Quinta-feira, 13 de agosto de 2020 - 11h58
Bagé, 13.08.2020
Momentos
Transcendentais no Rio Amazonas I
Manaus, AM/ Santarém, PA ‒ Parte V
Partida para Oriximiná (14.01.2011)
Fui dormir cedo na véspera da partida, pois havia marcado
minha partida para as 04h30 (horário do Pará). O enorme Estado do Pará possui
apenas um fuso horário e, como o Município de Juruti se encontra no extremo
Oeste dele, isto significava que eu pretendia navegar, aproximadamente durante
duas horas, à noite em uma área totalmente desconhecida. Instalei minha
lanterna de cabeça e parti na hora estabelecida. O porto de Juruti é muito
concorrido, isso exigia medidas adicionais de segurança. Segui a corrente pelo
Furo de Juruti, procurando ficar próximo da Ilha de mesmo nome, a fim de evitar
a rota tradicional das demais embarcações. Como sempre, os banzeiros estavam
presentes, sem dar trégua. Depois de contornar a Ilha, eu tinha de seguir rumo
Norte atravessando o Canal onde trafegam os grandes navios.
Chamei pelo rádio o Sgt Barroso e pedi que ele me
ultrapassasse, para que eu seguisse na sua esteira. Pretendia aproveitar a luz
do holofote de popa para avistar as marolas marotas que surgiam de todos os
lados. O Piquiatuba parou de repente para aguardar um grande navio que passava
rumo a Manaus. Passados alguns minutos, continuamos nossa jornada e pedi que
avisassem ao piloto que mantivesse a velocidade de quatro nós (7,2 km/h).
Só mais tarde soube que não dispunham de nenhum
medidor de velocidade a bordo e, apesar de a Rosângela informar,
insistentemente, ao piloto de que eles estavam se distanciando demais de mim,
nada foi feito até a primeira parada. Embora tenha mantido um ritmo bastante
forte, de 5 a 6 nós, eu não estava conseguindo seguir na esteira da embarcação
de apoio e, em consequência, não podia aproveitar as luzes do holofote
traseiro. O banzeiro diminuiu e, finalmente, consegui manter a estabilidade do
caiaque e me comunicar com o piloto, determinando que ele parasse para me
abastecer de água e tratar da forte dor muscular no trapézio.
Estava começando a clarear no horizonte e determinei
que, a partir daquele ponto, o Piquiatuba é que deveria me seguir. Agora já se
podia avistar, com alguma dificuldade, a silhueta da Ilha de Santa Rita, que eu
contornaria antes de penetrar no Paraná de Cachoeiri, ao Norte dela. Entrei no
Cachoeiri, às 07h30, e verifiquei que o Paraná possuía uma correnteza forte,
graças à sua grande profundidade, em torno dos 40 metros.
Às 10h45 avistei o Rio Trombetas, rumei para a margem
esquerda do Paraná para facilitar sua abordagem. Colado à margem, diminuí o
ritmo das remadas, economizando energia para atravessar o belo afluente do
Amazonas. Felizmente o Rio Trombetas ainda estava muito baixo e não tive
qualquer dificuldade em abordar a margem esquerda.
Chegamos ao Porto de destino, às 11h15 e, depois de um
banho, ligamos para o irmão (maçom) Capitão Marcelo, Comandante da Polícia
Militar em Oriximiná.
Mais uma vez os camaradas da PM demonstraram sua
disposição em nos ajudar, e conseguimos, graças aos seus contatos, ficar
hospedados gratuitamente no excelente Oriximiná Hotel, administrado pela
encantadora senhora Kátia Maria Feijão Ribeiro.
Visita ao
Legendário Cuminá
Os Argonautas
(Apolônio de Rodes)
Mas
quando Jasão, o Esonida, navegava em busca do velocino de ouro, e os melhores o
seguiam, escolhidos de todas as cidades, chegou também à rica Iolcos o homem
infatigável, filho da heroína Alcmena de Midéia, e, com ele, Hilas descia até
Argo, provida de belos bancos, a nau que não tocou as Cianéias, que se chocam,
mas atravessou como uma águia o grande golfo, [por causa disso, os recifes se
fixaram], e lançou-se no profundo Phasis. (RODES)
Partimos, no dia 16.01.2011, para o Cuminá, onde a
lembrança das Três Viagens do Padre Nicolino, as Expedições de Gonçalves
Tocantins, Valente do Couto, Madame Coudreau e a Incursão de Rondon e Cruls,
retumbavam na minha alma de desbravador.
Solicito Publicação
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
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