POLÍTICA & MURUPI 10/06/10

Frase do Dia

“Os grandes empresários, os grandes latifundiários, os grandes banqueiros nunca ganharam tanto como ganharam no meu governo, mas o pobre também ganhou, ganhou dinheiro, ganhou o direito de estudar”. – Lula da Silva com toda franqueza.         

01-Beijando a lata

O crack virou tema de conversas em todos os lugares. Todos os dias os lares são invadidos com a cara propaganda oficial de eficácia questionável. Pela internet, jornais, revistas vemos o desfile dos miseráveis que “beijaram a lata” com imagens que vendem audiência. Na classe política o crack é um problema e uma solução pois é a chance de conseguir verbas para programas que certamente sempre deixarão “algum”, independente de resultados. O problema é grave, exige políticas públicas com soluções efetivas mas, por ora o que se vê é propaganda e muito conversa, enquanto jovens beijam a lata cada dia mais cedo e a banalização da notícia nos anestesia e vicia como o crack.

02-Beijando a lata II

O crack se tornou substituto da comida para quem passa fome e, por ser a mais barata das drogas atingiu moradores de rua, favelados, em situação de risco alimentar. Os bóias-frias e cortadores de cana entraram no crack pela mesma situação e para agüentar uma jornada de trabalho extenuante. Daí para os jovens da “sexta-cheira”, foi um salto. Mas, o fenômeno é bem mais complexo e, passa pela desestrutura familiar, má educação, corrupção endêmica, banalização da violência, certeza da impunidade até o descaso e leniência com questões externas, como a convivência de “irmão mais velho” com a Bolívia, o nosso narco-vizinho, com o qual temos as fronteiras escancaradas. Difícil...  

03-Mirante político

Do meu posto, como observador privilegiado, fico de olho no desfile dos políticos fazendo o teste de popularidade na Expovel. Políticos novos e velhos, agudos ou crônicos encaram o teste. De início chegam arredios e na multidão procuram cruzar os olhares com o povo. Se reconhecido, um sorriso e o aperto de mão. De longe sentem o cheiro do adversário e evitam-no. Se a noite é favorável, a caminhada se estende por horas a fio, sempre de olho nas câmeras e um silencioso pedido por um microfone. Se a noite é ruim de caça, a saída à francesa. Divirto-me sozinho com as performances e, mais ainda, com os retumbantes “rilisis” no “day after”. Alguns chegam a dar dó. Tudo pelo voto. 

04-Fechando a BR na porta de casa

Um grupo de moradores do bairro Costa e Silva, às turras com a Eletrobrás Distribuidora, ex-Ceron, “partiram pro pau” tocando fogo no próprio, em pneus e fechando as duas vias da BR-319, trecho entre a Jorge Teixeira e Lauro Sodré. O bloqueio começou às 5.30 da manhã e até as 8:00 a PM não tinha conseguido o desbloqueio. A briga é contra a instalação dos olhões em razão “da conta absurda no talão”, segundo um morador. Vizinho de bairro e com um “olhão” instalado, não percebi diferença na minha conta. Nem eu nem meus vizinhos de rua. Diferença sentimos hoje pela manhã com o pesado trânsito até de carretas em nossa bucólica rua. O trânsito caótico virou “o inferno”. 

05-Engenheiro de obras prontas

Uma “figura carimbada” da política rondoniense distribuía dia desses os seus panfletos, anunciando aos quatro cantos de Rondônia a luta que travou para que saísse a ponte sobre o Rio Madeira, que ligará a BR 319 no bairro da Balsa. Em época de eleição, o engenheiro das obras prontas vai ter  muito a falar aos humildes eleitores, principalmente os humildes. Aliás, sem ele, é provável que Rondônia sequer existisse, haja vista o volume de obras, recursos, pedidos, reuniões, conversas com organismos, agilização de processos, etc. Haja prestígio do homem. Pelo Banzeiros, Zé Carlos até desenvolveu uma teoria que pode resultar em baita economia para o Brasil. Éraste séo Zé!

