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Hiram Reis e Silva

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXVI


Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXVI - Gente de Opinião

Bagé, 24.01.2025

 

Continuando engarupado na memória:

 

 

Tribuna da Imprensa n° 4.272, Rio, RJ

 

Sábado e Domingo, 08 e 09.02.1964

 

Jango Atinge sua Maior Meta: o Caos

 

 

A inflação desenfreada, que sempre mereceu o estímulo do sr. João Goulart, ameaça lançar o País no caos financeiro antes do fim do ano. O custo de vida subiu cerca de 18% em janeiro, na mais alta taxa alcançada pela ascensão dos preços. Nesse passo, a inflação atingirá 300% em julho, estando o País próximo ao estouro.

 

A notícia de que o custo de vida subiu durante o mês de janeiro 18% estarreceu muita gente, mas não chegou a causar surpresa a nós outros. Senão vejamos. O processo inflacionário nos últimos 4 anos comportou-se na forma seguinte:

 

1960 – 34%

1961 – 55%

1962 – 66%

1963 – 80%

 

Esse dado revela que o aceleramento do processo Inflacionário se verifica através de uma progressão geométrica, ou seja; que sua velocidade aumenta de ano para ano. É óbvio que o aumento do custo de vida reflete, em última análise, a variação inflacionária. No ano de 1963, janeiro acusava um índice de aumento de preços de 3%, enquanto que dezembro já apresentava 8%. Pode-se assim dizer que os cálculos feitos, ontem, pelo editorialista deste Jornal à base de um aumento de 18% ao mês, por ter sido esse o índice de janeiro, são extremamente otimistas, se continuarmos na atual política econômico-financeira. O sr. Brizola, a nosso ver, prevendo para junho um aumento da ordem de 300%, talvez esteja mais próximo da verdade.

 

Concluiu-se, portanto, que a inflação aproxima-se, desta vez, de seu ponto crítico. Todos os sintomas da proximidade do estouro final já se fazem notar, inclusive o crescimento diário das operações em moeda estrangeira, traduzindo o repúdio ao cruzeiro; contrata-se, hoje, aluguel, em dólares, paga-se salários em dólares e assim por diante, embora usando às vezes de fórmulas eufêmicas.

 

Chega, pois o governo Goulart a um ponto em que será obrigado a fazer o que por incapacidade ou por indústria não fez; tomar providências drásticas na área financeira. Pois, em verdade, o absurdo da situação atual só pode nos deixar em dúvida se a atitude do governo se deve à extrema desídia ou a algo de maquiavélico se armando por trás de tudo. E nos inclinamos mesmo pela última hipótese.

 

Como observadores da situação econômico-financeira prognosticamos que os 30 dias que sucederão ao Carnaval serão decisivos para a vida do País. Goulart terá que, nesse período, decidir se entra numa política de saneamento financeiro do tipo clássico, ou se adota as medidas revolucionárias com que lhe acenam as esquerdas. Parece-nos que as meias medidas ou a política da avestruz não poderão mais ter lugar. Se desejar adotar a primeira hipótese o Presidente terá que dar uma violenta guinada em sua política externa; pois somente através de um maciço apoio das Nações Ocidentais poderá ele realizar uma política de drástica contenção da inflação sem originar tensões sociais que poderão levá-lo à renúncia ou à deposição.

 

Adotar as medidas revolucionárias que lhe propõem as esquerdas, mesmo que se antecipem eficientes, implicará na entrada do País num caminho de sacrifícios imediatos embora com acenos de bem-estar a prazo longo. E exigirá do Presidente uma grande disposição para a luta, pois, terá que enfrentar a maior oposição que um governante brasileiro jamais enfrentou. Não parece que seja esse o estilo de Jango. A inflação levou assim o Presidente ao beco sem saída em que nunca desejou se meter: o ter que tomar uma decisão definitiva. Vamos esperar qual seja. Mas aguardem; março será o mês decisivo para o País.

 

Tribuna da Imprensa n° 4.278, Rio, RJ

Terça-feira, 18.02.1964


Jurema Busca Forças Estaduais Para Golpe

(Mauro Braga)

 

Buscando dar cobertura aos projetos golpistas o sr. João Goulart, o ministro da Justiça, sr. Abelardo Jurema, acaba de assinar portaria constituindo um grupo de trabalho “para estudar a situação remuneratória das corporações militares estaduais”, através do que pretende fazer verdadeira intervenção branca nos Estados. Assim, a pretexto de custear aumentos salariais nas Polícias Militares de cada Estado, o sr. João Goulart, pela mão de Jurema, procura atrair para a órbita federal as milícias fardadas, talvez esperando contar com elas em qualquer aventura para tentar perpetuar-se no Poder.

 

A portaria é baseada no artigo da Constituição que considera as milícias estaduais como Forças Auxiliares do Exército, argumento utilizado pelo sr. Jurema para justificar essa tentativa de “intervenção branca”, que segue de perto manobra anterior – a da opção dos policiais cariocas.

 

A mesma Constituição que o Governo considera superada é citada outra vez logo adiante, em seu artigo que prevê “a formação de convênios entre a União e os Estados, para custeio dos serviços federais dos servidores das unidades federadas”.

 

Usando essas bases de argumentação, propõe-se o Executivo federal, a estipendiar as Polícias Militares estaduais, atraindo-as para seus desígnios.

 

O grupo de trabalho constituído por Jurema é presidido pelo sr. Anõr Butler Maciel e constituído pelo major Humberto Monte, tenente coronel Íris Amapurus e srs. Henrique Cândido Cavalcante de Albuquerque e Álvaro Clark Ribeiro.

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

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