Terça-feira, 15 de novembro de 2011 - 17h07
Frase do Dia:
“É salutar ver que a população desses bolsões de pobreza respira mais aliviada, mas triste verificar que os bandidos, também.” – Jornalista Carlos Chagas sobre a operação Rocinha e seus desdobramentos.
01-Demorou
Em entrevista concedida a uma emissora de rádio da Capital, o governador Confúcio Moura falou de muita coisa mas, disse algo muito importante e que, por coincidência, bate com aquilo que o povo pensa e fala: disse que errou ao achar que em 90 dias poderia resolver o problema do Pronto Socorro João Paulo II. Ora, A melhor solução para quem está perdido é admitir que errou o caminho. Demorou, mas após dez meses o governador admitiu. Falta o resto então para acertar, já que ninguém erra por querer. Aí lembrei que para acertar é preciso separar o joio do trigo. Como uma coisa puxa a outra vale o aviso: após a separação, é o trigo e não o joio que deve ser armazenado. Para o joio que não presta, até criança sabe: é ra-re-ri-ro-rua!
02-Nem tanto ...
O traficante preso na Rocinha era somente um Nem. Nem coragem o desgraçado tem ou tinha. Preso como um rato num porta malas, onde nem armas e nem poder o salvariam, caiu em pranto no elevador com a cara assustada. Agora preso, vai gastar o que sobrou – já que metade teve que dividir com “usomi” para manter seu pseudo poder – com advogados e sua incolumidade na cadeia. Nem futuro, nem poder, nem nada. Mas o cidadão de bem, inclusive o que teve a família destroçada pelas ações do miserável, ficará com a conta salgada. Nem precisará ser transferido de vez em quando, sem bilhete aéreo. Tudo debitado no holerite do cidadão. O ideal seria a delação premiada do celerado, mas só para a “tchurma daquilo roxo”...
03-Nem tão pouco.
Antes da prisão uma tentativa de suborno e uma história pra lá de edificante do sub-chefe operacional da Polícia Civil, delegado Fernando Velloso, de que negociava a rendição do bandido. O mais estranho é que só vieram a público alguns fragmentos dessa história, depois que o bandido estava na cadeia. Também o Afro Reggae negociava há dois meses sua rendição. No final, bandeiras hasteadas, ninguém preso – of course – e a informação de que numerosos agentes públicos vão ter que voltar ao batente para ganhar a vida já que a propina vai parar de cair na caixinha. Sobre o tema, o traficante detalhou datas, de casos de extorsão por parte da banda podre dos “mal fardados”. Faturamento da “firma”: R$ 1 milhão/mês, brutos. Dureza veio!
04-Nem só isso
A vida do bandido vai virar filme, livro, mas antes que isso ocorra, vai virar bate-papo em mesa de barzinho com teorias sobre a liberalização e descriminalização da maconha. Durante um período o Rivotril irá servir de travesseiro para reduzir a angústia dos trincados que queimavam o fumo e cheiravam o pó da Rocinha. Tropa de Elite III? Não sei mas a reeleição de autoridades do Rio de Janeiro e o futuro político de outras já está garantido. Quanto ao tráfico de armas e drogas, só um inocente vai acreditar que chegou ao fim com a tal UPP. A Favela do Alemão já “devidamente pacificada” desde a última ocupação territorial desmente as promessas oficiais. Mas uma coisa é certa: primeiro é preciso ocupar o território. O resto é conseqüência.
05-Sinais de riqueza
Quando os policiais correm atrás começam levantando alguns sinais exteriores que terminam por ajudar na investigação. Mansões com piscinas, banheiros suntuosos, jacuzzi, vista privilegiada, tudo em locais onde o que mais existe é barraco e miséria. Carrões de luxo, correntões no pescoço, motos de trocentas cilindradas e namoradas bombadas, cabelo chapinha e chapadas. É meio caminho. Na política os sinais exteriores são a quantidade de ONGs que contrataram, os lobistas e advogados que freqüentam o gabinete do chefão e o mais importante: as viagens de jatinho. Só pra variar, o ministro Luppi está todo enrolado com um jatinho e pago por ONGs. Anotaí: isso é pior do que encher a cara e brigar com a sogra na noite do natal na casa dela.
