Sexta-feira, 7 de junho de 2019 - 06h05
Muitas são as saídas para os diversos
problemas relacionados com uma boa gestão de empreendimentos públicos ou
privados; mas a sintonia entre os diversos atores envolvidos e a vontade política
dos dirigentes públicos são fatores realmente cruciais para a mobilização correta
em favor dessa solução. Assim sendo, nada supera o bom e velho diálogo, à luz de
bons projetos e, naturalmente da Lei.
Existem no orçamento público de
Rondônia vários fundos públicos, criados ao longo desses últimos 20 anos, em
consonância com leis federais e exigências locais, os quais vêm desenhando o
perfil de aporte de recursos para o fomento e o desenvolvimento das diversas situações
da administração que auxiliam inclusive, entre outras políticas públicas,
aquela relacionada com o setor rural, como exemplo podemos citar o fundo do
café, o PROLEITE e o fundo FESA.
Do outro lado, falando em fundo
privado, Rondônia tem no setor rural um exemplo vindo lá dos idos de 1.999,
quando, dada a necessidade de profissionalizar o setor e dar garantias de
efetiva sanidade animal para o iniciante rebanho de Rondônia, criou-se o FUNDO
FEFA - Fundo Estadual para o Combate a febre Aftosa e ao mesmo tempo o governo
criou àquela época a Agência IDARON. Foi um bom casamento de forças que rendeu
excelentes dividendos.
Ali pairava uma realidade, hoje outra
nos é imposta. Mas registramos que em 2009 e depois em 2010 surgiu também por
necessidade e contexto à época um fundo público, o FESA - Fundo Estadual de Sanidade Animal e também as diversas taxas do
IDARON como as guias (GTA) sendo a fonte de arrecadação para a promoção do
trabalho de monitoramento de fronteiras, acompanhamento da vacinação e outras
modalidades de trabalho para o desempenho da produção e da qualidade do
rebanho, dando garantias de comercialização interna e externa.
Hoje, com os avanços do patrimônio do
rebanho de pecuária de corte e de leite, com os expressivos números de
comercialização com outros países, Rondônia com mais de 14 milhões de cabeças
enfrenta uma nova e inusitada realidade no setor rural da agropecuária: O plano
PNEFA¹ do Ministério da Agricultura
e Pecuária (MAPA) que traz o desafio de redesenhar toda essa atual estrutura pública
e privada de maneira que o estado entre firme na próxima década para o rol dos estados livres de febre aftosa sem vacinação.
O setor rural está, desde o inicio do
ano de 2018 com uma batata quente nas mãos: literalmente; pois as necessidades
e as realidades impostas pelo programa do MAPA trazem o desafio do diálogo
imanente para a solução contingente.
Um fundo publico não dispõe da
agilidade necessária para a pronta solução dos diversos problemas e dos complexos
seguros rurais que garantem o patrimônio de mais de R$ 15 bilhões construídos em duas décadas e meia. É fato que um fundo
privado constituído pelas lideranças do setor do agro precisa entrar em ação
URGENTE.
Esse fundo é o FUNDAGRO. Ele tem esse perfil, pois
foi criado em 2016/17 estrategicamente para atuar em todas as cadeias
produtivas de Rondônia vislumbrando exatamente isso: resultados para a próxima década.
A questão é definir com certa
urgência o formato de arrecadação para valores substanciais que façam frente às
inúmeras necessidades de sanidade animal e vegetal, bem como os desafios de
surpresas que podem surgir de um dia para o outro nesse mundo de concorrência
regional, local e global.
O desenho perfeito de financiamento
dessas ações passa por um contrato social entre os principais atores das
diversas cadeias produtivas, em especial aqueles envolvidos na pecuária de
corte e de leite que são a coluna vertebral para uma solução eficiente para esta
atual questão imposta pelo PNEFA e pelo MAPA.
A proposta debatida, desde 2018, no
meio rural é que exista uma arrecadação de fundos públicos e também privados
para o FUNDAGRO. É bastante simples: recorre ao conceito de tripartição de
responsabilidades; a idéia central é a cobrança do valor de R$ 1,00 por
parte do produtor/pecuarista no momento do abate (via boleto bancário)
a desvinculação de R$ 1,00 do FESA (fundo administrado pela
IDARON) e o pagamento de R$ 1,00 pelos frigoríficos no momento do
desfrute do rebanho.
Dessa forma, sem elevação de valores
ou a criação de novas taxas públicas, o pecuarista e o produtor rural, as
industrias do setor em parceria com o Estado, podem atender ás atuais
exigências que o cenário de final de década nos impõe.
Um arremate na proposta pode ser
deliberado e mediado na Assembléia Legislativa no que diz respeito a redução
das taxas atuais da Agência IDARON e também uma redução do percentual cobrado
pelo fundo FESA atualmente, desonerando os custos do setor rural em pelo menos
10%.
Trabalhando essas duas possibilidades
com os três segmentos: Governo, empresários do setor rural e as industriais,
certamente que o modelo perfeito de arrecadação do FUNDAGRO surgirá, e poderá,
em breve ser reconhecido como um piloto a ser seguido por outras unidades da
federação.
As previsões de elevação da
comercialização para os estados livres de aftosa sem vacinação é da ordem de
mais de 30% nas vendas futuras; mas isso depende da construção responsável de uma
visão de futuro para o agro de RO e também de certa dose de empatia
institucional.
Unir agora
as forças em busca de melhorar as condições de concorrência comercial será em 2019 a
melhor estratégia.
¹ PNEFA
– Plano nacional de Febre Aftosa
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