Sexta-feira, 19 de novembro de 2021 - 16h05
Os Trapalhões, os mais reais que
poderiam existir, estão entre nós. Pior, no governo, mandando e desmandando.
Nos deixando lelés. Duvido que você já tenha visto tanta confusão junta, ao
mesmo tempo, em todas as direções. Tantas mentiras, literais trapalhadas, falta
de rumos, interferências indevidas, prejuízos gerais.
Na geral dá aquela esquisita
sensação que tudo quanto é desgraça, notícia ruim, acontecimentos estranhos têm
a ver com essa situação geral. Gente, até tubarões aparecendo no litoral.
Pernambuco? Não! Em São Paulo. E machucando gente no rasinho. Chuva de poeira.
Florestas sendo destruídas. Populações dizimadas, fome, miséria, números bons
caindo; números ruins crescendo. Muita coisa está fora da ordem. Inclusive
nossas cabeças vivendo tudo isso.
"Os Trapalhões" estão
entre nós. Os Trapalhões metem o nariz onde não são chamados. Onde são
chamados, inclusive nas urgências, não aparecem nem para dar explicações – já
que não as têm, óbvio. Está alucinante a absurda forma com que esse governo
federal vem tratando todos os temas, e a loucura acaba se espalhando por todo o
território, nos levando a um tempo cada dia mais terrível, vergonhoso,
inacreditável. Violento.
Um fala, o outro nega; um decreta
como se fosse a Casa da Mãe Joana, sem consultar quem de direito que reclama e
fica no ar. Todos os dias revelações de malfeitos ou de desleixos, mas são
tantos e tão numerosos que nos dias seguintes acabam soterrados por outras de
fatos ainda mais absurdos, o que impede a resolução daqueles lá atrás. E assim
vamos indo, e num ensurdecedor silêncio e desorganização social. O
Trapalhão-mor vocifera bobagens por onde anda, seja no Oriente ou Ocidente.
Senão, vejamos, só essa semana:
vacinação e Enem.
Vacinação: porque que acaba
aparecendo uma boa pulga atrás de nossas orelhas? Alguém está ganhando com
isso? Sabe aquele governo negacionista que atrasou a compra de todas as vacinas
e que só depois de muita pressão mexeu a bundinha e agora quer, como diria o
Gil do Vigor, se regozijar em cima disso como se tivessem virado os mais
competentes do mundo? Pois bem, a vacina de uma dose só que parecia perfeita já
não é mais – tem de tomar mais uma e da outra. A outra também precisa de mais
uma. E a primeira, do Butantan, que foi a pioneira e que tanto ajudou, fica esquecida
porque o cara lá não gosta do cara daqui. Aquela que teria tecnologia fornecida
para ser produzida aqui, cantada e divulgada em verso e prosa pela Fiocruz,
necas de pitibiriba.
A Anvisa reclama que não vem
sendo consultada. Os prazos são mudados de acordo com o humor de alguém no
Ministério da Saúde. Uma hora, depois de seis meses, outra, depois de cinco
meses, para o reforço; segunda dose já foi de três meses, agora já nem sei
mais, qual de qual, quando. Os governos estaduais e municipais acabam correndo
atrás para atender, muitas vezes sem nem ter as doses das vacinas nos seus
postos. Casa da Mãe Joana é pouco.
Fora isso, cadê o plano de 2022?
Onde estão os contratos? Vamos ter um novo plano de vacinação ou será novamente
a loucura que já vivemos? Vai comprar de quem? Já tem contrato? Já estão
reservadas? Estão vendo, acaso, que o mundo inteiro está em pânico? Conseguem
acompanhar o perigo do relaxamento geral? Vamos fazer um samba para o Carnaval?
Olê, olê, olê, olá! Dingobel, olha o Natal. Isso vai longe ainda.
Enem: 37 servidores pedem
demissão e afirmam que as provas estão sendo manipuladas. Repito, 37, trinta e
sete. O tal ministro pastor de risinho sarcástico que comanda a pasta da
Educação, servil, apoia o que o ser vil falou de agora o exame estar com a cara
do Governo. Deus nos livre! O nome disso é claro: Censura. Interferência.
Desmonte de tudo o que funcionava de alguma forma. Até no Censo estão querendo
meter o bedelho nos questionários.
Bate-cabeça. Com tudo isso, quem
consegue deitar o cabelo em paz? Me digam. Quem?
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do
Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para
homens também, pela Editora Contexto. Nas livrarias e online, pela Editora e
pela Amazon.
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n