Terça-feira, 22 de julho de 2008 - 07h59
Com a proximidade das eleições de outubro os candidatos começam a mobilização de suas coligações. As caminhadas corpo- a- corpo, as visitas às feiras e aos bairros, as reuniões com os militantes, nesta fase da campanha, começam a tomar mais tempo dos candidatos nesta corrida sucessória, que ainda são obrigados a se enquadrar nas orientações de seus marqueteiros em gravações para as emissoras de rádio e televisão, tendo em vista a proximidade do horário gratuito.
O jornal Diário da Amazônia volta suas atenções para os municípios de Ji-Paraná, segundo maior colégio eleitoral do estado, a Vilhena, um município recordista de desenvolvimento na última década motivado pelo salto do agronegócio e, a cidade de Espigão do Oeste, um município de porte médio, de forte migração sulista.
Em Ji-Paraná, está um dos maiores favoritos das eleições municipais deste ano: o atual prefeito José Bianco (DEM), que pilota uma poderosa coalizão. Em Vilhena, o cacique Melki Donadon (PMDB), mesmo beneficiado pela divisão da oposição, já é assediado por Zé Rover (PP), candidato da base aliada do governador.
Já, em Espigão do Oeste, a grande alquimista Lucia Teresa, atual prefeita e ex-deputada estadual, já cumpriu dois mandatos e não pode pleitear mais uma reeleição. Com isso a competição ficará mais equilibrada. Confira o cenário regional.
Bianco pilota uma frente suprapartidária em Ji-Paraná |
Em Ji-Paraná, José Bianco
larga como grande favorito
É possível imaginar, alguém conseguindo botar no mesmo palanque corintianos e palmeirenses? Talvez Fátima Cleide e Expedito? Então Amorim e Confúcio? Melki e Mauro Bill? Esta façanha, de montar uma frente suprapartidária, onde estão presentes até adversários comuns, foi obtida pelo mago da articulação da BR, o prefeito de Ji-Paraná, José Bianco (DEM). É o grande bruxo da política tacacá e dificilmente erra a tacada.
Deputado estadual mais votado de Rondônia nas eleições de 82, Bianco que já foi presidente da Assembléia Legislativa, prefeito, senador e governador, não precisa mais provar nada para ninguém. É um administrador por excelência e já arrumou a prefeitura de Ji-Paraná duas vezes, recuperou o estado, mesmo com um buraco negro, passando para o seu sucessor uma gestão estruturada e com recursos liberados de um empréstimo do Pacto Andino, o que ajudou ao atual governador a realização de estradas.
Bianco larga na frente em busca de mais um mandato no Palácio Urupá, como um dos maiores favoritos da temporada, mas não é imbatível. Em Rondônia, está mais do que provado, que até os imbatíveis despencam. Assim foi em disputas ao governo com Chiquilito Erse em 94 e Valdir Raupp em 98, ou em pendengas municipalistas quando Bianco bateu o grande José Viana (Ji-Paraná-88) e Roberto Sobrinho bateu Mauro Nazif (2004), em Porto Velho.
Virou e mexeu e em Ji-Paraná acabaram apenas duas candidaturas. Bianco acomodou o tucano Zé Otônio na sua chapa e com isso ficou um candidato a menos. O cacique da BR vai enfrentar o comunicador Edvaldo Soares (PMDB), que tirou um candidato da jogada, o petista Antelmo Ferreira que acabou fechando como seu vice. De meia dúzia de postulantes, enfim, sobraram dois, e Soares é um verdadeiro franco atirador. Não tem nada a perder: se faturar a eleição ganhou do grande Bianco, e terá asas crescidas no cenário estadual. Se perder, perdeu para o grande Bianco e mesmo levando uma sura inesquecível nas urnas, não lhe ficará feio, ficando ainda com sua campanha pronta para a Câmara Federal em 2010.
Em Ji-Paraná toda a carga de responsabilidade ficou para o ex-governador. Se não ganhar bem a eleição, não terá fôlego para projetar vôos maiores, como o Palácio Presidente Vargas ou ao Senado em 2010. Se perder, lhe restará a aposentadoria.
Edvaldo Soares: um franco atirador que nada tem a perder |
Reflexos no estado
Com uma população já em torno de 120 mil habitantes e um eleitorado beirando os 80 mil eleitores, o município de Ji-Paraná é o segundo maior do estado e irradia influência para todo pujante interior rondoniense. Município que mais cresceu no país ao final dos anos 70 e meados dos anos 80, a chamada capital da BR penou nos últimos anos com forte imigração de contingentes de trabalhadores para os Estados Unidos e Portugal e Espanha.
Com Bianco, Ji-Paraná começou um processo de recuperação, assim que assumiu, numa bela dupla com seu vice Assis Canuto, um dos heróis da colonização rondoniense, responsável pelo nascimento de Ouro Preto, o berço da colonização do antigo território.
Povoado por migrantes sulistas, com grande incidência de mineiros, capixabas e baianos, Ji-Paraná volta a crescer, de olhos voltados para o futuro.
Domínio do clã Donadon
sob ameaça no Cone Sul
O pioneiro no Cone Sul, Marcos Donadon, eleito no início dos anos 80 prefeito de Colorado do Oeste – já falecido - deu inicio a um clã político que se expandiu e tomou conta de toda a região há pelo menos duas décadas. Atualmente a dinastia conta com o prefeito de Vilhena Marlon Donadon, a prefeita de Colorado do Oeste, Miriam Donadon, os deputados Marco Antônio (estadual) e Natan (federal).
