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Gente de Opinião

José Carlos Sá

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá




Rondônia completa 27 de anos de instalação.  Um Estado novo, mas com muitas testemunhas vivas que ajudaram a construir de estado. Muitos ainda presentes no dia a dia, e vivendo a nova transformação deste estado menino.  Beni Andrade é um desses personagens da história, que chegou em Porto Velho-RO em 1982, a convite do jornalista Luiz Rivoiro, para trabalhar na comunicação do então governador Jorge Teixeira de Oliveira.  Para não deixar passar em branco, o Gentedeopinião, através do seu colaborador, o jornalista José Carlos de Sá, foi ouvir o radialista da Marcha das Apurações, que começou a cobertura das eleições na rádio Caiari AM (1.430) - atualmente está na rádio Parecis FM (98.1), do Sistema Imagem de Comunicação - SIC.   O então locutor do “Jornal de Integração” da rádio Caiari, que juntamente com Everton Leoni e Lenilson Guedes, fizeram história lá nos idos de 1982.  Nesta entrevista Beni Andrade também faz uma comparação do saudoso governador Jorge Teixeira de Oliveira com o atual governador Ivo Narciso Cassol, acompanhe abaixo a entrevista:

 

 

JOSÉ CARLOS SÁ – BENI VOCÊ VEIO DE ONDE? COMO VOCÊ CHEGOU A PORTO VELHO?

BENI ANDRADE - Bom, isto aconteceu em 1982, eu trabalhava na rádio Dirceu de Marília, interior de São Paulo, naquela oportunidade, quando surgiu o convite para vir para Porto Velho, eu tinha acabado de ganhar o prêmio Sanyo de radiojornalismo em São Paulo, e esse prêmio contemplava o vencedor com um equipamento da Sanyo e até mesmo uma viagem ao Japão, com estágio de 30 dias para conhecer a rádio e a televisão japonesa.  Mas, neste período, já estava aqui em Porto Velho, o saudoso Luiz Rivóiro, com quem eu trabalhei por muitos anos, e naquela oportunidade a OANA Publicidade de Manaus, tinha arrendado as rádios Caiari e Parecis, num projeto de apoio total ao governador Jorge Teixeira, naquele período de transformação de Território para Estado, e o Luis precisava formar uma equipe com elementos que ele pudesse contar em todos os sentidos, foi então que o Luiz me ligou e disse que estava com um projeto aqui em Porto Velho-RO, mas francamente, eu não tinha a menor idéia onde ficava e como era Porto Velho, e perguntei ao Luiz, mas ele me explicou, mas não deixou nem eu terminar e foi logo dizendo, “olha, dia tal eu estou chegando em São Paulo, eu quero você na capital, vamos marcar um almoço e conversar”, e disse mais, “olha eu quero você, quero o Volney Alonso, o Zé Roberto, o Vanderley Mariano”.  Então eu fui para São Paulo, conversamos e ficou acertado que nós viríamos conhecer Porto Velho.  Acabei abrindo mão do prêmio Sanyo de radiojornalismo e vim para Porto Velho, juntamente com o Volney e o Vanderley Mariano e acabamos nos acertando.  Depois voltei para Marília(SP) para providenciar minha mudança e da família.  Dias depois botei a minha mudança no caminhão e vim de carro (que era do Volney) até Cuiabá, e fiz o trecho Cuiabá até Porto Velho de avião.  O problema é que até a mudança chegar nós ficamos dormindo no chão e cozinhando em cima de tijolos, em torno de setenta dias. Naquela época a Br-364, hoje Juscelino Kubitschek, estava toda em obra, já era um período chuvoso, e o desespero maior foi que o caminhão levou uns oitenta dias pra chegar. Mas como o governador Jorge Teixeira era muito solicito, então todas as vezes que ele descia para o interior para fiscalizar as obras, ele fazia questão de passar nos canteiros de obras das grandes empresas e perguntava, “vocês não viram um opala marron em cima de um caminhão?”, até que um dia descobriram o bendito caminhão atolado, aí o governador chegou ao canteiro de obras e disse, “olha pega uma máquina e tire aquele caminhão de lá, que eu preciso dele em Porto Velho”.  Assim chegou o caminhão com o carro e a mudança, enfim começamos a nossa vida. CLIQUE AQUI E OUÇA LUIS RIVÓIRO.

