Quinta-feira, 1 de setembro de 2011 - 12h42
Frase do Dia:
"Mas, e se, por exemplo, o IPI fosse simplesmente extinto? Não é, de forma nenhuma, um absurdo, pelo menos conceitualmente falando”.- Aline Machado PhD em Ciência Política
01-Interstício? Ora, ora, ora...
Vá lá. Vamos facilitar a vida. Um release da Adunir diz: “O professor Delson Fernando Barcellos Xavier, presidente Adunir, anunciou que a entidade vai apresentar ao presidente do Conselho Superior Acadêmico da Unir, Projeto de Resolução para a progressão horizontal “automática” dos servidores. Os docentes que completarem o interstício de quatro anos terão direito a progressão automática sem necessidade de requerer. Sou a favor de tudo que facilite a vida, coisas, instituições, etc., mas professor, sem avaliar desempenho e mérito, o interstício perde a razão de ser e a progressão passa a ser produção em série de servidores, bons ou maus, com prejuízo evidente para o melhor. Cá pra nós, não é melhor seguir o que é certo, sem inventar?
02- Nepotismo? Ora, ora...
Tem a lei que não pega, que não funciona ou que atrapalha a vida de quem nem deveria se preocupar com ela. O Conselho Nacional de Justiça realiza na terça-feira próxima uma sessão para julgar um caminhão bi-trem cheio de malfeitos. 61 no total. Em destaque, processos que envolvem prisões de advogados públicos federais, denúncias sobre omissão de tribunais, verificação de depósitos judiciais, segurança para os magistrados e o mais chato de tudo isso: nepotismo. Pópará! Nepotismo só serve pra jornalista fazer denúncia e o CNJ pegar no pé. Não pegou nem vai pegar. Duvidou? Pegue a lista de comissionados da era Cassol, da era Confúcio, da ALE, Câmara de Vereadores, etc. Não conseguiu? Peça ajuda a um bom jornalista do ramo.
03- Faxina? Ora...
Lá se foi ou está indo minha esperança. Quando a presidente disse no meio de um jantar com a patota do PMDB que se sentia em casa, gelei do gorgomilo ao pododáctilo. Porém, com meu otimismo indisfarçável, incorrigível e idiota, imaginei que a frase fosse só para quebrar o gelo e continuei batendo palmas para a faxineira do meu Brasil lindo, trigueiro e até inzoneiro. Ferrei-me de verde- amarelo quando no dia seguinte a dona da vassoura e dos meus sonhos de limpeza pronunciou de forma solene como requer a fala num velório, o epitáfio da faxineira: “Faxina no meu governo é faxina contra a pobreza. É isso que é a faxina do meu governo”. Ora, se isso não é capitular ante a corrupção e entregar o governo à sanha da súcia, o que é então?
04- Zéxpert
Zé Dirceu é tido e havido por desavisados iletrados de história como um sujeito de inteligência rara, de tino político incomum, um quase ícone bem ao estilo Che Guevara. Dirceu, a capa da revista Veja dessa semana é mostrado como o “Poderoso Chefão”. Menos Veja, menos, salvo se isto faz bem à Veja ou ao próprio Zéxpert o que não vem ao caso. Não vejo na figura nada além do mistério criado por quem o endeusa. Único dos ministros a cair com o esquema do mensalão, Dirceu foi apeado do trono pelo ridículo Roberto Jefferson, sob uma acusação que o atingiu como uma pedra numa pombinha parada. Ora convenhamos, quem perde para Bob Jefferson vai empatar com quem? Comparar Dirceu com gangsters da “cosa nostra” só por licença poética. Dirceu e “tchurma” formam um bando de pés de chinelo atrás de “suas coisinhas”. A lenda é aquele mesmo ridículo noivo da única espiã da ditadura militar de 1968.
05- Vida inteligente na economia
Não sou chegado a dar pitacos sobre economia e me atenho mais a torcer pela queda de juros pelo Banco Central. Ocorre que em economia como em futebol todo mundo é meio técnico e quando a visão dos “cabeças gordas” casa com a minha, fico achando que algo inteligente está acontecendo. Não é só isso agora. É que pela primeira vez em muito tempo, vejo o governo tomar atitudes que desafiam a cartilha que estava sendo seguida até agora. A idéia é aumentar o superávit primário sinalizando para a necessária queda de juros e promovendo uma espécie de poupança. Se isso vai ou não reduzir os gastos públicos é o que iremos ver mas, reduzir os juros implica dizer que há uma preocupação em administrar a dívida pública do país. Gostei...
