Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025 - 07h05
Bagé, 24.01.2025
Continuando
engarupado na memória:
Tribuna da Imprensa n° 4.272, Rio, RJ
Sábado e Domingo, 08 e 09.02.1964
Jango Atinge sua Maior Meta: o Caos
A inflação desenfreada,
que sempre mereceu o estímulo do sr. João Goulart, ameaça lançar o País no caos
financeiro antes do fim do ano. O custo de vida subiu cerca de 18% em janeiro,
na mais alta taxa alcançada pela ascensão dos preços. Nesse passo, a inflação
atingirá 300% em julho, estando o País próximo ao estouro.
A notícia de que o
custo de vida subiu durante o mês de janeiro 18% estarreceu muita gente, mas
não chegou a causar surpresa a nós outros. Senão vejamos. O processo
inflacionário nos últimos 4 anos comportou-se na forma seguinte:
1960 – 34%
1961 – 55%
1962 – 66%
1963 – 80%
Esse dado revela que o
aceleramento do processo Inflacionário se verifica através de uma progressão
geométrica, ou seja; que sua velocidade aumenta de ano para ano. É óbvio que o
aumento do custo de vida reflete, em última análise, a variação inflacionária.
No ano de 1963, janeiro acusava um índice de aumento de preços de 3%, enquanto
que dezembro já apresentava 8%. Pode-se assim dizer que os cálculos feitos,
ontem, pelo editorialista deste Jornal à base de um aumento de 18% ao mês, por
ter sido esse o índice de janeiro, são extremamente otimistas, se continuarmos
na atual política econômico-financeira. O sr. Brizola, a nosso ver, prevendo
para junho um aumento da ordem de 300%, talvez esteja mais próximo da verdade.
Concluiu-se, portanto,
que a inflação aproxima-se, desta vez, de seu ponto crítico. Todos os sintomas
da proximidade do estouro final já se fazem notar, inclusive o crescimento
diário das operações em moeda estrangeira, traduzindo o repúdio ao cruzeiro;
contrata-se, hoje, aluguel, em dólares, paga-se salários em dólares e assim por
diante, embora usando às vezes de fórmulas eufêmicas.
Chega, pois o governo
Goulart a um ponto em que será obrigado a fazer o que por incapacidade ou por
indústria não fez; tomar providências drásticas na área financeira. Pois, em
verdade, o absurdo da situação atual só pode nos deixar em dúvida se a atitude
do governo se deve à extrema desídia ou a algo de maquiavélico se armando por
trás de tudo. E nos inclinamos mesmo pela última hipótese.
Como observadores da
situação econômico-financeira prognosticamos que os 30 dias que sucederão ao
Carnaval serão decisivos para a vida do País. Goulart terá que, nesse período,
decidir se entra numa política de saneamento financeiro do tipo clássico, ou se
adota as medidas revolucionárias com que lhe acenam as esquerdas. Parece-nos
que as meias medidas ou a política da avestruz não poderão mais ter lugar. Se
desejar adotar a primeira hipótese o Presidente terá que dar uma violenta
guinada em sua política externa; pois somente através de um maciço apoio das Nações
Ocidentais poderá ele realizar uma política de drástica contenção da inflação
sem originar tensões sociais que poderão levá-lo à renúncia ou à deposição.
Adotar as medidas
revolucionárias que lhe propõem as esquerdas, mesmo que se antecipem
eficientes, implicará na entrada do País num caminho de sacrifícios imediatos
embora com acenos de bem-estar a prazo longo. E exigirá do Presidente uma
grande disposição para a luta, pois, terá que enfrentar a maior oposição que um
governante brasileiro jamais enfrentou. Não parece que seja esse o estilo de
Jango. A inflação levou assim o Presidente ao beco sem saída em que nunca
desejou se meter: o ter que tomar uma decisão definitiva. Vamos esperar qual
seja. Mas aguardem; março será o mês decisivo para o País.
Tribuna da Imprensa n° 4.278, Rio, RJ
Terça-feira, 18.02.1964
Jurema Busca Forças Estaduais Para Golpe
(Mauro
Braga)
Buscando dar cobertura
aos projetos golpistas o sr. João Goulart, o ministro da Justiça, sr. Abelardo
Jurema, acaba de assinar portaria constituindo um grupo de trabalho “para estudar a situação remuneratória das
corporações militares estaduais”, através do que pretende fazer verdadeira
intervenção branca nos Estados. Assim, a pretexto de custear aumentos salariais
nas Polícias Militares de cada Estado, o sr. João Goulart, pela mão de Jurema,
procura atrair para a órbita federal as milícias fardadas, talvez esperando
contar com elas em qualquer aventura para tentar perpetuar-se no Poder.
A portaria é baseada
no artigo da Constituição que considera as milícias estaduais como Forças
Auxiliares do Exército, argumento utilizado pelo sr. Jurema para justificar
essa tentativa de “intervenção branca”,
que segue de perto manobra anterior – a da opção dos policiais cariocas.
A mesma Constituição
que o Governo considera superada é citada outra vez logo adiante, em seu artigo
que prevê “a formação de convênios entre
a União e os Estados, para custeio dos serviços federais dos servidores das
unidades federadas”.
Usando essas bases de
argumentação, propõe-se o Executivo federal, a estipendiar as Polícias
Militares estaduais, atraindo-as para seus desígnios.
O grupo de trabalho
constituído por Jurema é presidido pelo sr. Anõr Butler Maciel e constituído
pelo major Humberto Monte, tenente coronel Íris Amapurus e srs. Henrique
Cândido Cavalcante de Albuquerque e Álvaro Clark Ribeiro.
(*) Hiram Reis e
Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXVIII
Bagé, 29.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.281, Rio, RJQuinta-feira, 21.02.1964 Em Primeira Mão(Hélio Fernande
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXVII
Bagé, 27.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.279, Rio, RJQuarta-feira, 19.02.1964 Em Primeira Mão(Hélio Fernande
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXV
Bagé, 22.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.268, Rio, RJ Terça-feira, 04.02.1964 Em Primeira Mão(Hélio Fernandes)
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXIV
Bagé, 20.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.260, Rio, RJ Sábado e Domingo, 25 e 26.01.1964 Generais Contra Decreto