 

JOSÉ CARLOS – NO INÍCIO O QUE MARCOU A SUA CONVIVÊNCIA EM RONDÔNIA?

BENI – Olha, o que marcou muito foi a nova realidade que passamos a viver, totalmente diferente daquilo que nós vivíamos em São Paulo.  Muita lama, a energia acabava nove horas da noite, um calor terrível.  Eu confesso que só não voltei, porque nessa altura, eu não tinha nem uma condição financeira de pensar em voltar, e o pior é que quando nós começamos a trabalhar na rádio Caiari/Parecis, não foi cumprido corretamente o que foi acertado, essa é a grande verdade, e nós nos vimos em uma situação complicadíssima.  Então para sobrevivermos nos primeiros meses de Porto Velho, foi preciso que a minha esposa, minha cunhada e a esposa do Volney, levantassem às quatro horas da manhã para fazer salgadinho.  Quando era seis da manhã, eu e o Volney entregávamos salgados nas lanchonetes de Porto Velho.  Isso perdurou muito tempo, e até hoje têm comerciantes que nós vamos fazer visita e eles recordam da época em que a gente entregava salgados.  Depois as coisas foram se encaixando, entrando nos trilhos.  Graças as Deus estamos aqui ao longo de 27 anos, e nem pensar em deixar Porto Velho, acho que foi um aprendizado de vida fantástico.

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá - Gente de Opinião
Beni Andrade (E), Everton Leoni (C) em entrevista com o governador Valdir Raupp/Foto:Miro Costa 

 

JOSÉ CARLOS – NA QUESTÃO PROFISSIONAL COMO QUE VOCÊ SE ENCAIXOU NO MERCADO, SENDO HOJE UMA PESSOA CONHECIDA E RESPEITADA?

BENI – Zé, eu converso muito com os meus filhos e eu sempre digo pra eles, toda vez que vocês chegarem numa terra estranha, a primeira coisa que você tem que fazer é procurar conhecer a história daquela gente, daquele povo, para você saber onde vai pisar.  É o primeiro passo, respeitar a história, a cultura, os costumes e procurar se enquadrar nisso tudo, porque somente assim, você vai poder viver de uma maneira correta, respeitando os valores, e assim se integrar a aquela comunidade. E foi o que eu fiz.  Eu comecei a conquistar um círculo de amizades, procurei saber quem era quem no processo, quais as famílias pioneiras da cidade de Porto Velho, ouvindo histórias, guardando tudo com muito respeito, enfim, isso me proporcionou certo conhecimento e abriram-se as portas para um bom relacionamento e para grandes amizades.  Também passei a conhecer empresários, comerciantes e fazer aquilo que sempre fiz: microfone e viver da venda de propaganda e publicidade para as empresas.  Fui muito feliz, porque nesse campo você não pode ser tranqueira.  Olha, toda pessoa que é trambiqueira, que aplica golpe ali, golpe acolá, esse tipo de gente acaba tendo prazo de validade e uma hora a casa cai.  Então a minha conduta de seriedade e respeito me proporcionou grande credibilidade no comércio de Porto Velho.  Um cliente aqui, outro ali, outro acolá, sempre procurando dar destaque à iniciativa da comunidade de Porto Velho, naquele processo efervescente de transformação de Território para Estado, a gente sempre fazendo o nosso trabalho de forma altamente profissional, porque o Luiz Rivóiro era realmente um grande profissional de rádio, ele transformou a rádio Caiari na grande rádio do norte brasileiro, uma emissora de rádio essencialmente jornalística.

 

JOSÉ CARLOS - VOCÊ FAZIA LOCUÇÃO EM ALGUM RÁDIOJORNAL? COMO ERA A SUA ATIVIDADE NA COMUNICAÇÃO DA CAIARI?