06- Custo de oportunidade
Para cada ponto percentual na taxa Selic, o governo, maior devedor da praça, economizaria US$12 bilhões. Para quem não tem boa memória, relembro que o início dessa história está na primeira ação da presidente Dilma quando fez o corte fenomenal no orçamento e que alterou sua relação com a base aliada e Congresso para algo entre o péssimo e pior que isso. É que a faca da presidente cortou na carne dos parlamentares retirando suas emendas. A partir desse ponto a coisa degringolou. Voltar às boas como se nada tivesse existido, impossível mas, Dilma vê a oportunidade de ouro. Dividir a responsabilidade para não ampliar a crise. A idéia é que todos pulem n’água e se ajudem para tentar sair do outro lado. Quem sobreviver verá. Será?
07- Cahula: mais vermelho, impossível
Claro que ideologia é algo que não existe num partido político no Brasil. Vejam por exemplo o que ocorre no PPS de Rondônia. O partido era comandado pelo ex-quase-por-pouco comunista convicto Moreira Mendes, que tem sua história política e pessoal bem diferente da maioria dos políticos do PPS e do seu líder maior, Roberto Freire. Moreira sai do PPS para fundar o PSD e na sua vaga assume alguém que tem além da identidade, tudo a ver com a causa comunista no Brasil. João Cahula é ex-vice-governador de Rondônia e só não é bem mais vermelhinho por conta da sua proximidade com o ex-governador Cassol, mas que não quer dizer absolutamente nada. Como já disse no início, ideologia é o que menos importa a um partido político por aqui.
08- Vale castigo
O negócio é de alto risco. É como passar um bife cru na fuça da onça e depois sair correndo. A prática interessante, mas marota. Em vez do prêmio, o vale. Em Rolim de Moura, implementos agrícolas foram adquiridos com o dinheiro público e destinados a produtores. No dia da festa, foguete, autoridades, bumbo, discurso e maquinário. Trinta dias depois a notícia: as máquinas não podem deixar o pátio pois não foram pagas. Em Porto Velho, a Prefeitura fez o sorteio e os sortudos vão ter a casa dos sonhos. “My Home, My Life”, diria o filósofo Mr.Bean! Mas antes terão de levar os documentos à SEMUR que envia à CEF, que faz a análise, que faz o contrato, que marca a data, que... E não perca o prazo: 15 a 19 de setembro. Fora do prazo ou sem o papelin certin, pode vazar na brachiaria. By by see you tomorrow, hasta la vista baby ou fui!
09- Esticando a corda
Vá anotando aí o que falta de corda para ser esticada. A emenda 29 que define percentuais de aumento para a saúde vai à votação no final de setembro na Câmara. A emenda do PMDB para o Supersimple está tirando o sono da Ideli. Falando nela, Ideli está às voltas com o ex-ministro do Dnit – ou seria dos Transportes – para trazer o PR de volta para o ninho do Planalto. Não é nada fácil mas não é impossível. O pepino reside numa exigência: o ministro quer a declaração do governo de que foi demitido sendo inocente o que abre o caminho para a volta do Pagot. E tem mais uma fonte de discórdia: a PEC 300 – aquela dos militares – que pode abrir caminho para a PEC dos agentes penitenciários. O pior é que a crise vem afinando a já roída corda.
10- Três perguntas cretinas
Algo está havendo com o deputado Walter Araújo. O presidente da ALE queria carro blindado e agora pelo que consta quer segurança armada. Ora chefiando a Casa do Povo o senhor não tem a melhor guarda que existe que é o próprio povo? Ivo Cassol vai continuar escrevendo, foi só farra no dia do soldado ou era teste para ver se o tal do “ghost writer” não é coisa de alma penada e assombração? Flagrada num vídeo recebendo dinheiro, a deputada Jacqueline Roriz foi absolvida pela Câmara dos Deputados. Foram 166 votos favoráveis a cassação, 265 contra e 20 abstenções. Você acredita que ainda é possível salvar alguma coisa no Congresso Nacional? Não precisa responder nada.