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Leo Ladeia

Mais de 120 dias depois do tsunami da Operação Termópilas...


Frase do Dia:

“O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”. – Millor Fernandes que se foi hoje.

01-Até que enfim

Demorou cinco anos, mas como tudo que é bom ou ruim um dia acaba, acabou o reinado do Márcio Meira na Funai. Márcio Meira não será substituído por um índio, o que seria ideal, mas por Marta Amaral Azevedo com experiência em demografia antropológica e de etnias, atuando nas áreas de saúde, educação e etnologia indígena. Na hora em que a PEC das demarcações de terras indígenas está sob fogo, prefiro que Meira esteja onde vai estar: longe. Caso estranho. Não conheço, mas gosto da Marta. Aliás, dela e de qualquer outro nome que não seja o Meira.

02-Defeito de fábrica

Orlando Silva era o ministro dos esportes e perdeu o cargo por supostamente ter se envolvido numa arrecadação de grana – não para si, é claro – para seu partido. Ana Holanda a ministra da cultura está sob fogo cerrado por denúncias sobre o ECAD e supostamente ter recebido mimos da “tchurma” do samba. Ana de Holanda pouco fez pela cultura, mas fez quase tudo por Maria Betânia. Orlando Silva pouco fez pelo esporte, mas fez quase tudo pelo partidão. Orlando Silva é do PCdoB e Ana de Holanda também. Das duas, uma: ou não se fazem mais comunistas como antigamente, ou o DNA da “tchurma” nova veio com o “bagúio estragado”.

03-Dilma e a Veja

A presidente Dilma não fez revelações bombásticas à revista Veja, mas o que disse agradou. Dilma como qualquer um de nós tem qualidades e defeitos, mas tem algo que me assusta: sua visão pessoal do mundo e como ela vê o Brasil no concerto das nações. O problema não é sua análise sobre a Alemanha ou China. Isso é irrelevante. O problema é que ela parece acreditar que o jogo é simples e que a economia mundial está passando por uma fase que será ajustada apenas com soluções dos emergentes. Isso é como acreditar que um empregado possa salvar da falência a empresa onde trabalha usando seu FGTS e esquecer a lição genial de Garrincha.  

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04-Difícil de engolir I

Mais de 120 dias depois do tsunami da Operação Termópilas, dois registros importantes: o que saiu do judiciário enfiando outra prisão preventiva no Valter Araujo e o que saiu da Comissão Processante da ALE com cara de prestação de contas. Um tira do Valter até o sonho do habeas corpus. O outro refresca a sociedade sedenta de sangue parlamentar ao abrir prazo para que quatro deputados apresentem as defesas como reza o código. Anarquista, vou engolindo essa gororoba azeda, sem acreditar num dedo do papo e torcendo para que um dia possamos saber como é o outro lado da história. Eu adoraria ver “a fôia cair do pau” para ver algumas caras...    

  

05-Difícil de engolir II

Todo mundo sabe que muita coisa da Operação Termópilas ainda não foi revelada e que muito da prática deletéria pode estar ocorrendo. Vejam a desenvoltura que os deputados indiciados apresentam. Vejam as peças publicitárias da Casa, vejam o discurso do Ribamar, do presidente e dos membros da Comissão Processante. A blindagem de agora não é dos carros como queria Valter. Como diz o Zé de Nana, “não tô comendo essa gaiva não”. E se a idéia é matar apenas o “boi de piranha” não vai dar certo porque a mentira tem perna curta e um dia a casa cai. Aliás, sempre cai. Por que o medo de investigar mais? De ir mais fundo? O povo vai apoiar gente...

06-Difícil de engolir III

Estamos prestes a completar cinco meses de Operação Termópilas e os resultados mais visíveis estão mais a esfera do judiciário. Na Assembléia Legislativa a Comissão Paralisante, ou melhor, Comissão Processante está focada nos prazos legais das criaturas e na leitura cuidadosa do que já foi investigado pela PF. Do Executivo esperava-se fora o natural estupor que tomou conta de todos, um choque de gestão pelo menos na saúde, segurança e articulação política. Houve sensível melhora na articulação política com a entrada do Chefe da Casa Civil, mas na saúde e na segurança a coisa está saindo do pastoso para o líquido e haja lero-lero e gororoba azeda...

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07-Política pública de segurança

Ontem pintou a notícia: a PM havia prendido em Candeias os ladrões que explodiam caixas eletrônicos. Nada de investigações sofisticadas. Abordagem costumeira, a casa caiu. Hoje outra notícia: a PM havia prendido na capital os ladrões que explodiam caixas eletrônicos. Nada de investigações sofisticadas. Abordagem costumeira, a casa caiu. Claro que abordagem é função da PM e na abordagem a casa pode cair. Parabéns à PM pela ação e senso de oportunidade, mas ninguém pode garantir que estamos livres de tais quadrilhas. A garantia contra o bandido e o surge da política pública de segurança constante e não apenas da eventual ação policial.   

08-Privatização da previdência?

A chiadeira da “izquierda” foi grande, mas o fundo previdenciário para os servidores públicos passou e foi aprovado pelo Senado. O interessante é que tal providência que é absolutamente necessária já poderia ter sido feita há muito tempo não fosse a oposição do PT que hoje é seu patrono. PT e PSDB, primos carnais, divergem durante algum tempo, mas se acertam sempre.  O Funpresp trará inicialmente alguns problemas que só serão corrigidos com o tempo. Ponto para Dilma, para o Senado e para o Brasil de trabalhadores iguais, sejam públicos ou privados.

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09-Demóstenes: de César a Stanislaw

Referência moral da oposição Demóstenes Torres vive seu inferno astral. Fisgado por ligações telefônicas com Carlinhos Cachoeira, o senador do DEM pode ter explicação para tudo, mas seu caso me remete a duas frases famosas: “Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita”. A outra é do impagável Stanislaw Ponte Preta: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”. Apesar da erudição tantas vezes demonstrada, o senador Demóstenes talvez por não acreditar na primeira frase tenha-se agarrado á segunda.    

10-Três perguntas cretinas 

Com tantos pepinos ocorrendo no governo, quais são os critérios usados para recrutamento? Será que não está na hora de re-recrutar um delegado para atuar na área da saúde? E como é que fica a Sesdec se outra quadrilha for pega com dinamite na mão na frente de um banco?  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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