Segunda-feira, 21 de novembro de 2011 - 07h05
"Todo mundo do governo está grampeado. Coisa boa. Com certeza o rendimento será muito maior." – Governador Confúcio Moura, num sufoco maior que barata em galinheiro.
01-Papo cifrado
Há poucos dias como sempre faço, encaminhei a coluna aos parceiros e leitores compulsórios e falei das águas turvas nos poços do Palácio e da ALE. Nada sabia do que estava prestes a ocorrer até por não ter dado ouvidos a um alerta que recebi no fim de agosto de um bruxo político local. No vuco-vuco da sexta nem lembrei do aviso, mas à noite a lembrança bateu. Sábado cedinho recebi a ligação e a cobrança do meu interlocutor: “...como eu lhe disse...” e aí minha ficha caiu. Cifro o resto do papo: “Às vezes o ideal é derrubar uma garrafa por vez e ficar de olho no apetite do adversário. Seus pontos é que dirão se vale a pena tentar o strike”.
02-Sexta inesquecível
Um raio cair num lugar é muito azar. Dois raios caírem num mesmo lugar é quase impossível, mas três raios num mesmo lugar é coisa que só ocorre na Assembléia Legislativa de Rondônia. Não fora esse fato e que nos leva a encarar a prisão de mais um presidente da “casa do povo” como algo absolutamente corriqueiro e a sexta feira seria inesquecível. E se desta vez tivemos um número menor de deputados – um desprestígio para nossos padrões – em qualidade, com quase 100% da Mesa Diretora, fomos bem representados. E a loucura foi tanta que até a nota oficial da Casa mostra – do preâmbulo à assinatura – que o bom senso continua ausente e, possivelmente se não foi preso por engano com alguém, está em local incerto e não sabido.
03-O roubo institucionalizado
Instalados num casarão lá pelas bandas da Arigolândia uma famiglia de cupins se renova desde o começo da ALE. Por lá passaram desde filhos da terra a paraquedistas, letrados e semi-analfabetos e, na sua grande maioria, raposas. Nenhum que por ali passou foi indicado para santo ou mártir. Na verdade, raros são os nomes que merecem a menção respeitosa do povo e é melhor não citá-los para evitar surpresas desagradáveis. A escola da roubalheira se esmerou ao longo de cada legislatura para chegarmos a este ponto. Alguns sobrenomes identificam as famílias especializadas na maracutaia, apesar de ninguém estar preso ou em vias de devolver o que roubou. A impunidade é mãe legítima da corrupção, da bandalheira e da reincidência.
04-Destemidos deputados
No belo hino de Rondônia sobram versos exaltando a qualidade do nosso povo e dentre eles um que dize “somos destemidos pioneiros” (Vídeo AQUI). Como representantes do povo de Rondônia, os deputados sentiram-se à vontade para exercer tal característica. Ser destemido é ser corajoso, valente, intrépido, audaz, audacioso, em suma, ser destemido é não ter medo. De nada, creio eu. Nem mesmo de roubar, ser preso e ir para a cadeia, ainda que isso sequer seja sugerido no hino. Por que então? Porque confiam na impunidade, porque são escórias contumazes em delinqüir, porque não respeitam a Casa onde estão de passagem, porque não se respeitam e nem respeitam a vontade daqueles que lhes outorgaram os mandatos de representantes.
05-Loteamento: promoção imperdível
No início do governo Confúcio havia rumores de uma “equipe paralela” que estaria visitando empresas prestadoras de serviços para comprar seus contratos com o governo. Os acordos – republicanos é claro – estariam sendo feitos num escritório de um prédio da avenida D. Pedro II, vizinho ao Banco do Brasil. Em alguns casos, apesar da riqueza de detalhes, faltava a figura da vítima que não aparecia por motivos óbvios e as denúncias caíram no esquecimento. Hoje a relação com nomes de figuras que caíram nas garras da polícia conta a história da competência da “tchurma” que fez uma promoção relâmpago para o bem sucedido loteamento do governo.
06-Saúde – crônica de um crime anunciado
Por que o governador Confúcio Moura brigou tanto para manter alguém tão rejeitado quanto José Batista na Secretaria da Saúde? Somente ele pode dizer. Para nós que acompanhamos as trocas de secretários e os problemas de ordem técnica e administrativa na Secretaria da Saúde a resposta além de impossível é contaminada em razão dos acontecimentos que culminaram com a prisão do secretário e pior, de posse de uma soma considerável de dinheiro num quarto de hotel, algo incomum sob qualquer ângulo que se analise. De novo a pergunta de resposta difícil: como é que em menos de um ano o secretário Batista conseguiu se enrolar tanto a ponto de ser preso pela PF e sem que ninguém do governo soubesse de suas ilicitudes?
07-E agora o que ou quem mais?
Analise a relação dos presos na Operação Termópilas e faça ilações possíveis e factíveis. Juntos estão inimigos do governo e amigos da cozinha do Palácio. Ora, inimigos e amigos não usam a mesma barca nem formam quadrilha. É notória a falta controle, comando e informação do governo sobre seus comandados. A justiça foi rápida é certo mas, até onde a corrupção se instalou no novo governo e até que ponto outros servidores e até secretários podem estar na mesma situação? Apenas para lembrar, o próprio governador se queixa de secretários mas, ao mesmo tempo diz que não é de cortar cabeças. Aí fica difícil. Há casos que carecem de urgente intervenção do governador sob pena de encararmos de repente, um repeteco da Termópilas.
08-Em um ano e meio?
Do que foi explicado e publicado, de forma oficial ou não, as investigações que resultaram na Operação Termópilas remontam a 18 meses. Convenhamos, é pouquíssimo tempo. Afinal, os problemas na ALE, na saúde e em outras áreas do governo do estado, possuem raízes mais profundas e começaram bem antes do período considerado, a menos que queiramos acreditar que o grupo quee assumiu os destinos de Rondônia há tão pouco tempo seja tão incapaz que tenha conseguido desmontar o que existia e montar de cabeça para baixo em um ano e meio. Ninguém acredita que isso é possível, mas muitos erros aconteceram em pouco tempo. Que a justiça continue o seu trabalho investigando e eviscerando todos os poderes. É a única forma de acabar com o que aniquila financeiramente nosso estado, nos aflige e nos envergonha.
09-Mas... quem mandou pagar?
É impossível acreditar que tudo o que ocorreu até aqui tenha sido feito no “piloto automático” e que ninguém além dos envolvidos, afastados e presos sabia de qualquer coisa. É impossível. Contratos e licitações são feitas por alguns, materiais e serviços recebidos por outros e contas pagas por terceiros. É a tal segregação de funções. Ou alguém mandou fazer a maracutaia ou sabia e nada fez, ou ajudou a encobrir o erro, ou o nível de informalidade é tão grande que já é impossível confiar em quaisquer ações dentro do que preceituam as regras da administração pública. E cá pra nós, tomar decisões com dúvidas dessa intensidade e tipo é atirar no escuro.
10-Três perguntas cretinas
Popará! Só 15 presos e mais nenhum? Popará de novo! Só ALE, Detran, Saúde e CGE... Não acredito que não tenha mais ninguém. Nem eu nem o governador nem ninguém. Cadê o resto dos malinos? Uai... Por que só aquela merreca de deputados? Não precisa responder nada