Segunda-feira, 8 de agosto de 2011 - 05h22
Frase do Dia:
“...nunca se sabe o que leva alguém ao suicídio.” - Jornalista Mary Zaidan sobre Nelson Jobim.
01 - De volta pra casa
Tava aqui matando a saudade da voz gostosa e da competente levada do violão de Cássia Eller e quando abri o G1 pintou um “dejá-vu”. Ontem à noite conversávamos – o Flávio Mendonça, em processo de reconexão Brasil, Marcela Sá-Ximenes, Sá-Banzeiros e eu, correndo por fora à base de café e água, juntando cacos das limitadas e sofríveis comunicações das redes sociais. Flávio contou da crise européia e do boom Brasil, em especial o de Rondônia, encantado com o Brasil que o gringo descobriu. No G1 a novidade: “Sob efeitos de crise, brasileiros em Portugal fazem caminho de volta. Pedidos de ajuda para voltar crescem, mas Itamaraty diz que não há 'êxodo'. Quem diria, a terra brasilis virou porto seguro para filhos, capitais e empreendedores.
02- Ecos do House Beer
O sempre antenado Flávio Mendonça viajou numa observação interessante. Rondônia, único estado planejado do Brasil, continua seguindo o modelo que começou com o Incra nos anos 70, mas revelando facetas próprias. Uma delas é reproduzir o processo de desenvolvimento do Brasil ocorrido durante nossos 500 anos de história em apenas 50 anos. Todos os ciclos da saga Brasil como a conquista da selva pelos bandeirantes, o extrativismo, as fazendas de café, cana e depois gado, tudo isso ocorreu aqui em Rondônia em escala reduzida, mas com impactos proporcionais. Agora é a vez da ligação para o Pacífico, o sonho louco do Miguel que deu certo.
03- Falando em Miguel
Andei ouvindo gente de diferentes classes sociais e o nome Miguel de Souza, o Paraíba que um dia sonhou com uma estrada ligando-nos ao Pacífico, continua sendo bastante palatável para disputar a Prefeitura da Capital Porto Velho. Enquanto muita gente se debruça na prancheta modelos para chegar à lua de skate, Miguel sonha sonhos viáveis. Sua passagem pela Fiero é uma prova e sua recente passagem pelo Dnit idem. Aliás quando passou pela Fiero Miguel montou uma usina de projetos e ao chegar ao Dnit, deu vida a quase todos eles. E aí Miguel, vai encarar? Tem gente de peso até noutros partidos, como o PSDB, esperando sua resposta.
04- O Joer e sua previsível rima
O governo merece o benefício da dúvida. Se os indícios de bandalheira eram tão visíveis, parar o Joe era o correto. Parar, investigar, punir e nominar os bois. Parar por parar ou por suspeita é “papo de Migué” e em se tratando de Joer, a rima não seria outra: um tiro no pé. O que houve mesmo – melhor seria dizer o que não houve como sempre – foi falta de planejamento ou planejamento faz de conta do tipo, alguém escreve num papel, carimba, manda pra frente e eis o processo, para ser licitado com a velha rima: superfaturado. Se não soubermos quem fez esse angu, no próximo Joer lá vem outra rima, outro tiro, e dessa vez será bem ali. No pé.
05- O Joer e a educação
Quando iremos dar o necessário tempo ou preferência à discussão sobre o que é essencial em educação? Quando a educação deixará de ser apenas um jogo entre políticos e sindicalistas? Quando o objeto da educação será o aluno e o resultado do seu aprendizado? Quando o PNE deixará de ser apenas a sopa de letrinhas bem ordenadas com as regras a serem seguidas? Quando a escola deixará de ser apenas um prédio? Será que um dia a qualidade da educação estará à frente da discussão sobre o fazer ou não fazer um Joer? Será que para o próximo Joer haverá um orçamento próprio sem que seja preciso mexer na verba do Fundeb por exemplo?
06- Samba petista do crioulo doido
Mistura de panfleto esquerdista de colégio secundário, receituário anti-liberal e palavras de ordem de bolivarianas passeatas, a nota do PT consegue o feito de revelar num só parágrafo duas inverdades como coisa certa, pronta e acabada: “A inflação está controlada e a economia continua a crescer e gerar empregos. Nossas políticas sociais continuam fortes e inovadoras, como é o caso do Plano Brasil sem Miséria.” Ora, ora, se é pra começar a brincadeira assim eu também quero descer para o playground e já entro na fila da ladainha: “O Diretório Nacional do PT manifesta, por fim, seu apoio às medidas que o Governo Dilma - dando continuidade ao que fazia o governo Lula - adota contra a corrupção.” A “tchurma” do PT anda de bom humor.
07- Guerra de togas
“O STF e o STJ, tribunais superiores, vêm firmando o entendimento de que as demais Cortes e juízes singulares são obrigados a julgar no mesmo sentido que eles. Esse entendimento tenta dar resposta a um justo clamor da comunidade jurídica (magistrados inclusive), no sentido de que haja maior uniformidade e previsibilidade nas decisões. No entanto, a fundamentação utilizada para embasar esse vasto alcance das decisões dos tribunais superiores, esse efeito vinculante, parece padecer de fragilidades jurídicas e políticas que merecem exame. ... O texto, após várias emendas, continua a afirmar que apenas algumas decisões do STF, e nenhuma do STJ, terão efeito vinculante.” O artigo é do juiz federal Hugo Otávio Vilela. Clique e Boa leitura.
08- Volta a ser tudo como dantes?
Sábado o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, pediu o boné após uma reportagem da revista "Veja". O secretário, auxiliar direto do ministro Wagner Rossi, tinha relações com um lobista que atuava dentro do ministério. Ortolan saiu jurando que não pecou e pediu investigações "em todos os níveis considerados necessários". O facão da presidente já estava na mão mas aí um fato novo numa nota só: “A presidente da República, DIlma Rousseff, reitera a sua confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que está tomando todas as providências necessárias." Não quero e nem posso crer que o surto de moralidade passou.
09- Papagaios de pirata
Sabe o governador Sérgio Cabral do Rio de Janeiro, aquele do vôo no jatinho do amigão Eike, que tem um portfólio de contratos com o estado da ordem de R$ 1 bilhão? Lembra aquele ex-candidato a ex-presidente desencarnado, o Luzinácio? Pois vejam só. As duas almas penadas precisam de velas. O Cabral, mal na foto, queria criar o código de ética que o pusesse na linha. Luzinácio não é o nome mais apropriado para falar de ética e herança. Mas podem falar de... bingo! Dilma Roussef! Pois veja preclaro leitor. O neo-aeronauta Sérgio Cabral está convidando os parlamentares aliados do governo para um papo com Luzinácio na terça, no Rio. Lula com sua bula, Cabral com cara de pau e os dois pedindo apoio para o governo e a presidente. Eita!
10- Três perguntas cretinas
O radialista Arimar de Sá e a Rádio em que trabalha receberam a ordem da justiça para que "se abstenham de divulgar quaisquer informações que contenham os nomes dos autores [da ação] relativas a matérias ainda não consideradas definitivas judicialmente". Isto é censura prévia. A justiça pode mandar cumprir o que é inconstitucional? Se o Jobim saiu porque falou a verdade é certo imaginar que o Celso Amorim entrou para contar mentiras? A imprensa denuncia, os denunciados renunciam, a presidente manda os ministros ao Congresso e a oposição propõe CPI sabendo não ter assinaturas suficientes. É só isso mesmo? Não precisa responder nada.