Sob holofotes em situações esdrúxulas, o agora conhecido como deputado da tatuagem, Wladimir Costa (SD-PA) foi o autor de atitude agressiva e machista contra jornalista brasiliense. Seu ato tem sido objeto de repúdio por entidades e colegas jornalistas. Na noite da última terça-feira (1°), o parlamentar esteve em um jantar com outros políticos, entre cerca de 100 deputados da base aliada, e afirmou ter mostrado a tatuagem feita no ombro em homenagem ao presidente Michel Temer. Em conversa com jornalistas na saída do jantar, o deputado foi abordado sobre o assunto e foi então que deu uma resposta misógina dirigida à repórter da CBN Basília Rodrigues.
Em texto publicado em seu perfil no Facebook e intitulado “Um ensaio sobre a idiotice“, ela relatou a conversa com Wladimir. Como houve questionamentos e especulações sobre a tatuagem e se ela seria definitiva ou de henna, Basília afirma ter questionado a veracidade da tatuagem e se o deputado poderia mostrar a imagem. Em resposta, Wladimir disse: “Pra você, só se for o corpo inteiro”.
Basília também conta que o deputado, ao ser indagado novamente, fez outras colocações e até mesmo gestos, ambos muito desrespeitosos. Ela chegou a pedir: “se o senhor puder ter um pouquinho mais de respeito por eu ser uma repórter e mulher”. Para além disso, os atos foram presenciados pelos jornalistas e deputados que estavam no local. “Mais importante naquele momento que a ação do deputado, dirigida a mim porque eu sou mulher, foi a reação de seus pares. O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) e Fábio Ramalho (PMDB-MG), o anfitrião da noite, chegaram até mim e pediram desculpas”, ressalta a jornalista, que lembra que comentários do tipo são recorrentes nos corredores do Congresso.
Nessa quinta-feira (3), entidades de jornalistas divulgaram nota de repúdio à atitude do parlamentar. No texto, definem a conduta do deputado como “antiética, misógina, machista e racista”. A nota defende a necessidade de que situações como esta sejam expostas e veementemente combatidas. “As mulheres jornalistas, em especial as negras, já estão submetidas a uma série de desigualdade e violências, dentro e fora das redações, que demandam de toda a sociedade atenção redobrada, ainda mais quando se trata de uma cobertura política de interesse público”, diz o texto, que é assinado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF, pelo Coletivo das Mulheres Jornalistas e pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do DF (Cojira-DF).
Basília tem 10 anos de cobertura jornalística. Durante esse período, passou pelo site Jota, pela TV Brasília e pela Revista Evoke, além de trabalhos com instituições sociais, como Unicef, Berço da Cidadania. No post original, Basília também recebeu cerca de 120 comentários em solidariedade e rechaçando a postura do parlamentar. Colegas de profissão também consideram apresentar uma moção de repúdio ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Bizarrices
O deputado foi dos maiores apoiadores do presidente na votação que suspendeu a denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer. Durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, ele proferiu voto com a bandeira do Pará nas costas e estourou um tubo de confetes coloridos.
Ele também protagonizou momentos de bizarrice durante a votação da denúncia contra Temer. Ele deu início a um momento de confusão e gritaria ao levantar dois pixulecos, bonecos infláveis do ex-presidente Lula que ficaram famosos nas manifestações pró-impeachment, e bater um no outro, provocando barulho e pronta reação dos colegas oposicionistas. Quando um deles se soltou das mãos do deputado, parlamentares da oposição o jogaram para trás. Os bonecos foram estourados e guardados nas bancadas da esquerda.
Mais tarde, o fotógrafo Lula Marques o flagrou pedindo imagens de nudez a uma mulher por meio do WhatsApp. “Mostra a tua bunda afinal não são suas profissões que a destacam como mulher é sua bunda. Vai lá põe aí garota”, enviou. Segundo o parlamentar, a mensagem era uma resposta a um “pedido insistente” da moça com quem conversava para ver sua tatuagem no plenário. “Mostra a sua bunda”, pedia Costa por meio do WhatsApp durante a votação.