BENI - Nós criamos o “Jornal de Integração de Rondônia” que começava às sete horas da manhã e era apresentando por Beni Andrade, Everton Leoni e Lenilson Guedes. Na época da criação deste jornal, o então governador Jorge Teixeira de Oliveira, entendia que precisava de uma rede de rádio que interligasse o estado de Rondônia e foi o que nós fizemos. Todas as emissoras de rádio do interior eram interligadas com a rádio Caiari e nas primeiras horas da manhã, ia ao ar o “Jornal de Integração” com todas as informações do governo, da prefeitura, onde tivesse decisão política e administrativa, lá estava a rádio Caiari.  Quando terminava o “Jornal de Integração”, vinha o jornal “Primeira Hora”, da rádio Bandeirantes de São Paulo, via Band Sat, em seguida vinham os repórteres durante toda a programação do dia, girando com os setoristas. Era informação e notícia durante todo o dia, e isso me dá muita saudade, porque hoje o rádio está esculhambado.

Nós tínhamos a essência da prestação de serviço de utilidade pública.  O jornalismo esportivo era forte, a rádio Caiari ia transmitir os grandes clássicos no Maracanã, no Morumbi, os grandes jogos no Vivaldo Lima, na Bahia, em Cuiabá Pode-se dizer, que a Caiari era a grande emissora da Região Norte, pela dedicação e profissionalismo dos seus empregados.

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá - Gente de Opinião
Durante o Copão da Amazônia, Beni Andrade (C) entrevista o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira, governador de Rondônia.

 

JOSÉ CARLOS – E O TEXEIRÃO APOIAVA OU NÃO PARTICIPAVA DO JORNALISMO DA CAIARI?

BENI - Me lembro do carinho que nós tínhamos por parte do governador Jorge Teixeira, pela maneira...  inclusive, certa vez, houve um campeonato brasileiro de basquete, organizado pela empresa do Luciano do Valle, sendo que uma chave da Região Norte foi disputada no ginásio Cláudio Coutinho, em Porto Velho. Uma noite lá estou eu narrando o jogo de basquete, derrepente senti uma cotovelada na costela e uma mão grande me tomando o microfone, era o governador Jorge Teixeira, isto porque eu tinha descrito um lance que não era bem o que tinha acontecido; na hora ele tomou o microfone e disse, “Não, seu Beni não foi nada disso, isso foi assim..., assim...”, eu tremi e falei, bem gente, agora com vocês o comentarista Coronel Jorge Teixeira de Oliveira e ele continuou ali com a gente, eu narrado e ele comentado, a essa altura eu percebi que ele entendia tudo de basquete, muito mais do que eu.  Você imagina a situação que fiquei. Ele era uma pessoa fantástica, que gostava de participar.

 

JOSÉ CARLOS – BENI, COMO TODOS OS PROFISSIONAIS ANTIGOS, VOCÊ PASSEAVA COM TRANQÜILIDADE NO JORNALISMO, NO ESPORTE, NOS COMENTÁRIOS POLÍTICOS, COMO VOCÊ VÊ NAS RÁDIOS DE HOJE, OS LOCUTORES E REPÓRTERES SENDO APENAS LEITORES DE PÁGINAS DA INTERNET?

BENI – Eu acho isso um comodismo muito grande, sou suspeito em falar, pois naquela época nós tínhamos os setoristas, que cobriam a Casa Civil, a Delegacia de Polícia, a Prefeitura. Hoje, com toda essa facilidade, o pessoal desaprendeu.  

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá - Gente de Opinião
 Beni Andrade e Osmar Santos da rádio Globo-SP

 

JOSÉ CARLOS – FALTA INVESTIMENTO?

BENI – É complicado, como diz o Hélio Ribeiro que ele fez para o rádio, se colocando como rádio ele diz “Eu gostaria de fazer muito mais, mas muitas vezes falta dinheiro pra fazer tudo aquilo que penso”.   A própria tecnologia, com o advento da internet e tantas facilidades, provocaram acomodação no profissional como também no empresário da comunicação, por exemplo, hoje você vê uma transmissão de futebol, na verdade ele está fazendo um ‘off tube’, ele só está recebendo a imagem  no estúdio da televisão narrando pela imagem que está recebendo, então porque a empresa vai ter um gasto tremendo de deslocamento do repórter para outro estado ou outro país, se ele pode estar no estúdio recebendo a imagem, tomando  cafezinho e narrando.

 

JOSÉ CARLOS - VOCÊ AGORA ESTÁ EM UMA OUTRA FASE, APRESENTANDO UM PROGRAMA DE TELEVISÃO. VOCÊ JÁ ESTÁ REVISADO? TEM MUITAS COISAS PRA FAZER? COMO VOCÊ ESTÁ VENDO O FUTURO DO BENI ANDRADE ?

