Quarta-feira, 21 de março de 2018 - 21h23
ESTADÃO - A Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE-RO) vivenciou nos últimos quinze anos os episódios mais turbulentos de sua jovem história. Alternando momentos de estabilidade e caos, crises institucionais profundas abalaram o parlamento rondoniense nesse período, com diversas operações policiais que resultaram em prisão, cassação e afastamento de presidentes e ex-presidentes.
Em que pese os diversos escândalos de corrupção e o iminente quadro de instabilidade crônica, de uns tempos para cá, o parlamento estadual vinha buscando melhorar sua imagem perante a sociedade. A relação com o Executivo dava sinais de melhora, a realização de inúmeras audiências públicas demonstrava a preocupação dos parlamentares em iniciar uma maior aproximação com os cidadãos. Não obstante, a implosão de um novo escândalo no inicio de março demonstra que as coisas, infelizmente, não mudaram muito na ALE-RO.
A divulgação de um áudio, obtido por intermédio de um grampo ilegal, envolvendo dois parlamentares, o presidente da Casa Legislativa, Maurão de Carvalho (MDB), e o deputado Jesuíno Boabaid (PMN), explicitou um plano que tinha como objetivo pressionar o atual governador Confúcio Moura (MDB) a desistir de sua candidatura ao Senado, na qual é favorito e, consequentemente, evitar que o vice-governador Daniel Pereira (PSB) seja empossado, após a desincompatibilização de Confúcio Moura prevista para o início de abril. Assim, Pereira seria enfraquecido politicamente em sua tentativa de reeleição ao palácio Rio Madeira, sede do governo estadual.
Na conversa gravada, os parlamentares cogitam ameaçar Confúcio Moura com a abertura de uma CPI para investigar o governo – e iniciar um processo de impeachment do governador, como forma de fazê-lo desistir da disputa ao Senado. Desse modo, Maurão de Carvalho se consolidaria como o candidato governista à sucessão de Confúcio Moura. Considerado um dos melhores governadores do País, Moura é favorito a uma das vagas à Câmara alta do Congresso Nacional.
De fato, a atual crise política rondoniana tem origens na disputa ao executivo estadual. Liderança evangélica, o presidente da ALE-RO, Maurão de Carvalho, é um parlamentar experiente, com cerca de vinte anos de mandato na casa legislativa rondoniense. Há tempos, tenta se credenciar dentro do MDB como candidato ao governo. Apoiado internamente no partido pelo Senador Valdir Raupp (MDB), que teme a disputa com Confúcio Moura ao Senado, Maurão não obteve até o momento o apoio do governador em seu projeto de pré-candidatura ao governo. Indiscutivelmente, o MDB, maior e mais tradicional partido do estado, encontra-se atualmente dividido entre os grupos liderados pelo senador Raupp e o governador Confúcio.
Do outro lado, o vice-governador Daniel Pereira (PSB), ex-deputado estadual, sindicalista, com grande interlocução com o setor produtivo e empresarial, vem crescendo nas pesquisas. Pereira tinha como certo sua ascensão à chefia do executivo, no mês de abril, com a entrada de Confúcio na disputa ao Senado, inclusive era tido por muitos como o nome preferido do governador no processo de sucessão. Caso assuma o governo estadual em abril, Pereira certamente se consolida como um dos favoritos na corrida eleitoral à reeleição. Em recente entrevista, o vice-governador culpou os deputados Maurão de Carvalho (MDB) e Jesuíno Boabaid (PMN) pela crise institucional, e qualificou o comportamento dos parlamentares como “instrumento de chantagem”.
Além do vice-governador Daniel Pereira (PSB), atingido diretamente pela conspiração dos deputados, apenas outro pré-candidato ao governo estadual se pronunciou oficialmente sobre o episódio. O advogado e cientista político, professor da Universidade Federal de Rondônia, Vinícius Miguel (REDE), afirmou que “fabricar crimes de responsabilidade para obtenção de poder e cargos é imoral e espúrio” e que a “quebra de decoro” merece sanção. Na mesma linha, cobrou, “indistintamente, investigações sobre as obras do Executivo apontadas como eivados de irregularidades pelos parlamentares”.
Nesse contexto, o quadro de crise política retorna à Rondônia. Ainda que a gravação clandestina e ilegal tenha implodido a pretensão do presidente da ALE-RO em eleger-se ao governo, como bem analisou o jornalista rondoniense Roberto Kuppê, fortalecendo ainda mais as pretensões do vice-governador, Daniel Pereira, até o início de abril a incerteza institucional será uma marca da atual política rondoniense. Em breve, retornaremos ao assunto.
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