Segunda-feira, 9 de abril de 2012 - 17h16
Antônio Cândido da Silva
Após a visita que fiz ao Cemitério de Santo Antônio, no dia 31 do mês passado, dirigi-me ao bairro Lagoinha, para onde fui pela Avenida Rio de Janeiro e tive o desprazer de contornar o Trevo do Roque, o que aumentou a minha indignação, ao lembrar-me do Mural dos Pioneiros ali colocado na década de 1980.
O prefeito municipal era o Engenheiro Sebastião Assef Valladares e Governador o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira. O mural, afresco construído em cimento aparente, criado pela Arquiteta Hélvia Lúcia Fraga e Silva, está sumido desde a última reforma efetuada no Trevo do Roque, por obra e graça da atual administração municipal.
Aliás, a administração municipal devia se dedicar à arte circense da mágica, pois é grande a sua capacidade de fazer desaparecer as coisas. É tão competente na arte do sumiço que conseguiu a proeza de fazer sumir uma praça criada pela Lei nº 5, de 29 de abril de 1937.
Antes da última reforma, quem passou pela Praça Jonathas de Freitas Pedrosa lembra, com certeza, da estátua do ex-governador do Amazonas que assinou a Lei Nº 757, de 2 de outubro de 1914, criando o Município de Porto Velho.
Num passe de mágica a estátua do ilustre personagem sumiu sem deixar vestígio e hoje, a nossa praça já é conhecida com “Praça da Bíblia” por conta de um pedestal colocado pelos evangélicos em homenagem ao livro sagrado.
Por falar em praça, apenas para não deixar esquecer, a Praça Marechal Rondon, por falta de uma placa de identificação, também deixou de existir e hoje todos sabem onde fica a “Praça do Baú”. A “Praça Mal. Rondon” sumiu...
Do complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré muita coisa que ali foi feita, também sumiu já que o dinheiro gasto não justifica o que ali se pode ver. Até parece que vivemos no mundo encantado de Mister M, tão grande é a facilidade com que some aquilo que interessa a nossa história.
O Prédio da Câmara só ainda não desapareceu porque foi feito em outros tempos, quando as construções eram feitas com responsabilidades e por quem tinha vergonha na cara. Se os “viadutos” tivessem sido construídos naquele tempo, com certeza a empresa responsável não teria ido embora sem dar satisfação. Alias esse negócio de contrata, abandona a obra e faz nova licitação, virou normalidade nas obras de Porto Velho. É só lembrar da Avenida Caúla, das UPA’s, dos viadutos...
Por falar em Prédio da Câmara, foi dito na imprensa local que os recursos para a restauração do prédio já estavam assegurados e, inclusive o presidente da Câmara, atual presidente da Assembleia, falou de um projeto que ele (presidente) mandara fazer e, na oportunidade, colocou-se à disposição da Prefeitura, demonstrando interesse na restauração do prédio histórico, como bom político que é.
Por outro lado, para não fugir à índole do cupim (que é a de destruir construções) o nosso prefeito afirmou na imprensa local, que o prédio seria demolido e um novo prédio seria construído com as mesmas características dos restos mortais do prédio histórico.
Se isso acontecer perderemos a primeira construção feita em Porto Velho, com “laje pré-moldada” onde foram utilizados trilhos ferroviários e telha do tipo francesa, quando esse tipo de laje, pelo que sei, ainda não existia.
Pergunta-se: Se os recursos para a restauração do prédio da Câmara estavam assegurados, porque “continua tudo como dantes no Quartel de Abrantes?”
Uma coisa interessante que chama a minha atenção nas “reformas e restaurações” feitas pela administração Municipal é o uso constante, exagerado e algumas vezes dispensável de ferragens, parece que têm ferrugem no DNA do prefeito e dos arquitetos municipais, pois somente ferrugem gosta tanto de ferro. Lembro que a primeira reforma feita foi a do prédio da Prefeitura, que hoje está praticamente coberto por chapas e colunas de metal.
Depois vieram aqueles trambolhos colocados no prédio do Teatro Banzeiros e no mirante da Praça da Estrada de Ferro. Não sei qual foi o gênio que juntou ferro, madeira, terra, água e a umidade, na certeza de que estava fazendo uma obra para a posteridade, embora a tubulação da beira do rio seja galvanizada
A bandalheira é tão grande com a nossa história que um assunto puxa o outro. Vamos esquecer o resto da cidade e nos concentrarmos apenas nas Ruas Dom Pedro II, Carlos Gomes e Pinheiro Machado para termos uma ideia do festival de trilhos que são colocados nas calçadas para proteção dos imóveis. Alguém está roubando os trilhos da Madeira-Mamoré e vendendo os pedaços para comerciantes e moradores de Porto Velho.
Se sairmos dessas três ruas é possível encontrar “mesas de centro” feitas com dormentes da ferrovia e outros objetos enfeitando salas de visitas de pessoas importantes, aqui e fora do Estado...
Saindo da cidade, eu tive oportunidade de ver a alguns anos atrás, a recepção do “Hotel Transcontinental,” em Ji-Paraná, decorada com dormentes da Madeira-Mamoré...
No cruzamento das ruas Pinheiro Machado com Joaquim Nabuco, na fossa sanitária da antiga CODARON, foram utilizados os trilhos da Madeira-Mamoré de acordo com o registro que fiz nas fotos abaixo.
Vitor Hugo, em Os Desbravadores, pag. 98, Vol. II, mostra que a generosidade em doar trilhos (agora são roubados e vendidos) vem desde 1933 quando foi lançada a pedra fundamental do Colégio Maria Auxiliadora: ...foi relevante a cooperação incontestável do Cap. Aluízio Ferreira: todas as vigas de ferro e centenas de quilos de trilhos foram cedidos graciosamente pela Estrada de Ferro.
Vamos acordar gente! Se continuarmos assim, quando passar o efeito da anestesia não existirá mais “identidade cabocla,” exatamente, porque não existirá história...
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