Sábado, 21 de janeiro de 2023 - 07h15
Passamos mais de quatro insuportáveis anos
ouvindo todos os dias o tal nome falar alguma bobagem, fazer uma grosseria,
atacar a inteligência, a Ciência, minorias, o que viu pela frente. Ouvindo o
nome ser dito, denunciado, e nada ser feito. Chega. Não façam mais propaganda
dessa marca. Estamos fazendo o jogo dele, que é manter o nome no ar, que se
torna irrespirável a cada lembrança do tempo que destruiu, dividiu, atrasou,
perturbou e arrasou a nação.
Ele vai tentar aprontar muito ainda. Não tem limites. Nunca
teve, lembrem. O jogo é claro, e tudo o que está acontecendo parece exatamente
na medida do que o tal nome pretende: continuar no Brasil sem estar no Brasil
de corpo presente. Sendo citado, mesmo que atrelado ao pior, que é mesmo o que
pensa e como age e manipula. Ele não tem escrúpulos, e isso é visível até mesmo
entre os seus eleitores, ou apoiadores, digo, citando apenas aqueles que ainda
merecem de nós algum respeito. Pessoas que existem e precisam ser respeitadas
pela opinião; não são aqueles vândalos golpistas uniformizados de verde e
amarelo que tentaram destruir a democracia a porrada, porretes, babas, nem
foram acampar em quartéis. Apenas votaram e perderam a eleição, apostando no
tal nome, em quem de alguma forma acreditavam, ou apenas não queriam o
principal adversário. Devemos contar com eles para preservar a democracia. Nem
sempre ela estará atrelada apenas a dois lados, como tão tristemente vem
acontecendo há algum tempo. Haveremos de conquistar novamente a diversidade
também nesse ponto.
Em comunicação isso é muito claro, repetição é marcante –
alguém por favor alerte o atual presidente dia e noite sobre isso. O tal nome
não quer sair do ar, e está provocando e conseguindo isso de uma forma
inequívoca nesses primeiros dias de autoexílio, mais conhecido como fuga, nos
Estados Unidos, onde até já montou um cercadinho no berço de uma terra onde a
extrema direita tem a sua cara, seu jeitão. De lá, o tal nome comanda as suas
turbas, se fazendo de inocente, comendo com as mãos alguma coisa gordurosa nas
lanchonetes das esquinas. Cria as notícias. É claro que o tal nome está por
detrás dos malfeitos e precisará ser punido, mas talvez a cilada seja citá-lo
também em cada coisa que se tenta arrumar, melhorar, reorganizar. Frases nas
quais nem precisa citar o tal nome – todo mundo já sabe de cor e salteado quem
foi o anterior, o malfeitor.
Uma pesquisa rápida aqui – 45 segundos – feita no Google,
apenas juntando o nome dele e o de Lula, trouxe 720 milhões de citações. Muita
coisa para quem precisa não só ser esquecido, mas quando lembrado que o seja
nas páginas mais tristes da história política nacional. E que está conseguindo
um fantástico marketing ao ser citado em todos os discursos. O que acirra
ânimos da sua turba, mobilizada principalmente nas redes sociais e no anonimato
de perfis barulhentos que manipulam os algoritmos. Mesmo que lembrado
negativamente, isso vira exatamente música para os ouvidos deles tocando a
mesma cantilena que os mantém nesses tempos tenebrosos de veneração e defesa.
Ele sabe disso. A ponto de – planejadamente - não deixar
nem que o respiro que o país deu aliviado assistindo à posse, troca de
comandos, alegria no ar, não passasse de uma semana, tudo substituído por um
sem fim de problemas e espaços ocupados, ao fim e ao cabo pelo seu nome, ao
invés de por avanços ou notícias diferentes. No noticiário, os espaços não se
alargam – e o nome dele continua lá, todos os santos dias, e em todas as seções
– ele se espalha ocupando todas as áreas.
Não digam, não chamem mais o seu nome, não o repitam a cada
passo. Ou melhor, chamem-no somente pelo nome que lhe convém chamar - forma,
adjetivo, xingamento ou piada - e jeito especial certamente achado por cada um
de nós que acompanhou o seu desgoverno, ficou doente, perdeu alguém amado por
conta de seus atrasos e ignorância, e ainda viu muita gente ser perigosamente
armada, esperou todos esses anos para vê-lo indo embora e para isso até votou
no outro lado mesmo que de forma crítica.
A variedade é enorme. Todos saberão exatamente de quem
estaremos falando.___________________________
MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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