POLÍTICA & MURUPI 03/09/09

 
Frase do dia: 

“Afinal para que serve o Parlamento do Mercosul? Para que serve o Mercosul?” – Senador Geraldo Mesquita, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores, membro do Parlasul, fazendo uma defesa de fortalecimento às avessas do Mercosul e provocando risos no colega Pedro Simon. 

01-Um pouco mais do bigode de ontem 
Dos 24 deputados da atual legislatura da ALE, apenas seis são oriundos da legislatura passada e desses, cinco estão em atividade na casa. A renovação é fruto dos problemas em que os deputados se envolveram e que tem raízes na legislatura anterior. As fitas gravadas e divulgadas pelo governador Ivo Cassol abriram as portas para a devassa que culminou com investigações, processos, prisões num desgaste sem precedentes. Renovada, esperava-se uma ALE fiscalizadora e ativa porém, o caminho escolhido foi o da submissão total ao Executivo. A próxima eleição dirá se a escolha foi a correta.

02-Aliados unilaterais
Um caso emblemático mas, não único, é o deputado Ribamar Araújo do PT, aliado do Cassol. Ao perceber que sua aliança inviabilizava sua vida partidária, Ribamar deitou falação na expectativa que o PT promovesse sua expulsão. Como falta pouco para o fim do mandato, o partido fez uma defesa tímida e optou por empurrar com a barriga. Carlos Sperança identificou o movimento do Cassol e seu grupo em direção à ALE. Se tudo ocorrer como o previsto, outra renovação recorde na ALE e uma lição do Zé de Nana aos aliados unilaterais: “quem aluga o traseiro, não escolhe onde senta”.

03-Hora da onça beber água
O Executivo pode muito, o Legislativo pode pouco e o povo pode tudo. Parlamentar de oposição não tem vida fácil mas, tem um trunfo se for combativo: a visibilidade. Aliado tem vida mais fácil mas, é preciso ser produtivo, levando e divulgando ações no seu reduto. Olhando pelos dois ângulos, os atuais deputados ficam a desejar nos dois quesitos. A maioria das ações dos aliados é creditada ao governador que segue junto com o deputado levar as boas novas. Sem oposição, sem melhorias, o eleitor se volta para o governador e para os que o acompanham. Vida dura para todos em 2010

04-Antecipando o resultado da PEC 
Faltando poucos dias para a votação da PEC da Transposição, trem da alegria na gare aguardando a “tchurma” do oba-oba, não me custa alertar que se o resultado da votação não for o que o se espera ou seja, se pintar uma zebra, não vale inventar que a culpa é de A ou B, ou desse ou daquele partido. Da mesma forma, não vale dizer que Rondônia vai parar por conta disso. Se der tudo certo, é preciso antecipar:”a mãe da matéria” é a Senadora Fátima Cleide do PT, apoiada por toda a bancada federal – deputados e senadores – que entraram de cabeça na luta pela correção da injustiça.

05- Collor o “imortal”
Collor entrou para a Academia de Letras de Alagoas, pelo "enorme dom da síntese". Síntese tão grande que nem houve um livro. Não ria: Elle nunca escreveu um livro.

06-Internet com mordaça
O Senado aprovou nas comissões o projeto de lei eleitoral que enfia a internet na mesma camisa de força de TVs e rádios, além de proibir sites de dar "tratamento preferencial" para candidatos ou usar "montagens". Gabeira irou: "O Azeredo precisa de um filho piedoso que diga a ele: pai, não se meta com a internet, fique sossegado na sua pirâmide", deu azia no Marcos Maciel desafiando-o a "controlar a internet em seu gabinete" – "daria uma boa comédia" – e pregou a desobediência: "Na derrota, o caminho é a orientação do Thoreau para leis estúpidas: desobedeça." O anarquista aqui adorou a idéia de jerico e se for o caso topa rachar badeco na cadeia. To nessa.

07-Dilma mordeu a isca 
Discursando durante evento do PAC, a ministra Dilma Rousseff, abandonou a leitura que tinha preparado, fez uma ampla defesa do meio ambiente, da qualidade de vida e anunciou obras no valor de R$ 4,5 bilhões, que melhorarão o saneamento básico em sete estados do país. Lamentou a ocupação desenfreada das cidades, das margens de rios:“respeitar os mananciais é respeitar o meio ambiente” e mais: “hoje, estamos cuidando dos nossos mananciais, e isso significa desenvolvimento sustentável, algo que também gera dinheiro e riqueza para o país”. Beliscou! Olha a Marina aí gente.

08-Lula também mordeu
O presidente Lula assegurou, numa entrevista para a France Press, que o Brasil não se furtará a discutir a mudança nas metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa, durante o encontro da ONU em Copenhague, em dezembro próximo, ressaltando que “temos obrigação moral de diminuir o desmatamento na Amazônia". Lula sugeriu a criação de um fundo internacional para que os países pobres sejam ajudados no combate ao desmatamento, já que "ninguém pode dizer que a China tem a mesma responsabilidade que os EUA” e disse que seria possível “um passo adiante daquilo que foi Kyoto”. Vixi... Beliscou! Olha a Marina de novo aí gente.

09-Analfas digitais 
Os membros da CCJ do Senado passaram dois atestados provando que em matéria de modernidade estão no tempo das cavernas. O primeiro é que não são chegados à liberdade de expressão, apesar de pertencerem – oh suprema ironia – à Comissão de Constituição e Justiça. O segundo é que são analfabetos digitais – alguns são apenas analfabetos – e crêem que internet é um órgão público ou alguma coisa instalada ali por perto, tipo estação de TV, rádio, telefonia ou tudo junto. “Se algum dia chover cangalha tem senador que não pode sair na chuva”, garante o blogueiro Zé de Nana.

10-O STF e a internet 
O ministro Carlos Ayres Britto, presidente do TSE, mandou publicar o acórdão do STF que considerou inconstitucional a lei de imprensa. No texto há uma referência à internet: “... Silenciando a Constituição quanto ao regime jurídico da internet, não há como se lhe recusar a qualificação de território virtual livremente veiculador de idéias, debate, notícia e tudo o mais que se contenha no conceito essencial da plenitude de informação jornalística no nosso país." Pouco depois da aprovação da reforma eleitoral nas comissões do Senado, as medidas restritivas à cobertura jornalística das campanhas pela internet já suscitavam polêmica entre os próprios senadores que participaram da votação. Cá para nós o nome que se dá a isso é censura descarada.