Sexta-feira, 6 de agosto de 2021 - 14h14
Começo
afirmando que um tribunal que tem como função julgar contendas e se posicionar
a respeito de questões eleitorais, jamais poderia abrir ou indicar a abertura
de inquérito sobre outros crimes fora da sua alçada, ainda que tal tribunal, no
caso o TSE, tenha no seu comando, presidindo os trabalhos um ministro do STF.
Os presidentes tanto do STF quanto do TSE ou de outras cortes como o STJ podem muito,
mas não podem tudo e sua mais corriqueira e principal função na presidência é
organizar a agenda de julgamentos, determinar a pauta de processos, mas nunca terá
autoridade maior que o colegiado. Aliás, no TSE o ministro Barroso é um juiz ou
se preferem, um ministro cedido pelo STF. Isto posto, e acreditem, detesto
dizer isso, mas é preciso acabar com o pobre espetáculo diário de armadilhas tabajaras
verbais do presidente Bolsonaro que só atrapalham a ele mesmo e deixam o Brasil
num estado de insegurança, como se vivêssemos sempre com a espada do Duque de
Caxias sobre nossas cabeças.
Esta
semana e repetindo uma manifestação que ocorreu em março, um grupo de empresários
e desta vez a quantidade foi maior, juntou-se a outros segmentos e num total
que ultrapassa as seis mil pessoas divulgaram um manifesto, desta feita
acossados pelo clima de tensão entre o Poder Executivo e o Judiciário e justo após
a dura resposta do STF ao presidente Bolsonaro, que elevou as suas queixas
contra a não utilização do voto impresso a níveis insuportáveis. Conforme dizem
os organizadores e após a publicação em jornais, até o fim da tarde de ontem
mais de seis mil pessoas haviam apoiado o embrulho para presente do dia dos
pais no site do movimento ELEIÇÃO SE RESPEITA.
E
porque os empresários, banqueiros, economistas, etc., não querem a disputa? A
resposta é óbvia. O Brasil está num momento de recuperação econômica e para o
bem dos negócios é preciso atingir rapidamente um patamar estável de operações
nacionais e internacionais com a necessária segurança jurídica que possibilitem
a vinda dos investimentos externos e reforçar a imagem de um país seguro,
livre, democrático e moderno. Para o empresário, mais relevante que arapucas políticas
importa o lucro, a economia girando a estabilidade política, econômica e
financeira do país. E cá para nós, não é só para o empresário, é sim melhor
para todos.
Sobre
a urna eletrônica e o voto impresso é matéria já revisitada pelo STF que se posicionou
pela impropriedade de utilização do voto impresso. Não se trata de coisa nova
ou descoberta agora. Há uma lenda urbana sobre tal fato, que nunca foi provada e
que se repete e retorna a cada período eleitoral. A última vez que o fato ocorreu
foi depois da eleição de Dilma Rousseff quando seu adversário direto Aécio Neves
pediu uma recontagem dos votos, o que foi feito, tendo-se chegado a igual
resultado da urna eletrônica.
Para
quem gosta de apostas, o Exército Brasileiro no particular e as Forças Armadas
no geral não vão se aventurar em algo que esteja “fora das quatro linhas da
constituição” pela simples razão de serem uma organização de estado e não de
governo com suas funções estabelecidas no artigo 142 da Constituição Federal,
esta sim que pode muito e pode tudo. Ou Constituição ou barbárie. Ontem a
comissão que estuda a questão do voto impresso rejeitou na Câmara Federal de plano
a questão, mas ainda é possível voltar à pauta para o debate. E é exatamente
aqui que fundamento a minha opinião não me colocando favorável ou contra o voto
impresso. O debate é salutar e deve existir para o bem da democracia. O parágrafo
único do primeiro artigo da Constituição Federal diz: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”. É isso ai então.
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