BENI ANDRADE – Zé, primeiro eu tenho muito que aprender, com 44 anos de estrada, e a cada dia que amanhece é um novo aprendizado.  Agora o meu negócio é rádio, a televisão é um acidente de percurso.  Eu confesso que tive uma vida pessoal muito conturbada, coisas do destino, e que me privaram de muitas coisas, principalmente do estudo, eu mal cheguei à primeira série do curso ginasial incompleto, nunca mais passei na porta de uma escola. Mas eu sempre tive a grandeza de ser humilde, sempre procurei aprender com aqueles que sabiam mais do que eu.  Profissionais fantásticos e extraordinários e sempre procurei tê-los como exemplo e como espelho. Atribuo o pouco que sei na minha profissão a esses grandes profissionais que convivi em locais e empresas diferentes.  Com um pouco de esforço consegui constituir uma família maravilhosa, vivo razoavelmente bem, e tudo isso consegui através do rádio.  E no futuro, gostaria que o rádio voltasse um pouquinho no tempo, que voltasse a ser o grande canal de comunicação com a comunidade, aquele rádio informativo e prestador de serviço.  Hoje o rádio quer obrigar as pessoas a ouvirem certas músicas idiotas, não há uma produção, eu lamento muito e sei que muitos companheiros de rádio ficam magoados quando eu digo isso, mas na verdade, o rádio AM insiste em divulgar música; deixa a música para o FM, e também não entendo porque o rádio FM se aemizou, se é que existe este termo, ou seja, o rádio FM é uma AM muito mal feita, se cada um ficasse no seu lugar, as coisas seriam bem diferentes. Hoje o rádio FM perdeu toda a sua finalidade, não é nada disso que está aí.  Da mesma forma o AM, quando utilizado jornalisticamente, é imbatível.

 

ZC – O QUE VOCÊ SE LEMBRA DAS TRANSMISSÕES DO COPÃO DA AMAZÔNIA?

BENI – Zé, fantástico, tem coisas que por mais que você queira entender não tem explicação.  Tá, vamos profissionalizar o futebol de Rondônia, então quando você se lembra do Copão da Amazônia, que lotava o estádio Aluízio Ferreira, e quando iamos para Rio Branco (Acre) e Amapá (AP) transmitir futebol, aquela agitação do time organizado. Quem não se lembra da Leninha, com charanga e tudo; os torcedores do Moto Clube, Ferroviário, Cruzeiro do Loló, Ypiranga, Flamengo, São Domingos, a gente não via a hora de ir para o estádio.  Foi uma injustiça muito grande quando acabaram com esse torneio.  O Copão da Amazônia foi o ápice do futebol aqui na Região Norte, embora fosse futebol amador, arrastava multidões e provocava emoções, e olha que nós tínhamos craques - meu Deus do Céu! - nós tínhamos gente que tratava a bola de ‘você’, tamanha era a intimidade, craques mesmo, se for citar nomes, nós vamos cometer injustiças.  A única diferença para os torneios do sul do país é porque eles estavam no futebol fora da vitrine do eixo Rio São Paulo, se estivessem jogando por lá, com certeza estariam na seleção, nós tínhamos aqui grandes jogadores de futebol.

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá - Gente de Opinião
Volney Alonso, locutor esportivo, fez parte da equipe de Luiz Rivóiro na rádio Caiari, juntamente com Beni Andrade

 

ZC – E OS LOCUTORES E NARRADORES ESPORTIVOS?

BENI – Há! Não deviam nada para os de São Paulo, se for citar aqui José Ribamar, João Dalmo, Valter Santos, Miguel Silva, Bosco Gouveia, Águido Melo, Volney Alonso, Luiz Rivóiro (foi um grande comentarista de futebol).  Eu fico emocionado em lembrar essas coisas maravilhosas que já vivi em Rondônia.  Olha, sou irresponsavelmente emotivo, falo isso porque, coloco a emoção acima da razão, (a razão que se dane), é gostoso reviver esses momentos.

 

ZC – FALANDO EM REVIVER MOMENTOS, COMO FOI A IMPLANTAÇÃO DA INFORMATIZAÇÃO NA RÁDIO CAIARI?

