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Gente de Opinião

Leo Ladeia

Em Rondônia telefone é um perigo


 

Frase do Dia:

 

"O País merece saber como o ministro-chefe da Casa Civil conseguiu tanto dinheiro em tão pouco tempo. "– Jornalista Dora Kramer sobre os milagres paloccianos na área das finanças. 

01-Hemorragia desnecessária

Palocci é um caso típico e comum daquilo que vira e mexe aparece no Brasil do “faz de conta”: suspeita de desvio de conduta e enriquecimento ilícito. Por 23 dias o milagreiro da economia esvaiu-se em sangue e escândalos e nesse período contaminou o governo, a presidente, o PT, a base aliada, o Luzinácio, o procurador geral e quem quer  que chegasse perto, como seria de se esperar. E o que fez Dilma depois do lapso de catatonia? Despachou o Palocci para o seu apartamento em São Paulo. Além do sangue derramado, ficou uma lição: militante, partido, servidor e governo são coisas diferentes e logo devem ser tratadas diferentemente. Depois de tudo, o ideal seria reparar o que ficou, mas é tudo tão intimamente ligado que se torna difícil...   

  

03-Mistureba

Quem criou a cultura perversa de que governo e partido são a mesma coisa foi o Luzinácio. E o PT acreditou. As marcas estão espalhadas por toda era Lula e bem visíveis em dois momentos: no episódio do mensalão e agora, no imbróglio Palocci, culminando com a frase de Lula para Dilma – “não se pode abandonar um companheiro em dificuldades” – que aliás sintetiza o pensamento corporativista do grupo que ocupa temporariamente o governo do Brasil. Para o bem de todos e felicidade geral da nação, Dilma preferiu o “não fico” e acertou. Nada porém indica que vá ocorrer uma correção de rumos apontando para o outro lado. A praga continua. 

03-Voltando ao começo

Não creio que haja espaço ou mesmo que o momento seja oportuno para a presidente voltar a dezembro e refazer o seu ministério – com a sua cara e não com a cara do ex – mas, a crise lhe revelou a verdadeira face dos que estão com ela no governo e com quem ela pode e não pode contar. Dilma se ainda não sabia, tem a certeza agora de que comanda um consórcio de forças políticas formada por feras que apenas se suportam, em luta constante dentro do governo. A ela cabe distribuir ração de forma equânime para mantê-las vivas, em equilíbrio e assim evitar que uma mais forte devore a outra, ou até que uma possa atacá-la. Tem que ser na coleira. 

04-Dormindo com o inimigo

Quando Lula começou a apresentar Dilma como o nome escolhido por ele para sucedê-lo, ouvi – dentro do próprio PT – os impropérios que revelavam a insatisfação geral. Dilma, empurrada goela abaixo por Luzinácio, foi deglutida com dificuldade. Eleita, em lugar de ser a líder com que Lula sonhava, tornou-se um alvo. Dela se esperava que fosse a versão pronta e acabada do Lula de saias. A monumental distribuição de cargos e ministérios que promoveu, aparelhando ainda mais o seu PT, pode ter sido entendida como uma fragilidade sua, ainda mais quando os nomes começaram a pular da algibeira do ex, como no caso Palocci. Com fome, o PT foi à luta.  

05-Emblemático

A saída de Palocci pode levar a “tchurma” descontente e faminta a por as barbas de molho. A entrada de um nome – Gleisi Hoffmann – com quem a presidente tem estreita relação de amizade muda o perfil da Casa Civil. Dilma deverá manter ainda por um tempo o atual ministro da articulação política mas, o mais provável é que uma troca ocorra em pouco tempo. Provável é também que o “núcleo duro” do Palácio se torne mais técnico que político, mais estilo Dilma e que a presidente tome as rédeas da condução política. O Brasil pode prescindir da presidente gerente, mas não da chefe de governo com visão de estado. Aí a era Dilma começa mesmo. 

 

06-Um pouco mais disso

Estranho dizer que a era Dilma começa com a saída de um ministro. Isso nos leva à reflexão da importância do ministro Palocci, da Casa Civil dentro do governo e por extensão da influência de Luzinácio como seu avalista junto à presidência. Palocci é um dos mais qualificados quadros do PT. A Casa Civil é por natureza um ministério importante, mas na era Lula transformou-se em super ministério pela ação da titular Dilma Roussef. A tecnicidade e seu estilo de gerência fizeram isso. Como presidente Dilma esperou de Palocci o mesmo. Envolvido com tantos e tão múltiplos afazeres, Palocci bateu de frente com velhos aliados e na crise se viu abandonado.   

07-Quem é quem

Gleisi Hofmann, senadora em primeiro mandato, esposa do ministro Paulo Bernardo, amiga da presidente uma ilustre desconhecida dentre os nomes que se supunham eventuais substitutos do ministro Palocci. Ou seja, a mulher é uma autêntica surpresa política. Contudo, a surpresa maior é a atitude da presidente em convocá-la para tão importante ministério por decisão de ordem pessoal, sem consultas e sem prévio aviso. Michel Temer que é o seu vice presidente, foi avisado da decisão pela presidente, pouco antes do anúncio da troca. Impossível decifrar o código embutido na mensagem mas, é possível elucubrar: Dilma quis mostrar quem manda no seu governo. Independente do que venha a fazer a ministra Gleisi, é Dilma quem dá as cartas

08-Na economia, ventos favoráveis

Ainda que não seja apenas por seus próprios méritos, o Brasil navega com tranqüilidade e bom tempo no mar da economia. Enquanto EUA e Europa encaram duras turbulências, nosso barco faz a travessia ao largo, com previsão de crescimento da ordem de 5% para os próximos anos e isso é o mundo dos sonhos de qualquer governante da “terra brasilis”, país que sempre viveu na expectativa do futuro. O futuro chegou e trouxe com ele uma série de bons problemas que precisam ser resolvidos para assentar as bases de país grande, com economia forte e com IDH compatíveis. Apesar da trava no crédito para ajuste da economia, o consumo das famílias e o excelente desempenho do agronegócio e commodities enfunam as velas e... “la nave vá”.

09-Conversa cifrada de fim de tarde

Calor intenso, sede, preguiça de gente grande e o papo rola solto. Governo Confúcio, bancada federal, transposição, prefeitura e até a Câmara de Vereadores. O calor parece quebrar todas as barreiras e as informações caem como frutas maduras. Vou aparando cada uma, cruzando com as outras e decodificando as indicações de secretários, os perdidos da bancada federal, os planos políticos do prefeito Roberto Sobrinho e até as brigas na Câmara de Vereadores. Por falar nisso, a briga intestina do PV ainda vai dar pano pra manga. O assunto por ora está no MP  mas promete. As eleições estão aí e tudo isso será contado. Tudo tem sua hora. Ora se tem...    

Gente de Opinião10-Conversa gravada de fim de noite

Expovel rolando e na mesa ao lado a bebida vai destravando a língua da dupla. Pelo serviço de som o locutor berra que o sistema é bruto. Aqui ao lado também. Toca o telefone e no meio da conversa um aviso: “podem estar gravando”. Volta a conversa e as revelações. Tudo continua como dantes. O “Big Brother Tupiniquin” não acabou, está tão ativo quanto antes e só para fechar com rima, um aviso aos navegantes: “aqui em Rondônia telefone é um perigo”. Lembrei do que dizia o arisco Tancredo Neves: “telefone só para marcar encontro em lugar errado”. Por minha conta e risco completo: e de preferência não comparecer ao encontro. Fique esperto.    

 

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Fonte: Léo Ladeia - leoladeia@hotmail.com
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