Quinta-feira, 5 de abril de 2012 - 11h27
Antônio Cândido da Silva
Sábado, dia 31.04.2012, visitei a Capela de Santo Antônio que passa por uma reforma geral sob a coordenação do Padre Sinval com quem conversei por algum tempo. Cabe esclarecer que, não sendo engenheiro, Padre Sinval não é o responsável técnico pela reforma que está sendo efetuada. A sua missão, pelo que pude observar, é acompanhar o andamento dos trabalhos e organizar os preparativos para as comemorações religiosas ligadas ao Centenário da Capela, em 21 de setembro de 2013.
Soube que o piso será feito com porcelanato creme, a pintura e o forro já estão na fase de acabamento e o altar será em granito. As duas cruzes vazadas na parede dos fundos já foram devidamente fechadas e as janelas, agora em ferro e vidro, não sei se serão substituídas.
Mas, meio escondida por uma das bandas da antiga porta de madeira, descobri um placa de bronze, cravada na parede, com os seguintes dizeres:
TOMBAMENTO – Capela de Santo Antonio de Pádua. Este bem pertencente ao Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Rondônia foi tombado pelo Decreto Nº 3.123, de 3 de dezembro de 1986, inscrito sob o nº 1º do Livro de Tombo Histórico. Sua preservação é dever de todos. Prof. Ângelo Angelim – Governador. Prof. Raymundo Nonato de Castro – Secretário de Estado de Cultura Esporte e Lazer.
Eu, sinceramente, já não sei mais o que leva um bem a ser tombado, quem pode fazer o tombamento ou se tombamento aqui, em Porto Velho, passou a ter o sentido de “vamos botar a baixo e que se dane o povo.”
Com relação à capela, fui informado de que as mudanças estavam sendo feitas porque as características originais foram alteradas, pela necessidade da colocação de uma cinta de concreto para sustentação quando da última e única reforma efetuada na capela na década de 1970.
Poderíamos citar vários exemplos de catedrais e capelas destruídas por guerras e causas naturais, que foram reconstruídas e merecem hoje o mesmo valor histórico de antes. Para nos atermos apenas ao Brasil, vamos citar a Capela de Nossa Senhora das Mercês, em São Luiz do Paraitinga-SP, destruída pela enchente que atingiu a cidade em janeiro de 2010, “totalmente” reconstruída sob orientação do IPHAN, inclusive o Instituto Elpídio dos Santos, o célebre compositor de “Casinha Branca”.
Alguém terá coragem de dizer aos luizenses que a capelinha e o Instituto não têm valor histórico?
Pelo visto o que tem valor é a história e esta é caracterizada pelas constantes mudanças e interpretações. Uma cinta de concreto é apenas um parágrafo ou, no máximo, um capítulo na história da Capela de Santo Antônio.
Podem alegar que a capela não tem valor artístico. E daí? Este é apenas um item pelo qual um bem pode ser tombado e não um item necessário para que se efetue o tombamento.
Pelo que entendo o tombamento pode ser feito em nível Federal, Estadual e Municipal e, no nosso caso, não cabe ao nível Federal (se é que foi o IPHAN) determinar ou aconselhar a descaracterização ou demolição de um bem tombado pelo Estado ou Município, mesmo sem considerarmos que o bem em questão foi tombado em 1986, portanto, depois da reforma da década citada.
Às vezes fico pensando que o Jornalista Osmar Silva tem razão quando diz que a nossa cidade se “parece com casa de puta,” ou quando um morador anônimo alerta no viaduto inacabado sobre a “identidade anestesiada de caboclo.” Para onde olharmos vamos encontrar desrespeito, bandalheiras, descaso com a nossa história e gozação com a cara de palhaço do contribuinte.
Duas horas, momento em que fui e voltei de Santo Antônio, foi suficiente para chegar a minha casa, indignado, revoltado e, no popular, puto da vida com o que tive o desprazer de observar.
Por várias vezes, através deste site, tenho chamado a atenção do povo e das autoridades para o Marco histórico, erguido em 1922, em Santo Antônio, pela passagem do Centenário da Independência do Brasil. Ontem verifiquei que nada foi feito para salvar da destruição aquele monumento.
Pude isto sim, constatar que o seu fim está próximo como pode ser visto nas fotos a seguir. Observem que apenas três comportas foram abertas para que as águas começassem a ameaçar o obelisco e nos leve a meditar no que acontecerá quando as outras oito comportas forem abertas.
Só faltam dizerem que as grutas erguidas em volta do monumento, por pessoas ligadas ao candomblé, descaracterizaram historicamente o obelisco e, portanto, não vai fazer falta para a história de Rondônia.
Ao passar pelo cemitério de Santo Antônio, resolvi visitar o túmulo de meu pai e ao passar pela área onde havia alguns túmulos do primitivo Cemitério de Santo Antônio, logo na saída do prédio da administração, no lado direito, fui a procura do túmulo de Anselmo Cortizo Bouzas, citado no livro “Del Amazonas al Infinito,” escrito pelo seu irmão Benigno Cortizo Bouzas e conhecido por quem se interessa pela nossa história.
Havia localizado este túmulo há seis anos, aproximadamente, e pude constatar que Anselmo falecera no dia 15 de janeiro de 1908, devidamente registrado em um jazido construído em mármore, provavelmente, feito em Manaus-Am.
Custei a acreditar, mas o que encontrei foi esse luxuoso jazigo, construído sobre os restos mortais do nosso histórico Anselmo. É claro que alguém autorizou essa violação sepulcral, possivelmente em troca de alguma gentileza, ou então não existe administrador no cemitério e qualquer um pode fazer o que bem entender naquele campo santo.
Isto é mais uma prova da falta de respeito, ignorância histórica, falta de princípio e de ética por parte de quem construiu e quem deixou que isso acontecesse. É só ir lá conferir para ver que esse não é o único caso...
Hão de dizer que estou sendo contra o progresso. Não! Que venha o progresso mesmo que seja para beneficiar muito mais os nossos irmãos do restante do Brasil do que a nossa taba Karipuna. Mas, não venham dizer que as nossas tradições não valem nada, como se a nossa história e o nosso povo não merecessem respeito.
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