BENI - Olha, quando surgiu a oportunidade e obrigou o rádio a deixar de usar a cartucheira, o toca-disco, tivemos que investir. Naquela época, os computadores começavam a operar a programação musical e comercial de uma emissora de rádio, se não me engano a marca era Digirádio, então fui a São Paulo e adquiri esses equipamentos e graças a Deus foi mais um pioneirismo da rádio Caiari de Porto Velho, a primeira na Região Norte a operar a sua programação com equipamentos digitais.

 

ZC – QUAL FOI A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA BAND SAT NO JORNALISMO DE PORTO VELHO?

BENI – Não encontro adjetivos para descrever a importância disso tudo.  Era um período que sofríamos uma certa carência de informações em nível nacional e, de repente, via satélite, uma emissora respeitada nacionalmente em termos jornalísticos, se tornou uma emissora local praticamente, passou a fazer parte do dia a dia do portovelhense e do rondoniense. Foi de fundamental importância, na época nós não tínhamos a internet de hoje, foi fantástico.

 

ZC – DENTRE TANTAS HISTÓRIAS, QUAL MARCOU VOCÊ?

BENI – Muitas, mas vou contar uma que na época me assustou e me deixou indignado.  Eu não lembro qual a era o ano das olimpíadas, mas estava tudo pronto, patrocínio comercializado, equipe afinada para a retransmissão dos jogos, quando faltando dois dias para o início dos jogos, eram quatro horas da manhã, me bate um funcionário na porta de casa e disse, “Seu Beni derrubaram a torre da rádio Caiari”. Eu perguntei: Como é que é rapaz? Sabotagem por quem entendia do assunto.  Quando amanheceu o dia cheguei à emissora e vi aquela torre de 68 metros de altura no chão, eu não tive dúvidas, foi sabotagem.  Quem fez o serviço era conhecedor, pois a torre que era sustentada por cabos de aço, caiu toda retorcida. Fui à polícia, registrei queixa, porque era segurança nacional, mas não deu em nada, acho que era uma coisa muito bem orquestrada. Agora, devemos dizer que, isso aconteceu porque nós éramos combativos, combatíamos fortemente.  Só que quem fez o serviço sujo, acabou caindo do cavalo, porque nós tínhamos o nosso parque de irradiação no sistema da onda tropical da rádio Caiari, então para poder transmitir a olimpíada, nós tiramos a onda tropical do ar e utilizamos o parque irradiante da onda tropical na onda média.

Beni Andrade concede entrevista a Zé Carlos Sá - Gente de Opinião
Beni Andrade na marcha das apurações de 2008/Gentedeopinião

 

JOSÉ CARLOS – E A MARCHA DAS APURAÇÕES, COMO FOI O INÍCIO?

BENI – Essa é uma história interessante. Se tem uma coisa que emociona e me leva as lagrimas é ouvir o hino de Rondônia.

 

JOSÉ CARLOS - O QUE ME IMPRESSIONA NESTE HINO É QUE MUITA GENTE SABE CANTAR. EM MINAS OU SÃO PAULO, POUQUÍSSIMAS PESSOAS SABEM CANTAR OS HINOS DE SEUS ESTADOS, JÁ O HINO DE RONDÔNIA TANTO OS DAQUI, COMO AS PESSOAS DE FORA, SABEM CANTAR.

BENI - Olha aproveitando essa deixa, vou contar um episódio que aconteceu comigo na semana de inauguração do Porto Velho Shopping.  Um profissional de uma agência de São Paulo, que estava aqui e que cuida da conta das lojas Marisa, não sei como ele ouviu o hino de Rondônia, o sujeito foi à loucura e me pediu, pelo amor de Deus, “me arranje esse hino”.  Na verdade ele em São Paulo, mas mora numa cidade do interior (Santa Rita do Passa Quatro) que tem um coreto no meio da praça, e ele mostrou o hino de Rondônia para o maestro da Banda Municipal.  Um dia ele me liga e diz: “Beni no sábado à noite, durante as retretas da praça, se não tocar o hino de Rondônia o pau come”.  Mas voltando às apurações.  Em 1982, um momento histórico de Rondônia, a primeira eleição, uma grande equipe, um grande trabalho, e conversando com o Luiz Rivóiro perguntei:  “O que nós vamos usar como BG (fundo musical)”?  E ele sugeriu o hino de Rondônia.  A coisa  deu certo.

