Segunda-feira, 13 de maio de 2019 - 10h08
Reformas são difíceis
de serem implementadas em qualquer sociedade. Há no ser humano - principalmente
naqueles que se sentem minimamente confortáveis - uma natural resistência a
mudanças.
O atual governo
federal (gostem ou não do presidente) está tentando fazer as reformas que o
Brasil precisa para sair do marasmo econômico.
O senso comum diz que a da Previdência é a mais urgente,
simplesmente porque ajuda a retirar o país da direção do abismo fiscal e,
consequentemente, desanuvia o ambiente para investimentos, principalmente do
setor privado (o público está quebrado), já que nenhum grande grupo econômico,
nacional ou estrangeiro, é voluntarioso o bastante para empregar seus recursos
em um país insolvente.
Sem investimentos não há retomada do crescimento
econômico, indispensável para criação de empregos e riquezas; logo, a reforma
previdenciária se apresenta indispensável.
Sabemos que em qualquer lugar do mundo reforma
previdenciária é osso duro de roer, pois encontra resistência de quase todos os
setores da sociedade.
No Brasil, contudo, há idiossincrasias que tornam
mudanças dessa natureza ainda mais complicadas.
Ao longo de nossa história, em especial após a
Constituição de 1988, o Estado brasileiro se mostrou uma magnífica máquina de
desigualdade social, com um sistema tributário regressivo que, em termos
relativos, onera mais quem ganha menos, e uma estrutura de serviços que
penaliza os mais pobres, pois mais ineficiente exatamente naquilo que
efetivamente interessa a estes: saúde, educação e segurança.
Porém, nada se compara, em termos de desigualdade, ao
atual sistema previdenciário, mormente do setor público - incluindo os
militares.
Sob o verniz da legalidade, foi-se criando privilégios a
toque de pressão corporativa: aposentadorias prematuras e integrais; adicionais
e outros balangandãs que, ao final do tempo de serviço, se incorporam aos
proventos; verba de produtividade para inativos, só para ficar nos exemplos
mais ilustrativos.
Some a tudo isso o teto constitucional, que é
ostensivamente vilipendiado pela elite do funcionalismo - dos três poderes -
com sofismas jurídicos dos mais criativos.
Esse estado de coisas não poderia dar em outra situação
senão na total falência das contas públicas. É matemática básica.
Causa perplexidade o fato de setores do serviço público
reclamar da falta de recursos para investimentos e, ao mesmo tempo, se
posicionarem contra a reforma da Previdência. Seus membros encampam a
cantilena, mas não esboçam qualquer movimento no sentido de largar o osso dos
privilégios.
A
palavra corporativismo não foi gestada por acaso. Sua origem explica a atual
situação do Brasil.
Na Antiguidade, uma máxima aristotélica regia as relações
humanas: alguns nascem para servir a outros. A desigualdade entre seres humanos
era vista como algo natural, imutável; logo, não cabia ao rei e/ou imperador ir
contra ou modificar essa verdade absoluta. Antes, o bom e “justo” soberano era
aquele que, no exercício de sua autoridade, preservava a diferença entre os
homens, pois assim agindo estava cumprindo os desígnios da natureza.
Com o advento do cristianismo, a natureza foi substituída
por Deus. A lógica da desigualdade entre os seres humanos era legitimada pela
vontade divina, que, segundo a crença que dominou boa parte da Idade Média,
materializava-se pelas ordens emanadas do monarca de plantão, único e legítimo
representante do Altíssimo.
Com a mudança de valores advinda da evolução do
pensamento humano, por se tornar insustentável a manutenção do status quo com os argumentos até então
postos, em um dado momento foi adicionado nessa equação da desigualdade natural
um novo elemento: a lei.
Como instrumento ínsito ao Estado, é a qualidade deste
que define a função da lei.
A
metáfora do corpo é usada para definir a função que deve ter cada órgão que
compõe a sociedade. O governo é a cabeça, portanto, indispensável à manutenção
de todos os demais órgãos, que, de alguma maneira, estão a ele subordinados.
Dito isto, nada mais “justo” do que conceder aos agentes
do Estado – e àqueles que o servem - tratamento diferenciado aos daqueles que
compõem os demais órgãos sociais.
Para naturalizar (ou, legalizar) a diferenciação
outorgada aos agentes públicos, o Judiciário serve como órgão emissor da moeda
da desigualdade, declarando ser direito o que, em verdade, são privilégios.
Essa foi a lógica emanada das Ordenações do Reino, que
desde o Século XV distinguiu Portugal das demais monarquias européias.
Dom João VI chegou ao Brasil em 1808 e retornou à
Portugal em 1821, porém, o espírito da Coroa lusitana aqui ficou e nunca mais
atravessou o Atlântico.
O corporativismo – principalmente do setor público - do
qual a sociedade brasileira se tornou refém nada mais é do que a naturalização
da desigualdade; contudo, legitimada não mais pela natureza ou por Deus, mas
pela lei.
Cândido Ocampo,
cidadão rondoniense.
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