06-Fátima e o compromisso com a educação

“Não estou contra o meu governo. Estou a favor do meu país”. A frase da senadora Fátima Cleide é o retrato do seu compromisso com a educação logo após ser aparteada pelo senador Flexa Ribeiro para, pasmem, apoiá-la. Fátima Cleide exige uma participação de 50% do Fundo Social para ser aplicado na educação. Ao assumir o seu lado professora, a senadora Fátima Cleide abriu um flanco e deixou o governo numa saia justa. E tão justa que precisou do socorro do presidente Sarney que voltou rápido à presidência da sessão, que no momento era ocupada por Mao Santo com toda sua liberalidade de tempo. Quem não conhece a Fátima estranhou seu discurso batendo de frente com o governo. Quem a conhece sabe do seu compromisso com a educação. E a emenda foi aprovada.

07-Pré-sal regulamentado

Madrugada de quinta-feira, 3:42 AM e o projeto do pré-sal ganhou forma. Não saiu exatamente do jeito que o governo queria mas, a capitalização da Petrobrás saiu e o destino dos recursos, idem. O Fundo também nasceu e com o dinheiro carimbado. Os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo serão compensados por eventuais perdas de receita. A grande novidade é a derrota imposta pelo Senado na divisão de royalties do pré-sal: todos os estados da federação foram tratados de forma igualitária. Um revolução que tende a se ampliar quando a reforma tributária entrar na pauta para discussão. A voraz União é madrasta com estados e municípios na redistribuição de impostos.  

08-Levantando a ponta do tapete

Ontem Sílvio Persivo tocou no ponto e logo depois a CGU detectou 11 indícios de irregularidades num dos principais contratos da empresa Dialog Serviços de Comunicação e Eventos, do Bené, ou Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, com o governo. Bené vinha atuando como espécie de gerente informal da pré-campanha da Dilma Rousseff e, segundo o que falam, o financiador da desastrada incursão da campanha no submundo dos dossiês. O sucesso do Bené começa ao se aproximar do PT, há seis anos. Tinha trânsito livre na casa da campanha e cuidava das finanças. O faturamento de suas duas empresas soma R$ 214 milhões de 2006 a 2010. Bené é amigo do Pimentel de Minas Gerais, da Dilma, do PT e do rei. Como se vê, mineiro gosta de cachacinha, queijo e da corte.  

09-Hillary Clinton na porta

A ONU aprovou duras sanções contra o Irã, apesar do veto da Rússia contra algumas providências de isolar o Irã no mundo comercial. Turquia com suas razões geopolíticas e o Brasil por razões que mesmo a razão desconhece, votaram contra as sanções, ficando isolados dentro da ONU e não seria diferente depois de terem atuado para o acordo considerado como “inocente”, pela diplomacia mundial. O turquin do nome complicado, disse que seu país continuará enriquecendo o urânio e que vai mandar a resolução ao lixo. Apesar de Lula dizer que a decisão é “birra”, Hillary Clinton foi rápida, ao oferecer a saída diplomática ao elogiar a tentativa tosca e frustrada de Turquia e Brasil. 

10-É hoje!

Depois de ficar colado ontem na TV Senado para ver o resultado da votação do pré-sal, que só deu o ar da graça na madrugada, hoje será o dia de grudar os olhos na TV Justiça e aguardar o TSE fizer o que vale ou o que não vale no projeto ficha limpa. Pelo andar da mula veia, vou apostar na validade já para as próximas eleições. Há uma mudança ainda sutil no comportamento de alguns ministros, que captaram o sentimento da sociedade e que se mostram comprometidos não apenas com o direito mas, com a justiça. Alguma coisa está ocorrendo na Alta Corte e um vento começa a varrer o bolor antigo. Condenações de políticos, celeridade processual mostram essa oxigenação.  

leoladeia@hotmail.com