Uma coluna sem papas na língua 15/09

Nova tentativa
Tiziu e sua turma de deputados cassolistas ainda não desistiram de tomar o PSDB goela abaixo. Vão tentar se apoderar do partido liderado pelo ex-deputado Hamilton Casara na semana que vem, numa visita do tucano de alta plumagem José Anibal. A primeira tentativa deu errada por causa do envolvimento de Expedito Júnior detestado pelo tucanato.

Uma despedida
O deputado estadual Chico Paraíba (PMDB-Presidente Médici) que foi indicado e aprovado pelo governador Ivo Cassol para o cargo de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado-TCE despachou normalmente ontem em seu gabinete. A todo momento era indagado pelos colegas e correligionários sobre sua posse. Explicava a todos com paciência que antes vai percorrer o interior e, em respeito ao eleitorado, e se despedir das suas bases.

A expectativa
Enquanto isso o suplente do deputado Paraíba, o vilhenense Zé Cover se corrói de ansiedade. Ocorre que ele acreditava que seria empossado no cargo do novo conselheiro logo depois do ato assinado pelo governador Ivo Cassol. Chegou até a festejar o acontecimento em páginas de jornais locais.

Macho alfa?
Explica-se a rebelião de algumas ovelhas governistas já desgarradas no Poder Legislativo estadual. Ocorre que a maior parte dos recursos das emendas parlamentares do baixo clero governista não  ainda não foram liberadas pelo Palácio Presidente Vargas.  Isso provocou desgaste nas bases. Teve deputado acusado de ser boy de luxo e para provar o contrário já banca macho alfa.

Baita fidelidade!
Então, o que se vê, na Assembléia Legislativa é que sem emendas, não haverá fidelidade aos projetos emanados do Executivo. Muitas propostas  já foram vetadas nos últimos dias por placares esmagadores, de até 17 votos. Como a oposição não tem mais do que cinco andorinhas, pelo menos 12 deputados governistas se mostram claramente rebelados.

Partidos em ação
Esse final de semana promete. Em Ji-Paraná, o PTB e o PDT, dois  partidos de grande representatividade em Rondôna, marcaram encontros estaduais. O PMDB fará reuniões simultâneas em Vilhena, com lideranças do Cone Sul, e em Porto Velho, com a realização do fórum de marketing político e eleitoral.

Socialismo moreno
Do lado do PDT,  sob a liderança do empresário Acir Gurgacz, as lideranças do socialismo moreno pretendem alinhavar alianças e tratar da formação de chapas para as câmaras de vereadores para as eleições do ano que vem. No PTB, o presidente regional, ex-deputado federal Nilton Capixaba já deve anunciar os prováveis pré-candidatos do partido nos principais colégios eleitorais do estado.

Café intragável
Quem visitou esta semana os deputados na Assembléia Legislativa teve que suportar um café intragável. Visitantes e servidores se queixaram da ruindade do cafezinho servido. Trata-se do café Kentinho, importado de Salvador. Com tantas marcas de qualidade em Rondônia, impor uma beberagem destas, é no mínimo uma sacanagem. É bom para servir para os adversários...

Recrudescimento
Vale tudo pela indicação dos polpudos cargos federais em Rondônia. Deputados federais e senadores da base aliada de Lula em Rondônia estão engalfinhados numa peleja de golpes e contragolpes. A luta pelo poder encerra um jogo sórdido de calúnias e de queimação de nomes emplacados pelos adversários.

Do Cotidiano

Uma história de heroísmo 

No último mês de julho a BR-364, antiga 029, ex- Marechal Rondon e atual rodovia JK, completou 47 anos. É uma história de miséria e progresso, heroísmo e covardia, a arrancada para uma das últimas epopéias colonizadoras do Brasil. Antes dela, a próspera Porto Velho de hoje era um lugar remoto e inatingível, a não ser pela via ferroviária, com a construção da Estrada Madeira-Mamoré, a partir de Guajará-Mirim, de balsa a partir de Manaus ou de avião.

Recomendada por antigos planos rodoviários, a obra, no entanto, só foi delineada concretamente em fevereiro de 1960. Ávido por deixar seu nome definitivamente inscrito na história do país, já tendo em perspectiva uma futura reeleição, o presidente Juscelino Kubitschek, em reunião com os governadores dos estados do Norte, anunciou a autorização para construir a rodovia. Surgia ali o esboço da BR-29 ligando Cuiabá a Porto Velho e Rio Branco, abrindo de uma vez por todas o caminho à definitiva conquista do Oeste brasileiro. Uma rodovia que já foi chamada de Leste–Oeste e Brasil–Acre (sic).

Uma carta – Aquela histórica reunião foi relatada pelo coronel Paulo Nunes Leal a partir da inspiração da principal conclusão do encontro: a obra teria sido sugerida por um seringueiro, morador do Km-172 da Madeira-Mamoré, que por meio do jornalista Jorge Ferreira mandou uma carta ao presidente. Nessa reunião, já nos instantes final de seu governo, JK comentou a carta com Leal, então governador do Território Federal de Rondônia. Já havia construído a Belém-Brasília, completando a ligação Sul-Norte e anunciaria em seguida aos governadores do Norte a realização dessa obra com mais de três mil quilômetros.

A obra pode, de fato, ter sido inspirada na carta do seringueiro, mas JK consultou o governador Nunes Leal a respeito.

“Começarei amanh㔠– No livro autobiográfico Por que construí Brasília, Juscelino relembra o momento em que fez à imprensa o anúncio da nova obra e alguém comentou: “Isso é uma loucura, isso é impossível! Como poderá fazer essa obra que equivale à Belém-Brasília?” Juscelino respondeu: “Começarei amanhã”.

Foi assim que na mesma noite do anúncio da obra, JK determinou providências ao DNER para que fossem tomadas as primeiras medidas. A BR-29 começou imediatamente e nos primeiros meses, seis mil homens trabalhavam na estrada.

Em 4 de julho de 1960, pousa em Vilhena o avião DC-3 da FAB, conduzindo o presidente Juscelino Kubitschek para a derrubada da última árvore ainda existente no leito da projetada rodovia. A partir desse momento a obra seria uma conquista irreversível da gente do Oeste brasileiro.

Via Direta

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Fonte: csperanca@enter-net.com.br