06-Sinais de queda
O ministro Luppi está cumprindo com desvelo todos os passos da ópera bufa “Luppi:um osso duro de roer”. Foi denunciado pela imprensa, declarou-se inocente, foi atacado pelo próprio partido, defendido pela base aliada – ou parte dela – foi instado a explicar-se, bateu boca com todo mundo, afirmou que só sairia à bala depois pediu perdão e foi ao céu do ridículo declarando seu amor à presidente Dilma de público. Enrolado no caso do jatinho pago pelas ONGs, espera os próximos lances. Já dá para adivinhar que o PDT vai sair em sua defesa. O problema é se a presidente disser que quer ouvir mais explicações, já que a PF está na cola. Como diria um policial vendo que o caso já era, é só mostrar a porta e dizer: “Jaoera! Você perdeu Luppi”.
07-Mesura com chapéu alheio
Dois feriadões num mesmo mês é muito para qualquer país, mesmo que tal país seja o Brasil. “Nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá”. Um verso tão bonito daria motivo suficiente para 365 feriados por ano, todos os anos. Ocorre que entre verso e a realidade há um fosso. A loucura que nos leva a crer que somos melhores em tudo, que podemos financiar o SUS, pagar o bolsa família, fazer as obras da Copa em tempo recorde, ensinar economia ao mundo, ganhar todas as partidas de futebol, pagar o FMI e receber do sócio celestial o pré-sal é a mesma que nos leva a ter 14 feriados nacionais sem contar os estaduais e municipais. E enquanto as empresas enlouquecem, o governo pensa por exemplo em ampliar a licença maternidade.
08-Mudanças de hábito
Na Rocinha o povão” foi pro meio da rua apreciar a demolição”. E dá-lhe fazer limpeza e tirar o lixo. Só na primeira lapada, 135 toneladas. Depois do feriado, mais trabalho. 300 homens da Coordenadoria Geral de Conservação, Comlurb e Rioluz, vão fazer a desobstrução da drenagem, recomposição do asfalto, concreto, recuperação de escadarias, grades, reparos na iluminação pública, recuperação de mobiliário urbano e retirada de lixo de encostas com a utilização de garis alpinistas. É o governo no morro botando pra quebrar. Já no Ministério dos Esportes, Aldo Rebelo preferiu não mexer no lixo debaixo do tapete, mas trocou alguns nomes e cancelou contratos com 50 ONGs. São as mudanças possíveis, apesar de hábitos nem tanto.
09-Troca-troca
Para a Semtran retorna Cláudio Carvalho e pula fora Itamar da CUT que vai dar um tempo para tratamento de saúde. Já Claudio Carvalho que deixa a Câmara de Vereadores corre o risco de não entrar na pré-disputa para a Prefeitura. Ficando desse jeito, a peneira do PT que já deixou um fora, - Hermínio trocou de partido – vai deixar mais um- o Cláudio Carvalho – sem opção. Ficariam então as duas petistas – Fátima e Epifânia – para juntar as panelas ou separar as marmitas duma vez. A receita está sendo seguida à risca e o prato vai à mesa em breve. O que complica é que além das duas tem muita gente mexendo na panela por fora o que pode desandar a receita. E tem o seguinte: panela que muitos mexem ou fica insossa ou salgada.
10-Três perguntas cretinas
Será que o governador Confúcio não poderia dar uma mãozinha e liberar mais algum para acabar as obras dos viadutos, já que prometeu o tutu para a rodoviária? A “esquadrilha da fumaça” de Ipanema vai ter que se virar pra conseguir pó e maconha. Será que o governo deixou estoque de reserva para eventualidades? E o Luppi será que permanece no cargo até o fim do mês ou a presidente vai fazer o sétimo risco no cabo do facão? Não precisa responder nada.