.
Quem foi ao Seminário "Porto Velho Cem anos de História" e assistiu a minha palestra com a isenção que deve ter um historiador de fato, teve a oportunidade de verificar que comprovei com documentos, citações e fotografias, tudo aquilo que afirmei à platéia.
Quem foi ao Seminário viu, por exemplo, que algumas das fotografias publicadas no jornal "Alto Madeira", para ilustrar as matérias que ocuparam quatro páginas do jornal, foram manipuladas intencionalmente, com o objetivo de levar o leitor a acreditar que Porto Velho teve o seu início em 1907; que o Dr. Carl Lovelace só chegou a EFMM em 1908 e não poderia ter feito o relatório de 1907, conforme foi divulgado no citado matutino; Que o escritor inglês H. M. Tomlinson só visitou a construção da EFMM em 1910 e, portanto, não poderia ter calculado a olho, em 1907, a população de Porto Velho.
Quem foi ao Seminário teve a oportunidade de ver que, por não fazer parte do círculo dos que dizem amém, fui tratado com ares de desprezo por "o poeta Cândido", numa insinuação de que poeta não deve se meter em assuntos de história, numa demonstração clara de quem queria desclassificar a minha brilhante apresentação.
Quem foi ao Seminário teve a oportunidade de ver nos sites locais que minhas palavras foram desvirtuadas, cassadas e até colocaram em minha boca palavras que não foram ditas.
Nas próximas colunas apresentaremos a palestra proferida no seminário em questão, e o leitor terá oportunidade de conhecer o outro lado da História, fazer uma avaliação da tese que defendo e chegar, tenho certeza, à conclusão de que estou certo.
Quanto à "abdicar da poesia" é apenas uma afirmação sem fundamento. Eu e ela somos um só, além do que, poesia para mim se faz assim:
RECONQUISTA
Antônio Cândido da Silva
Hoje eu quero te reconquistar
fazendo tudo
como no dia em que nos encontramos.
Quero te dar um beijo, uma flor
e um "sonho de valsa",
do mesmo jeito que fiz naquele dia.
Quero sentir a emoção
daquele "março de sessenta e dois"
quando apertei pela primeira vez
a tua trêmula mão pequena e fria.
Quero te olhar nos olhos, novamente,
e te dar a certeza
de que o infinito nos pertence
porque infinito é o amor que nos uniu.
Hoje, quarenta e cinco anos depois,
eu tenho a sensação
de que o nosso amor se renova
em cada amanhecer
e se revigora nas cenas de ciúme
e nos desentendimentos
que sempre acabam em reconciliação.
Hoje eu quero te reconquistar.
Estou aqui com uma flor na mão,
"um sonho de valsa"
e estes versos do teu trovador.
Para encher a tua alma de esperança
com a mesma fé que vi no teu olhar
no dia em que nasceu o nosso amor...
Para Maria no 12 de junho de 2007
Prof. Antônio Cândido da Silva - a.candido.silva@hotmail.com
Membro da Academia de Letras de Rondônia
Membro da União Brasileira de Escritorees-UBE-RO
a.candido.silva@hotmail.com
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