 

JOSÉ CARLOS – FALANDO EM POLÍTICA, VOCÊ PARTICIPOU DA TRANSFORMAÇÃO DO TERRITÓRIO EM ESTADO, E AGORA VOCÊ, DE NOVO, ESTÁ SENDO TESTEMUNHA DE UMA NOVA ERA PARA RONDÔNIA, COM GRANDES EMPREENDIMENTOS EM ANDAMENTO, TEMOS O SHOPPING JÁ INAUGURADO, O GRUPO VOTORANTIN VINDO PARA O ESTADO, DUAS HIDRELÉTRICAS, UMA COM OBRAS INICIADAS.  A PERGUNTA É POLÍTICA, O GOVERNADOR JORGE TEIXEIRA TEVE PAPEL FUNDAMENTAL NESSA TRANSIÇÃO, HOJE O GOVERNADOR CASSOL ESTÁ FAZENDO DE TUDO PARA DEIXAR A SUA MARCA, QUAL SERIA A COMPARAÇÃO DO TEXEIRÃO COM O CASSOL, O ESTILO DE GOVERNAR É PARECIDO?

BENI - Olha, eu sei que o governador não gosta que fale isso, mas eu vejo muita semelhança no estilo Teixeirão com o estilo Cassol.  Eu acho o seguinte, quando se fala democracia, fico um pouco preocupado com essa palavra, porque aprendi que democracia é o direito que eu tenho de fazer tudo que a Lei permite e fim de papo.  Agora, tem gente que, de repente, começa extrapolar nessa história de democracia, se puder barrar, atrapalhar, seja por ideologia ou não.  Então sou adepto daquele que soca a mesa, dá um murro na mesa, “Faça! Eu quero assim!  Se é para o bem da população, que faça agora. Se tiver que passar por cima de certas coisas, passa.  Então é aquele estilo, vamos fazer.  Eu tenho recordações da postura do saudoso Jorge Teixeira e vejo muita semelhança com o governador Ivo Cassol. Claro que Cassol não é nem uma unanimidade, como também Jorge Teixeira não era nenhuma unanimidade, mas vejo muita semelhança em ambos, na maneira de administrar o estado.  É bom lembrar também que o ex-governador Jorge Teixeira teve aquela oportunidade de receber muitos recursos federais. Isto em razão do governo militar, que deu todas as condições para a transformação do estado.  E hoje, a coisa não é bem assim. O governador Ivo Cassol pegou uma máquina arrecadadora melhorada do governo anterior e soube alavancar a atual arrecadação; o Estado hoje tem um suporte econômico, na verdade ninguém gosta de pagar imposto, e Ivo Cassol está mantendo essa consolidação do estado.  E eu posso dizer, não existe cirurgia sem dor. Está aí o trânsito de Porto Velho, como também, não há bônus sem ônus.   

 

JOSÉ CARLOS  - QUE MENSAGEM VOCÊ TERIA PARA ESTE PERÍODO NATALINO E DE UM NOVO ANO JÁ EM CURSO?

BENI -  Olha Zé, primeiro todos nós, que estamos em Porto Velho, e no Estado de Rondônia, devemos agradecer a Deus por estarmos aqui. Ninguém está aqui de graça, todos nós que viemos de outros rincões deste país, chegamos aqui em busca de melhores dias, e esta terra nos recebeu de braços abertos.  Porto Velho e o estado de Rondônia são como uma mãe que afaga seus filhos junto ao peito, e dá a eles a oportunidade de crescer com dignidade., Então a mensagem que eu tenho para todos aqueles, principalmente, que vieram de outros rincões e adotaram essa terra para viver, para construir sua família, que realmente respeitem e defendam está terra, em todos os aspectos. Eu nasci em São Paulo, mas sou há 27 anos um rondoniense enraizado; aqui criei meus filhos, aqui nasceram meus netos.  E aproveitando uma frase muito utilizada pela campanha da Assembleia Legislativa, “eu exigo respeito por esta terra”, fazendo isso, já está de bom tamanho.

Fonte: José Carlos Sá / www.gentedeopiniao.com  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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