Segunda-feira, 16 de agosto de 2021 - 20h03
O tema marco regulatório do saneamento básico está
batendo à nossa porta e faz-se necessário uma reflexão sob a ótica dos
investimentos necessários, do prazo exíguo e urgência para implantação dos
serviços por todo país. E não é que estejamos atrasados. O problema é bem
maior. A cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia não tem sistema
de esgotamento sanitário, nem tratamento de lixo adequado e a água que é
tratada de forma precária é entregue apenas a 40% da população. Hoje por
exemplo parte da cidade de Porto Velho está sem água e assim ficará nesta e na
próxima semana, dependendo de operações da falida empresa CAERD. É cruel, é
desumano, é indigno.
Com mais de 15 meses de COVID, é impossível
fugir do triângulo prevenção, doença e saúde. Sobre a prevenção, o melhor
exemplo é a peste bubônica, peste negra ou febre do rato, que dizimou mais de
25 milhões de pessoas na Europa, fruto do lixo espalhado pelas cidades, falta
de esgoto e a proliferação de ratos. E, ainda que a Europa esteja em outro
patamar, está longe do ambiente de sanidade ideal que se espera e que é
recomendado pela OMS. Para reduzir as causas doenças e promover a saúde é necessário
educação, políticas de saneamento e um comportamento individual responsável.
Sobre a saúde atenho-me ao que diz a OMS – Organização Mundial da Saúde: “saúde
é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a
ausência de doenças.” A pandemia está nos obrigando a entender isso agora e de
forma acelerada.
Depois dos meses de medos, perdas e
aprendizados fica a certeza de que a pandemia tem muito a ver com o meio
ambiente. Vivemos num planeta que está sendo agredido de forma irresponsável
por quem mais deveria preservá-lo. O equilíbrio é frágil e o homem disputa
espaços e mantém contato com formas de vidas agressivas como os vírus e as
pragas que existem na natureza e que às vezes acabam ajudando o próprio
agressor. Um exemplo é o veneno da cobra jararaca cuja picada mata e que deu
origem ao Captopril que controla a pressão arterial e o coronavirus que deu
origem às vacinas imunizantes que estão disputadas a tapa pelas nações do
mundo. Contudo temos problemas que são básicos para promoção da saúde. A
educação, a falta de políticas públicas com investimentos maciços para o
saneamento e por fim um componente que é o resultado dos dois anteriormente
citados: o comportamento individual que é fruto da educação de qualidade e que
nos leva por exemplo ao uso de máscaras, ao distanciamento social e higiene
pessoal como lavar as mãos.
Durante um ano e meio praticamente só falamos
de COVID, esquecendo outras mazelas relegadas a segundo plano e sobre elas é
preciso lembrar que a situação é grave e algumas delas continuam contaminando,
matando e drenando recursos financeiros, científicos e técnicos. Órgãos como as
agências de sanidade mapeiam a ocorrência de doenças e através de monitoramento
definem as ações para combater e circunscrever os casos de malária, sífilis,
aids e outra dsts, tuberculose, hanseníase, febre amarela, raiva, dengue,
chicungunha, dentre outras, na maioria já no estágio de endemias.
Órgãos e agências são relevantes para
monitorar e alertar, mas a providência real está noutra esfera. Cabe aos
governantes planejar e investir em saúde ao invés de tratar de doenças. Investir
em saneamento básico - água tratada, lixo coletado, reciclado e tratado, além
do esgotamento sanitário controlado, é investir em saúde e para finalizar uma
estatística sobre o tema diz que para cada real investido em saneamento o
retorno é de três reais em saúde. Mas é preciso ter vontade política e jamais esperar
que haja retorno em votos, pois há quem tenha medo do povo não ver os canos
porque ficam enterrados no chão.
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