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Gente de Opinião

Carlos Sperança

Uma coluna sem papas na língua 15/07/09


 

Corrida à Brasília

Ao meio das turbulências que envolvem o Congresso Nacional e os escândalos que atingem o senador José Sarney, os prefeitos brasileiros desembarcaram em Brasília para mais uma marcha municipalista. Com pires nas mãos, e cada vez com mais responsabilidades pelas demandas sociais assumidas, os alcaides brasileiros buscam garantir mais recursos.

Emendas parlamentares

Além de pedir bênçãos ao presidente Lula e aos ministros da área econômica, os prefeitos também vão solicitar a liberação de recursos de emendas parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado. Ocorre que muitas obras anunciadas através de emendas acabaram virando brisa, ou seja, com os recursos não liberados.

Janela aberta

Com a aprovação das novas regras eleitorais abrindo janela para que os políticos possam trocar de partido sem punição para as eleições do ano que vem já se projetam acomodações partidárias em várias legendas. Na Assembléia Legislativa pelo menos seis deputados estão arrumando as malas para mudança.

Perdendo quadros

O PPS, que já foi dominado pelos palacianos, deverá ceder quadros para o novo partido do governador Ivo Cassol, o Partido Progressista -PP. Fala-se nos bastidores políticos que o próprio vice-governador João Cahula também deixará a agremiação em direção ao PP ou ao PSDB para disputar a sucessão estadual.

Favas contadas?

Até o final de semana era tido como favas contadas a eleição do deputado federal Eduardo Valverde para a presidência do Diretório Estadual do PT no final do ano. No entanto, no encontro petista do final de semana do segmento “Movimento”  (o partido tem várias tendências), esse agrupamento decidiu lançar o nome de José Carlos Monteiro Gadelha pra o cargo.

Corrente majoritária

Valverde, no entanto, continua favorito para a peleja, já que a corrente que ele pertence é amplamente majoritária na agremiação. Ele e a senadora Fátima Cleide participaram do evento realizado em Ji-Paraná e tiveram que engolir o lançamento de um adversário, mas reafirmaram que respeitam a “pluralidade de pensamento”.

Grana escassa

Prefeitos atrás de mais recursos, deputados federais e senadores querendo liberar dinheiro para suas emendas e outros Ministérios buscando ampliar seus quinhões, mas o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, jogou uma balde de água gelada em todos. “A margem para o ajuste no orçamento deste ano é mínima”. Trocado em miúdos: podem chorar a vontade...

Redução da receita

Para justificar o toco, ou seja, o não atendimento das reivindicações generalizadas, o ministro enfatizou que houve uma expressiva redução da receita em 2009 o que levou o governo federal a mudar suas metas fiscais e reduzir limites orçamentários para os ministérios. Mesmo com tanta seca, os recursos do PAC para o programa “Minha Casa, Minha Vida” serão mantidos.

A invasão de Jirau

Mesmo sendo mais distante – mais de 100 quilômetros de Porto Velho – os manifestantes de Rio Pardo, Buritis, Jaci - Paraná etc preferiram invadir e paralisar as atividades da usina de Jirau, quando a outra usina fica por aqui mesmo, mais perto. Tem explicação: a coisa foi financiada por políticos interessados em tumultuar Jirau e todo mundo sabe quem é... 

Do Cotidiano
 
O necessário equilíbrio

O que há por trás da insistência em acionar a CPI da Petrobras? E, por outro lado, o que há atrás das desesperadas tentativas de evitá-la? Esse episódio se assemelha a uma posição do tabuleiro de xadrez, em que a cena contemplada já está amplamente adiantada nas cogitações dos dois jogadores. 

Inúmeras questões brotam tanto da insistência em ativar a CPI quanto das tentativas de impedi-la ou esvaziá-la, mas três se destacam, por ser exatamente as mais óbvias. A primeira delas, segundo a ótica dos proponentes da CPI, é que há muitas denúncias sobre equívocos ou más práticas da gestão administrativa da empresa. Se há denúncias é preciso apurá-las. Mas, alegam os governistas, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça podem muito bem dar conta disso. E sem abalar no exterior a respeitabilidade de uma empresa que compete em um mercado agressivo e implacável.  

Quanto à segunda questão – o sistemático emprego das CPIs pelos parlamentares “midiáticos” para torná-las vitrines de seus desempenhos grandiloquentes ou espetaculosos –, os governistas, que na oposição as adoravam, agora acusam os oposicionistas de usá-las apenas pela mera vontade de “aparecer”, sem se importar se a coisa vai, como habitualmente ocorre, acabar em manipulada pizza de quatro ou mais queijos.

A terceira questão não recebe afirmações tão categóricas, nem de situação, nem de oposição. Mas toda essa discussão em torno desta e de outras CPIs leva mais jeito de ser uma tentativa de mudar a agenda nacional, hoje centrada na intensa propaganda do Executivo e em pesadas acusações contra o Poder Judiciário (até se ensaia uma campanha “Fora Mendes”) e sobretudo contra o Congresso (Fora Sarney, fora Deputado do Castelo etc). Seria um tapete sob o qual ocultar a poeira.

Está claro que as campanhas contra o Judiciário e o Parlamento são o ovo da serpente de uma ditadura – e a Nação com memória sabe quanto elas são danosas e corruptas. Por isso, é essencial afirmar o princípio da igualdade entre os poderes, o que requer maior transparência dos atos do Executivo, maior capilaridade e eficiência da Justiça e passar a limpo as práticas e os métodos que nas duas casas do Congresso, nas assembleias legislativas estaduais e nas câmaras municipais causam ojeriza à população. 

Aos cidadãos, além desse necessário equilíbrio entre os três poderes e a moralização definitiva dos costumes nacionais, interessa que haja realmente um debate sobre a Petrobras, que os brasileiros consideram uma empresa nacional, embora suas ações estejam sendo compradas por interesses estrangeiros na Bolsa de Valores.

Via Direta

*** O governador Ivo Cassol, mesmo ressabiado com o processo de cassação, já projeta filiações em massa para o PP, seu novo partido *** Em Ji-Paraná, os petebistas preparam uma debandada para os quadros do PDT, de Acir Gurgacz *** Mineirinho, Bianco vai reestruturando o DEM para a peleja de 2010 *** A aliança preferencial dos bianquistas será com o PPS e PSDB.

Fonte: Carlos Sperança / www.gentedeopiniao.com.br 
csperanca@enter-net.com.br 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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