Domingo, 30 de janeiro de 2011 - 16h45
Frase do dia
“No setor público, mesmo com o advento dos companheiros ao poder, primeiro municipal, depois estadual e agora federal, continuam a fluir as propinas e comissões pela realização de qualquer tipo de obras ou contratação de serviços. Só que com um detalhe: antes, cobrava-se 10%. Hoje, a regra é de 30%.." –Jornalista Carlos Chagas
01-“Se”: uma partícula avassaladora
Quando gringos estudam nossa língua, uma dificuldade é a palavra “se”, por seus diferentes sentidos. Às vezes é a partícula apassivadora mas, ainda que não haja a classificação gramatical, pode ser avassaladora. Veja o caso ALE. Se tudo correr a favor, Walter Araújo está eleito com 18 votos. Se o senador Gurcasz reverter dois votos, – um é o Maciel – se o PT fechar dois votos e se o governo virar dois votos, pinta o empate. Mas só se Walter Araújo ficar quieto e se o governo tiver sorte. Se pintar, Neodi pode entrar no jogo, avassalador. Viu o que pode fazer o se? Se eu tivesse bola de cristal e juízo nem escrevia isso...
02-Falando em bola de cristal...
Prefiro mais lembrar a história. Já vi muita coisa acontecer e a mais hilária foi a votação do Severino “Biu” Cavalcante para presidir a Câmara Federal. Por aqui já pintaram zebras, traíras, cobras, sapos, lagartos.... a fauna é rica. Quem fez confinamento – começou com Natanael, depois Carlão e agora Walter Araújo - teve problemas depois. Talvez isso tenha a ver com uma tradição bovina. O boi se rebela na hora do abate. Mesmo confinado. E como entrei no reino animal lembro que “cavalo não desce escada” e que “a necessidade faz o sapo pular”.
03-Harmonia ou equilíbrio precário?
As casas parlamentares tem como característica principal o equilíbrio de forças contrárias entre os poderes no âmbito externo e um precário equilíbrio interno entre seus pares. São por origem bem mais vulneráveis que o Executivo, de onde partem as ações determinadas por uma só pessoa. E o equilíbrio que já é precário se esfacela com distorções constantes. O Executivo usurpa o poder do Legislativo, – tipo MPs – que deixa de legislar e passa a executar via emendas. Além disso, um parlamentar eleito pode ir para o Executivo exercer uma função subordinada e voltar ao parlamento para votar o que interessa ao seu chefe. Tudo em nome do mito ou balela – pode escolher - chamada governabilidade.
04-Valores republicanos
O sonho de consumo de qualquer chefe de Executivo é um Legislativo cordato e para conseguir tal intento vale tudo. Desde contratos, indicações de cargos, liberação de emendas ou como tornado público recentemente, pela compra em parcelas mensais do próprio parlamentar. O negócio não é novo, mas a “mala preta” era só eventual. O fim das distorções e resgate de valores republicanos passa pela reforma política, mas atinge os atores da tragicomédia. Portanto é tão impensável como juntar os palhaços e pedir que toquem fogo no circo.
05-A cultura da corrupção...
Pense no termo corrupção não só como a sedução por dinheiro. É mais que isso. É a subversão de valores. Um exemplo é a ideologia – conjunto de idéias próprias de um grupo que formam um partido político. Mas, qual dos partidos políticos do Brasil possui uma ideologia? Dispa-se dos pudores e responda: que diferença havia entre a pregação de Serra, Marina e Dilma na campanha eleitoral? Se não basta analise os valores da eleição e fontes de financiamento. “A corrupção é o cupim da República” profetizava em 1988, Ulisses Guimarães.
06-E suas conseqüências
Depois de instalada a corrupção que subverte a moral não para. É um câncer em metástase criando vias alternativas para ataque a todos os órgãos. Temos relatos de casos de corrupção em todas as esferas de todos os poderes, nos órgãos de fiscalização, controle e, bem recentemente no órgão que se supunha imune a ela: o TCU. A revista Veja da semana que passou pôs sob suspeita a Controladoria Geral da União e, se provado, não constituirá novidade. O ataque nada perdoa e atinge pontos como a compra de remédios ou merenda escolar.
07-Trincheiras de luta
Na sociedade civil organizada, igrejas e imprensa, mesmo com envolvimento que existe com a verba oficial – fonte de sobrevivência – estão as trincheiras para combater a corrupção. A cada registro de mau uso do dinheiro público ou tráfico de influência, alguma coisa melhora no debilitado organismo da máquina pública. A cada ação de investigação e cada sentença o doente responde e a parte boa reage. Acelerar esse processo é criar o círculo virtuoso, o que só se consegue com punição de gestores e educação da sociedade. Nessa ordem.
08-Revogando a Lei de Gerson
A “roubada” no trânsito, o “gato”, o gabarito comprado, a assessoria fantasma, a propina que apaga a multa, tudo se tornou tão comum que será preciso muito tempo e talvez gerações para começar a desaparecer do nosso DNA cultural. A corrupção se retroalimenta dos nossos pequenos delitos e do jeitinho brasileiro e isso cria um clima de cumplicidade e aceitação que anestesia a sociedade. “É assim mesmo”, “rouba mas faz”, “todos são iguais” são frases que demonstram que nossa capacidade crítica e de indignação estão de há muito anestesiadas.
09-D volta ao trono
Quem viu as agruras e o desgaste por que passou o Sarney até bem pouco tempo dificilmente imaginaria que o homem poderia se soerguer. Na lona, foi salvo pelo gongo e voltou ao tablado. Venceu, não convenceu e nem convence mas, está de volta e em boa forma para mais um mandato como presidente do Senado. Talvez seja mesmo um incomum. Certo é que não terá adversários, salvo um do PSol e apenas para marcar presença. Pelo andar da mula veia, o “marimbondo de fogo” será conduzido à sua cadeira quase que por aclamação.
10-Enfim a vida volta ao normal
Sem um bom escândalo com peso para chacoalhar a sociedade, a vida volta à normalidade. São Paulo continua debaixo d’água, mas as encostas dos morros que ficaram de pé pararam de desbarrancar. Ninguém fala mais sobre o que fazer para evitar. A salvação será o novo Congresso e a continuação da briga por ministérios entre PT e PMDB. Ou isso ou teremos que voltar ao morro do Alemão para mostrar que os traficantes estão fazendo o caminho de volta, já que sem pó no asfalto, a vida fica sem tempero. Que falta faz um escândalo...
Fonte: Léo Ladeia - leoladeia@hotmail.com
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