Sábado, 26 de janeiro de 2008 - 11h18
O marido acreditando-se traído contratou um detetive e recebeu depois o relatório recheado de fotos. A infiel esposa entrava no motel com o suposto amante. Mas onde a foto com o desfecho final, o ato em si? Sem a foto, o marido continuou na dúvida sobre o adultério.
Diferente da piada, no desmatamento na Amazônia, as fotos mostram o ato em si. Nada de fotos retocadas, nada de fotos com apenas uma árvore derrubada, ou de uma motosserra na loja. As fotos vinham sendo distribuídas pelo mundo e o governo negava tanto que chegou a comemorar a redução do desmatamento. Pior: as fotos flagram vários momentos de um mesmo local, possibilitando a análise do avanço do desmatamento. Não cabe a negação simples ou a manutenção da dúvida. Por analogia com a piada, não há como desconstruir o trabalho do detetive, rasgar as fotos ou como na outra piada, jogar fora o sofá, até por não ser caso para piada e não há nada para rir. O desmatamento aconteceu sim, em época atípica, de forma criminosa, – com o “desmatamento verde” – os registros mostram os locais e o setor madeireiro, único que poderia negar o fato – como se isso fosse possível – calou-se, até porque o cresce a olhos e estatísticas vistos. Os três estados responsáveis pelo crime ambiental adotaram posturas diferentes: No Pará, um silêncio sepulcral da governadora Ana Júlia do PT e a denúncia do MP de que nada foi feito por absoluta falta de aparelhamento do Ibama do órgão de preservação estadual. No Mato Grosso, Blairo Maggi do PR, quedou-se também silente, mas colocou seu exército particular de ambientalistas oficiais para desmentir fotos, números, Ibama e quem ou o que mais aparecesse. Em Rondônia, Ivo Cassol sem partido, não esperou ou indicou alguém para o desmentido. Ele mesmo desancou a ministra, taxando-a de “demagoga e mentirosa”.
Sem árvores que pudessem esconder o fato, a porta ficou aberta e sem o lençol verde para cobrir, o satélite-detetive captou sem dificuldade, não o adultério, mas sim o estupro, consentido ou não e isso é o que menos importa agora, já que o mal está irremediavelmente feito.
As desculpas esfarrapadas dos três estados por seus governantes, assessores ou órgãos oficiais, podem tentar explicar muita coisa, justificar outras tantas, mas não podem esconder ou diminuir o crime contra a floresta, seus próprios estados, a União e contra o homem, more ele na Amazônia, Amsterdã ou Lisboa. Na verdade desculpas ou o arremedo delas, apenas mostram uma realidade perversa: a leniência ou o que é pior, a conivência com o crime e com os criminosos, misturando empresários sérios do setor madeireiro – existem sim, e muitos – com piratas da floresta.
Desmentidos ou desconstrução de verdades não funcionarão como sementes adubadas para recompor a cobertura vegetal que foi retirada e com um agravante pois nenhum estudo geológico foi feito, mesmo que minimamente, para indicar se a terra desnudada teria condições de receber plantio de grama, cana ou soja. Nada, pois o que importava na verdade era a madeira.
Perdemos todos, municípios, estados e o país, vez que a madeira ou foi queimada ou seguiu o caminho da indústria sem deixar impostos, sem um plano de manejo para recomposição da área, nada. Mas, além do bolso do madeireiro ilegal, “algum” deve ter também entrado nos bolsos de alguns servidores públicos, coniventes, inconseqüentes e desprovidos de consciência ambiental, até porque lhes interessa apenas o que entra no bolso e bolso não tem consciência.
As penas virão e espero que pesadas. Mas a pena maior seria a obrigação de replantar. Sem isso, os compridos e insondáveis corredores da justiça e a permissividade dos abusivos recursos legais farão com que a impunidade vença mais uma vez e o desmatamento continue existindo sempre.
O dinheiro para pagar famosos escritórios de advocacia já está separado. O crime que se cometeu tem essa característica: o roubo é tão rentável que permite a criação do fundo da impunidade para calar a boca de quem se levanta contra, para molhar a mão de quem decide e até para comprar a consciência de quem escreve.
Fonte: LÉO LADEIA - Apresentador do Sala Vip, Câmera 11, Lendas do Rock e colaborador do Gentedeopinião.
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