Sábado, 1 de julho de 2023 - 08h05
Previsões que não importa o signo, raça, gênero,
idade, altura, poder econômico, e nem ideologia, essa coisa que ninguém sabe
bem de onde vem, para onde vai, e se tem alguma lógica ou valia nesses novos
tempos. Na chegada do segundo semestre, sem champagne, espumantes, brilhos,
roupa branca, sete pulinhos, flores ofertadas, viramos a curva do ano, lá vamos
nós enfrentando como sempre os dias e seus desafios.
Mais um ciclo. Um pouco mais leves, enfim, chegamos na
segunda metade do ano, tudo parece rápido. De uma sarna a gente para de se
coçar ao menos até 2030, e embora mesmo inelegível após decisão do TSE o
ex-presidente vá inventar clones, mais ervas daninhas.
A temperatura não será nem quente nem fria, vai chover e
fazer Sol, tudo dentro, abaixo ou acima da média. Chato: vamos continuar
ouvindo falar o tal nome odioso de antes, porque ainda tem é processos rolando,
alguns que podem fechá-lo a chaves, embora sinceramente pouco acredite que
chegue mesmo nisso.
Muito chato: ficaremos pasmos com o que de vez em quando
(mas com perturbadora frequência) dispara, boquirroto, aquele que o substituiu,
certo de que como sempre um dia depois do outro, um depois do outro, o povo
esquece até o que comeu, se é que o fez. Democracia relativa, ditadura que não
é ditadura. Centrão que não é centro, esquerda, direita, volver. Reconstrução
que ainda não se vê.
Sorria. Você está sendo filmado, fotografado, revelado. Por
você mesmo, inclusive, e por aí, nas ruas. Como um dia disse e agora diria
Caetano, quem vê tantas imagens? ninguém lê tantas notícias. Elas passam e imediatamente
são substituídas, esquecidas, atropeladas por outras e cada vez mais o espaço
mais largo e disputado é o da vida dos outros. E outros que já não se escondem,
andam com paparazzis particulares a tiracolo, informam que dormiram, com quem,
se foi de conchinha, que escovaram os dentes, cortaram a unha do pé, que
beijaram, casaram, descasaram, traíram, com dancinhas, patrocínios e
recebidinhos. Previsão: continuará; dá cliques e, igual ao tempo, clique é
dinheiro. Os mortos, se deixaram heranças e suas disputas familiares e sexuais,
terão suas existências descortinadas sem trégua. Reclamar já não mais podem.
Calma! Providências estão sendo tomadas, as investigações
estão em curso. Colaboramos com as autoridades, as repetições. Golpes atrás de
golpes cada vez mais engenhosos cercam ameaçando todos, não se distraiam.
Nunca. Nossos dados estão por aí nas nuvens carregadas de criminosos.
A violência será contida. Diremos isso ao homem morto,
espancado e roubado, à criança estuprada ou atingida por balas perdidas, junto
aos caixões das mulheres diariamente assassinadas quando decidiram viver suas
vidas. Aos idosos abandonados.
Uma gracinha. A luta pela diversidade avança. Mas as
cerimônias ridículas de revelação continuarão trazendo todos os tons de azuis e
rosas, meninos e meninas, como se isso fosse determinar e garantir o caminho do
futuro de bebês ainda descansando sem saber de nada nas barrigas
personalizadas.
O Censo fechou seu balanço, mesmo tendo tantas portas
batidas em sua cara, com revelações sobre os movimentos da população, saindo
das grandes cidades, voltando para suas terras, morando sozinhos, tendo menos
filhos, ocupando espaços menores. Mais pobres, ricos mais ricos; desempregados,
empreendem – alguns se dão bem. As ruas lotadas de quem perdeu tudo. A
ignorância que fechou a porta na cara do Censo é a mesma que não se vacina,
fazendo retornar doenças, pondo todos em risco. A ignorância grassa, junto com
as mentiras que se acomodaram durante os últimos anos em espaços que nem
poderiam ser previstos, vinda de gente inacreditável. Considerados alguns dias
que seriam ruins, podem infelizmente e superlativamente serem piores. Sigamos
para os próximos 10 anos.
Os guetos - os mais variados - avançam, muitos já não vemos
porque se desenvolvem cavernosos em redes digitais, em grupos de conversas onde
sempre tem um mais espertinho e “sábio” do que outros, que sabe tudo, andou
pelo mundo, veja só como são mais legais os seus filhos, netos, cachorros,
casas, jardins, amigos, a comida e a bebida que os alimenta. Falam com tanta
propriedade que juntam gente à sua volta, como o ilusionista que faz mágica nas
praças da cidade. Passam cartolas, não chapéus.
Em compensação, não desistiremos nunca, tão acostumados às
repetições de padrões que tornam fáceis até as previsões dos dias. Passo a
passo, seguimos. E ainda conseguiremos rir e fazer piada. Isso é vida. Somos
normais, enfim.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação,
editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres.
E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon).
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