Todo o grupo é coordenado com competência pelo ex-prefeito de Colorado e Vilhena Melki Donadon (PMDB) que já foi candidato ao governo (em 98) e mais recentemente ao Senado em 2006. Ele é o patriarca da família e volta a disputar pela terceira vez o Palácio dos Parecis, sede da prefeitura local.
Desde que o grupo político Donadon criou asas, com o controle da Assembléia Legislativa nos anos 90, nunca mais parou de crescer, mesmo sob pesadas acusações de corrupção, pilantropia e nepotismo.
Com apoio do eleitorado evangélico, Melki Donadon desponta como favorito para a corrida sucessória em Vilhena. No entanto, pela primeira vez seu reinado está ameaçado. O governador Ivo Cassol se empenhou pessoalmente em costurar uma grande frente partidária para garantir a vitória do empresário Zé Rover (PP). O quadro de candidatos se completa na cidade Portal de Amazônia com o combativo vereador Mauro Bill (PT) – um dos mais destacados do estado – que pratica oposição cerrada ao grupo Donadon.
Com apoio de Cassol, Zé Rover ameaça a dinastia Donadon |
Traído pela militância do seu partido, o PC do B, que ficou com Zé Rover, o professor Julio Olívar, acabou fora da peleja local e já dispara sua metralhadora giratória contra aqueles que lhe deram uma rasteira. Foi o canto do cisne de Olívar, os próprios vermelhinhos determinaram ao comunista o caminho do cadafalso neste processo eleitoral.
A pujança de Vilhena
Quem faturar a eleição em Vilhena em outubro vai administrar a cidade mais bem organizada no estado em termos de infra-estrutura. A aprazível cidade, colonizada por migrantes gaúchos, paranaenses e catarinenses, lembra, na verdade, uma cidade sulista, tem o melhor clima da Amazônia e é um pólo regional de pelo menos 16 municípios rondonienses e do Norte do Mato Grosso.
Cidade que mais cresce em Rondônia, ao lado de Buritis, Vilhena se manter o atual índice de crescimento deverá ultrapassar Ariquemes e Cacoal em menos de uma década. Sua grande mola propulsora é o agronegócio e a prestação de serviços.
A prefeita Tereza cumpre segundo mandato e está fora da disputa |
Sem Lucia Tereza, a previsão
de pleito acirrado em Espigão
De uma região onde ocorreram graves conflitos de terra no passado, emergiu uma cidade de porte médio e bem estruturada. Com mais de 20 mil eleitores, cerca de 30 mil habitantes, o município de Espigão do Oeste, encravado nas proximidades de reservas indígenas e parques nacionais, é movido pelo agronegócio.
Como Cacoal, onde reina a prefeita Sueli Aragão e Colorado do Oeste, onde cumpre mandato a prefeita Miriam Donadon, vigora o matricarcado político em Espigão. A ex-deputada estadual Lucia Tereza (PTB) é a grande pajé política do lugar: ocupa o paço municipal pela segunda vez e, por isso não pode disputar uma nova reeleição cargo, ocasionando com isso uma peleia mais equilibrada naquelas bandas. Com ela nas paradas seria difícil aparecer um adversário a sua altura.
Na verdade Espigão do Oeste deve muito a esta matricarca pioneira que se radicou na região desde a década de 70, época dos conflitos envolvendo dezenas de famílias em disputas movidas a bala.
De porte médio, colonizada majoritariamente por migrantes sulistas, Espigão tem ares de cidades sulistas. Três candidatos disputam a prefeitura local: Walter Gonçalves Lara (PP), Vantuil Braun (PV), e Célio Silveira (PMDB).
Lara tem a maior coligação na eleição local envolvendo uma verdadeira penca de agremiações, nada mais nada menos do que 13 partidos. Já, Célio Silveira tem a força do PMDB na região, mais a aliança com o PT, tornando-se com isso candidato de ponta na cidade. Corre por fora Vantuil Braun, do PV, ungido da base aliada do governador Ivo Cassol, que tem grande prestígio local.
A trajetória dos cardeais,
de olho no pleito de 2010
Os cardeais da política rondoniense disputam as eleições de outubro diretamente ou com seus ungidos, com os olhos voltados para as eleições de 2010. Na disputa direta estão José Bianco (Ji-Paraná), Melki Donadon (Vilhena) e Confúcio Moura (Ariquemes). Apoiando aliados, estão na peleja o governador Ivo Cassol, os senadores Valdir Raupp e Fátima Cleide e o presidente regional do PDT Acir Gurgacz.
Também os políticos emergentes, que cresceram e ganharam estrutura pelo cargo que ocupam como é o caso do presidente da Assembléia Legislativa Neodi Carlos (PSDC) tem projetos maiores para 2010, tanto para a disputa do Palácio Presidente Vargas, como também, de forma alternativa, para uma vaga ao Senado.
As eleições municipais vão servir como termômetro para os propósitos dos cardeais da política daqui a dois anos. Por isso, todo o empenho para ganhar terreno.
Para ganhar asas e alçar vôos maiores os prefeitos Confúcio e Bianco, assim como o ex-prefeito Donadon precisam ganhar - e ganhar bem - as eleições municipais. Em caso de derrota - o que pode ser considerado zebra em seus respectivos municípios – serão obrigados a desistir dos seus projetos para 2010.
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