Sábado, 4 de fevereiro de 2017 - 06h53
A explosão migratória I
Em meados da década de 70, o Território Federal de Rondônia contabilizava 111 mil habitantes. Numa surpreendente reviravolta, em menos de uma década, atingiria uma população de 500 mil, impulsionado por projetos de colonização do Incra, do garimpo do ouro e da cassiterita, pela exploração da madeira e de um dos maiores deslocamentos de contingentes humanos já registrados no planeta.
Desde os anos 70, Rondônia despertava curiosidade lá no Oeste paranaense. Nos colégios se tomava conhecimento de colegas com suas famílias trocando Cascavel por Ji-Paraná. As toras de madeira oriundas de Rolim de Moura – grossas e enormes – pareciam ser de outro mundo. A explosão de Ariquemes, Cacoal e Vilhena também chamavam a atenção. Caravanas inteiras de colonos se formavam para chegar a terra prometida, o que poderia durar até 20 dias, tamanho os atoleiros da BR 364.
As primeiras noticias do antigo território este colunista recebeu através dos jornais O parceleiro (Ariquemes) e o Guaporé (Porto Velho) levados por migrantes sulistas.
A explosão Migratória II
A partir de Cascavel e região, milhares e milhares de paranaenses, gaúchos e catarinenses, através de longas jornadas de ônibus, de caminhão e utilitários se moviam para Rondônia. Concorria ao fantástico surto migratório os anúncios do empresário Assis Gurgacz, até então proprietário de uma pequena empresa de ônibus, no programa de maior audiência da região, do sertanejo Darci Israel, na Rádio Colméia.
A pedido do seu Assis, Darci Israel falava de uma nova Canaã, uma terra de leite e mel, da facilidade de acesso aos módulos rurais. Com isto Seu Assis turbinou a migração da região sul para cá, de tal forma que o Centro de Triagem de Migrantes chegava a registrar no acesso ao portal da Amazônia em Vilhena mais de 60 por cento de migrantes paranaenses no final dos anos 70 e início dos anos 80.
Neste contexto, no inicio dos anos 80, Rondônia chegou aos 500 mil habitantes, quintuplicando a população em apenas uma década e já se preparava para a transformação do território em estado.
A explosão migratória III
A curiosidade deste que vos fala já estava aguçada para conhecer Rondônia quando recebi convite para participar da implantação do jornal Estadão, em Porto Velho, em 1980. Decidi acompanhar este fenômeno migratório, pedindo uma licença do jornal e da emissora de rádio onde atuava no Paraná por 30 dias. Queria participar da epopéia da criação do primeiro jornal no sistema off set do território e logo em seguida voltar aos pagos paranaense.
Acompanhar este fenômeno migratório motivou minha permanência na região e alguns anos depois me honrou também a participação do processo de implantação deste Diário da Amazônia, já em 1993. Mas jamais poderia imaginar que m novo ciclo de migração voltasse a ocorrer por aqui. Mas com a construção das usinas, em três anos Porto Velho angariou mais de 100 mil moradores e o estado hoje atinge a marca dos 2 milhões.
Ao completar 37 anos de Rondônia, relato aos caros leitores o olhar de um migrante, que como tantos outros, veio repleto de expectativas, de sonhos e de esperanças.
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