Domingo, 17 de outubro de 2021 - 09h06
Toda
feliz, estava contando os dias, essa semana tomei a terceira dose de
vacina, o reforço. E se aparecer mais, se precisar tomar mais uma dose,
podem me aguardar no local, dia e hora indicados. Não entendo, e não
entenderei nunca, quem ousa não se vacinar e ainda sair por aí batendo
no peito pela bravata, espalhando infelicidade e morte.
É maldade. Ignorância? Burrice? Ou só, pensa nessa opção,
medo de agulha com uso de álibi de pinceladas políticas? Pode ser,
porque só explicações dessas podem fazer uma pessoa por em risco sua
própria vida e a de quem o cerca, dentro ou fora de casa. Ousar fazer
campanha contra a maior tábua de salvação que o mundo todo tem para
sair dessa pandemia e que já provou ser eficiente; vacina, forma
fundamental, inclusive vitoriosa, para erradicar doenças que já fizeram
(e voltam a fazer agora com esses movimentos antivacinas) muita gente
morrer, chorar e passar agruras; algumas, a vida inteira, como no caso
das vítimas da poliomielite, e que à época alguns pais não acreditaram
na importância. É sarampo, meningite, uma série de males evitáveis que,
se começarem com força de novo a se espalhar, serão mais outros tempos
bem terríveis nesse Brasilzão de Deus. Tanto descuido com a saúde,
incluindo o descaso das autoridades, fez com que até a raiva, que já
estava dada como erradicada, ressurgisse. |
Por falar nisso, em chorar, não fui eu, juro, quem disse,
fui até ouvir na rede oficial para acreditar se era verdade. Foi o
próprio presidente na live onde, aliás, também tossia bastante. Foi ele quem comentou, digamos do nada,
que - tadinho - chora muito trancado no banheiro, nem a esposa vê, e
que ela acha que é o machão. No mesmo dia disse mais, que se pegar Covid
tomará hidroxicloroquina e a ivermectina, um remédio de vermes, ops,
feito para combater vermes, ambos comprovadamente ineficazes e
perigosos se administrados em alguns casos. Mais: juntou alhos e
bugalhos nas informações sobre os esperados remédios que os grandes
laboratórios estão desenvolvendo. Justificou a tosse forte como uma
gripe e não, ele não estava de máscara, nem mesmo assim. Rezemos pelo
tradutor de libras que estava ao seu lado. |
Dias antes havia dito que não vai mesmo se vacinar. – Que surpresa! |
Aí eu pergunto – eu, espero que você também, e o mundo todo,
e quem tem informações, que vê a realidade, todos os preocupados com os
descaminhos do Brasil nesses tempos pergunte – como pode estar ainda no
cargo alguém capaz dessas e outras maldades, bobagens, atos, mentiras,
tudo, as provocações que destila diariamente? Todos os crimes que comete
e, mais uma vez, não, não estou me referindo à tal
lista de onze crimes que estarão arrolados no relatório final da CPI,
que nem precisa disso. Vários desses crimes, acintes, erros, comando de
uma equipe incompetente em praticamente todas as áreas, vêm sendo
praticados há mais de dois anos bem nas nossas fuças. Aplaudidos por uma
turbinha animada, criada e regada, à base de ódio, no jardim dos
desatinos. |
A resposta não é simples: creio que é de novo o combinado de
interesses, de compras e vendas de poder, emendas, barganhas,
beneficiados. O combustível usado por todos os governantes desse país
claudicante, um após o outro. |
Mais uma dose? É claro que estou a fim. Vacina, sim. Ele não. E não, também. |
Por favor, aconteça o que acontecer de agora em diante,
apenas não esqueça o que já presenciamos. Nas próximas eleições uma das
coisas que mais precisaremos fazer será de um tudo para negar
veementemente em atos o que costumam dizer da gente, que brasileiro não tem memória.
Precisaremos provar que temos sim, inclusive, ressalte-se, muita
memória, e fresca, retroativa há muitos anos, em todas as direções, a
tudo-tudo o que aconteceu e que foi o que acabou nos trazendo a esse
calvário onde nos meteram. |
... A noite nunca tem fim/ Por que será que a gente é assim? ... |
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. Nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon. |
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br |
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Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n