Sexta-feira, 17 de setembro de 2021 - 14h18
De há muito o Brasil carece,
torce e pede por uma reforma administrativa para que o país possa caminhar de
preferência dentro do que preceituam as teorias de Taylor e Fayol. Uma reforma
que possa rever os protocolos interinstitucionais, as carreiras de estado, as
divisões e segregações de funções e principalmente que vise a organicidade,
economicidade e transparência. Nada impossível de se fazer. Deveria sair agora
um esboço para votação, mas o relator, deputado Arthur Oliveira Maia – só o
nome me fez pensar que não ia dar certo – fez algo tão ruim, tão imprestável,
que agora viu que terá de fazer outro relatório, na verdade será a terceira
versão. Por trás disso está a pressão da esquerda que sempre dominou a cena do
peleguismo nacional com seus gigolôs do serviço público. E olha que a reforma
prometida irá mudar pouca coisa e afetar apenas as novas contratações. Os
direitos adquiridos pela casta que ri da pobreza permanecerão hígidos. Ficam
como estão. Salários, regalias, licenças e claro o sonho de todo concursado que
é a estabilidade no emprego estão mantidos “ad eternum” e mais três dias e
apenas para variar, pagos pelo cidadão comum. Ocorre que para a oposição era
preciso mais e as críticas exacerbadas para as contratações temporárias e a
utilização de instrumentos de cooperação com a iniciativa privada subiram no
telhado e o tal do relatório mal feito foi para a casa do crica. Melou e não
tem jeito.
Não sei o que vai acontecer
com a próxima versão do relator, mas é bom ninguém se animar com a possibilidade
de que sejam implantados critérios para avaliação de desempenho ou pior, algo
que é uma espécie de palavrão no serviço público, o prêmio ao mérito, a tal
meritocracia tão comum e desejada pelos empregados da iniciativa privada e que
em última instância é premiar o bom. Quem produz mais ganha mais. Para a
“república sindicalista brazuka”, a ideia é passar a régua e nivelar por baixo.
Aquele bom servidor, interessado que tem interesse no que faz e busca o
crescimento pessoal e profissional é tratado de igual forma com aquele relapso
e improdutivo.
Entre as mudanças, o parecer
fulminado pelo relator Artur Maia – credo – acabava com a possibilidade de
reduzir a jornada e o salário de servidores e facilitava a abertura de
processos administrativos para perda de cargo de servidores com avaliação de
desempenho insatisfatória, o que no mundo real é positivo, e também definir novos
parâmetros para decidir quem perde a vaga caso haja uma extinção parcial de
cargos obsoletos, e como exemplo cito os ascensoristas de elevadores do
congresso e a inclusão de guardas municipais e agentes socioeducativos entre as
“carreiras exclusivas de estado”, deixando de fora o policial militar e o
bombeiro militar. Falha gritante.
O relator também havia mudado
seu parecer para rejeitar a admissão de emendas que permitem acabar com
benefícios a juízes e promotores, como férias de 60 dias igualando-os ao
mortais comuns que têm direito a 30 dias. Foi aqui que a porca torceu o próprio
rabo. Quem vai cutucar o cão com vara curta? Numa casa legislativa onde grande
parte dos parlamentares têm passivos e problemas com a justiça quem vai mexer na
magistratura? Artur Lira, presidente da casa e um dos pendurados na justiça,
explicou de forma hilária: “não seria viável, ante a distribuição de competências
estabelecida na constituição, interferir no regime de magistrados e de membros
do ministério público por meio de proposta de emenda à constituição apresentada
pelo poder executivo”. Para lembrar, cabe a ele, Artur Lira mexer no queijo. A
Câmara dos Deputados tem o poder e por óbvio, a obrigação de fazer. Mas como me
Zé de Nana, o filósofo de plantão da sexta, “quem aluga o rabo não escolhe onde
senta”
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